Por Gabriela Avila
Iniciaram-se nesta segunda feira, 13 de agosto de 2007 os jogos parapan americanos. Como nos jogos panAmericanos, a competição é desenvolvida para toda a América. Porém, esta competição visa algo diferente: a inclusão das pessoas portadoras de deficiências físicas e mentais nos esportes de maneira geral. A competição vai até dia 19 de agosto tem como esportes:
> Atletismo:
O atletismo é um dos esportes que congrega o maior número de participantes ao redor do mundo. Buscando correr mais rápido, saltar mais alto, arremessar mais distante, superar seus próprios limites, esses atletas competem em provas de pista (velocidade, meio fundo, fundo e revezamento), de salto (em distância, em altura e triplo), de arremesso / lançamento (de peso, de disco e de dardo), de rua (maratonas) e combinadas (pentatlo). Alguns competem em cadeiras de rodas, outros com próteses, enquanto atletas com deficiência visual total ou parcial participam das provas com um guia vidente. No atletismo, esportistas de todas as categorias de deficiência representadas no IPC (Comitê Paraolímpico Internacional) competirão nas seguintes divisões: As classes 11, 12 e 13, que abrangem os diferentes níveis de deficiência visual. A classe 20, que abrange os atletas com deficiência intelectual. As classes 32-38, que abrangem os atletas com diferentes níveis de paralisia cerebral – tanto cadeirantes (32-34), quanto não-cadeirantes (35-38). As classes 40-46, que abrangem atletas não-cadeirantes com diferentes níveis de amputação ou outras deficiências, incluindo "les autres" (por exemplo, nanismo). As classes 51-58, que abrangem atletas cadeirantes com diferentes níveis de lesão medular e amputações. “F” representa classes de Field, e “T” representa classes de Pista.
Locais de prova: Estádio Olímpico João Havelange.
>Basquetebol em cadeira de rodas
O basquetebol em cadeira de rodas surgiu após a II Guerra Mundial, como parte do processo de reabilitação dos veteranos de guerra. É hoje um dos esportes mais populares em Jogos Paraolímpicos. A quadra de basquetebol não sofre qualquer tipo de adaptação para receber os atletas em cadeira de rodas. A tabela permanece na altura normal e a quadra tem as mesmas dimensões.
Há adaptações na regra, como a falta técnica e o limite de impulsos nas cadeiras sem quicar a bola. Se o jogador se apoiar na cadeira para tirar alguma vantagem, a equipe é punida com um lance livre e perde a posse de bola. Se der mais de dois impulsos sem quicar a bola, a posse vai para a equipe oponente.
Cada equipe tem cinco jogadores, que recebem, de acordo com seu comprometimento funcional, pontos de 1 a 4,5 (sendo os de mais alta pontuação os menos comprometidos). O total de pontos de uma equipe em quadra não pode ultrapassar 14. Idealizado pelo neurocirurgião Ludwig Guttman em 1944, o basquetebol em cadeira de rodas servia como opção esportiva para os soldados ingleses feridos na II Guerra Mundial. O esporte participou da primeira competição internacional para atletas com deficiência, no Centro Nacional de Lesionados Medulares de Stoke Mandeville, na Inglaterra, em 1952, estreou nas Paraolímpiadas em Roma 1960 e consta do programa dos Jogos Parapan-americanos desde a primeira edição, na Cidade do México 1999. Local: Arena Multiuso do Rio Masculino: Dois grupos de quatro equipes. No grupo A estão Brasil, Canadá, México e Venezuela. No B estão Argentina, Colômbia, Porto Rico e Estados Unidos. Feminino: Seis equipes se enfrentam no sistema todos contra todos, com os quatro primeiros se classificando para as semifinais. Participantes: Brasil, Estados Unidos, El Salvador, Canadá, Argentina e México.
> Futebol de 5
Cinco atletas de um lado e cinco do outro. O gol como objetivo de ambos. Os jogadores têm deficiência visual. Mas isso não diminui a emoção da partida.
A bola tem guizo para que os jogadores possam localizá-la. Na modalidade, apenas o goleiro, por motivos de segurança, não tem deficiência visual. Como os atletas têm diferentes graus de deficiência visual, devem jogar com uma venda nos olhos e o toque na venda do adversário é considerado falta. Após cinco infrações, o jogador é expulso, mas pode ser substituído. As partidas são disputadas em dois tempos de 25 minutos com um intervalo de dez.
O tamanho do campo é de 40m x 20m e a bola é a mesma do futsal. Junto às linhas laterais são colocadas placas de compensado que impedem que a bola saia, o que só pode ocorrer na linha de fundo. É cobrado pênalti se o goleiro sair do seu espaço ou tocar na bola fora dele. O espaço é delimitado por um traçado retangular dentro da grande área. Atrás do gol há um guia, o "chamador", que instrui como os jogadores devem se posicionar e para onde devem chutar. Além dessa ajuda, a bola tem guizos internos para que os atletas a localizem. Se em outros esportes o barulho da torcida pode ser incentivo para os jogadores, no futebol de 5 o silêncio do público é fundamental e recomendado pela organização, já que os atletas precisam escutar o barulho emitido pela bola. A torcida só pode se manifestar nas comemorações de gol.
Local: Centro de Hóquei sobre Grama, no Complexo Esportivo de Deodoro
>Futebol de 7
São sete jogadores em campo de cada time, todos com paralisia cerebral, uma deficiência motora e não mental, como o nome pode sugerir. Os atletas do futebol de 7 são classificados em categorias de 5 a 8, dependendo do grau de dificuldade motora. Durante a partida, o time deve ter em campo, no máximo, dois atletas de classe 8 (menor comprometimento motor) e, no mínimo, um da classe 5 ou 6, aqueles com maior dificuldade de correr. Geralmente são esses atletas que ficam com a posição de goleiro.A dimensão do campo é de 75m x 55m. O jogo tem duração de 60 minutos (dois tempos de 30) e segue as regras da FIFA com pequenas modificações. Não existe impedimento e o arremesso lateral pode ser feito com as duas mãos ou com uma só, rolando a bola no chão como se faz no boliche.
Locais de prova: Complexo Esportivo de Deodoro
> Halterofilismo
O levantamento de peso estreou em Jogos Paraolímpicos em 1964. Inicialmente exclusivo para homens, o esporte passou a ser praticado também por mulheres a partir das Paraolimpíadas de Sidney 2000. Os atletas são divididos por categoria de peso (dez no total) e participam competidores com paralisia cerebral, lesão medular, amputação de membros inferiores e "les autres" - aqueles com alguma deficiência de mobilidade que não se enquadra nas categorias anteriores - que tenham o grau deficiência mínimo exigido. O objetivo é levantar o maior peso possível. Na posição deitada, o atleta deve trazer a barra à altura do peito, mantê-la estável e então levantá-la até que os braços se estendam por completo. Cada competidor tem direito a três tentativas.
Local: Complexo do Riocentro – Pavilhão 3A
>Judô
A primeira aparição do judô em Jogos Paraolímpicos ocorreu em 1988, durante os Jogos de Seul. Em Atenas 2004, as mulheres fizeram a sua estréia. O judô é praticado por atletas cegos e com deficiência visual que, divididos em categorias por peso, lutam segundo as mesmas regras da Federação Internacional de Judô. Poucos aspectos diferem do judô convencional. São eles: os atletas iniciam a luta com a pegada feita, a luta é interrompida quando os oponentes perdem o contato e não há punições para quem sai da área de combate. Judocas das três categorias oftalmológicas, B1 (cego), B2 (percepção de vulto) e B3 (definição de imagem) lutam entre si. O atleta B1 é identificado com um círculo vermelho em cada ombro do quimono. Local: Complexo do Riocentro – Pavilhão 4A
> Natação
Atletas com deficiência físico-motora e visual competem nos quatro estilos - livre, peito, costas e borboleta – além das provas de estilos individual e revezamento. Aos atletas não é permitido o uso de próteses, órteses ou qualquer outro aparato. Os nadadores com defiência visual total recebem um aviso, por meio de um bastão com uma ponta de espuma, quando estão se aproximando das bordas (nas viradas e nas chegadas). Os atletas competem com adversários de mesma habilidade funcional para nadar. Para tanto são classificados nas seguintes classes: 1. "S" representa Natação S1 a S10 - Atletas com deficiência física (quanto maior o número, mais branda é a deficiência do atleta)S11 a S13 - Atletas com deficiência visual/cegueira (idem)S14 - Atletas com deficiência intelectual Cada atleta recebe uma classe para os estilos livre, costas e borboleta; outra para o estilo peito; e uma terceira para o estilo individual. O prefixo "S" indica que a classe é para os três primeiros estilos, "SB" indica estilo peito (“B” de breast – peito, em inglês) e "SM" indica estilo individual ("M" de medley). Nos seis dias de disputas, vai cair na piscina 18 dos 25 países participantes dos Jogos. O Brasil, com 60 nadadores, tem a maior delegação. México (38 atletas), Venezuela (31), Canadá (22), Argentina (16), Colômbia (15), Estados Unidos (15), Cuba (seis), Peru (seis), Chile (três), Equador (três), Costa Rica (dois), Panamá (dois), Suriname (dois), Barbados (um), Guatemala (um), Honduras (um) e Uruguai (um) completam a lista. As provas vão de 50m a 400m no estilo livre e 50m e 100m nos estilos peito, costas e borboleta. O medley é disputado em provas de 150m e 200m - sem falar nos revezamentos 4x50m e 4x100m livre e 4x50m e 4x100m medley. Antes de participar de qualquer competição, o atleta passa pela classificação funcional, fator de nivelamento da capacidade física e técnica que distribui os atletas nas diferentes classes.Local: Parque Aquático Maria Lenk
> Tênis de mesa
As competições de tênis de mesa dos Jogos Parapan-americanos Rio 2007 começam nesta segunda-feira, dia 13, e terminam no dia 18, no Pavilhão 4B do Complexo Esportivo Riocentro. Ao todo os torneios vão distribuir 24 medalhas de ouro. Os atletas são divididos em dez classes de acordo com o comprometimento funcional. Nas classes de 1 a 5 estão os atletas cadeirantes e nas classes 6 a 10, os andantes. Haverá disputas open individuais femininas e masculinas para cadeirantes, reunindo todos os atletas das classes de 1 a 5, e para andantes, com os competidores das classes de 6 a 10. Haverá, ainda, disputas individuais e por equipes nas quais os atletas estarão divididos por classes. Os medalhistas de ouro das disputas individuais masculinas e femininas garantem vaga nos Jogos Paraolímpicos de Pequim 2008. As partidas são disputadas em melhor de cinco sets de 11 pontos cada. Em caso de empate em 10 a 10, vence quem abrir primeiro uma vantagem de dois pontos. A raquete pode ser amarrada à mão do atleta. O saque só é válido se atingir a linha de fundo. Não é permitido sacar na lateral. Esta é uma das principais diferenças em relação à regra do tênis de mesa olímpico. Nas disputas de tênis de mesa dos Jogos Parapan-americanos, não há duplo bronze, como ocorre nos Jogos Pan-americanos e Olímpicos. Dessa forma, serão distribuídas 72 medalhas no total.
O tênis de mesa esteve presente em Jogos Paraolímpicos desde a sua primeira edição em 1960 e é praticado hoje em mais de 100 países.
Locais de prova: Complexo Riocentro
> Tênis em cadeira de rodas
Mesma quadra, mesma bola, mesmas regras (exceção da permissão para que a bola quique duas vezes), atletas especiais. O tênis em cadeira de rodas é praticado por pessoas que têm perda de função substancial ou total em uma ou ambas as pernas; ou ainda na categoria QUAD, quando têm no mínimo três membros afetados. Os atletas disputam jogos de simples e duplas.
Locais de prova: Clube Marapendi
> Voleibol sentado
O voleibol sentado é jogado por atletas amputados ou que têm alguma dificuldade de locomoção, como pessoas que apresentam seqüelas de poliomielite. Seis jogadores por equipe jogam sentados e devem manter contato com o solo durante qualquer ação. Apenas durante os deslocamentos é permitido que o jogador se afaste parcialmente do chão.
A modalidade é disputada em uma quadra de 10m x 6m com uma rede na altura de 1,15m para o masculino e 1,05m para o feminino. O sistema de disputa é basicamente o mesmo do voleibol convencional. Cada equipe tem seis atletas em quadra e o jogo é melhor de cinco sets. Os quatro primeiros vão a 25 pontos (a menos que haja empate em 24, quando a disputa é prorrogada até que um time abra vantagem de dois pontos) e o último vai a 15 (valendo a mesma regra em caso de empate em 14 pontos). Para conseguir um ponto, uma equipe tem que fazer com que a bola caia no campo adversário, dispondo de um máximo de três toques, além do contato do bloqueio. Um jogador não pode dar dois toques consecutivos na bola, exceção feita apenas para a ação do bloqueio. Diferentemente de seu correspondente olímpico, o saque pode ser bloqueado.
O esporte é regulamentado internacionalmente pela Organização Mundial de Vôlei para Deficientes (WOVD), e, no Brasil, pela Associação Brasileira de Vôlei Paraolímpico (ABVP).Local: Complexo do Riocentro – Pavilhão 3B
Resultados do parapan
Até esta manhã de quarta-feira, dia 15 de agosto, o Brasil é o primeiro no quadro de medalhas com 66 medalhas no total, 23 de ouro, 19 de prata e 24 de bronze. Em seguida vem Canadá, com 16 de ouro, 9 de prata, e 8 de bronze, e México, com 11 de ouro, 12 de prata e 11 de bronze. Em seguida vem EUA, cuba, Argentina, Venezuela, Jamaica e Colômbia como os nove primeiros do quadro.
O esporte sem barreiras
Mais do que medalhas recordes mundiais ou de competição e reconhecimento mundial ou no seu próprio país apenas, estes campeões da vida querem apenas mostrar ao mundo que com força de vontade e muita coragem qualquer pessoa consegue o que deseja e nada, nem barreiras físicas ou mentais impostas pela própria vida podem nos parar. Mostrando ao mundo seu talento em vencer na vida e seu desejo por dias melhores, eles dão uma aula de como se viver a vida da maneira mais difícil. Por isso, antes de todas as medalhas que estão vindo e ainda virão eu particularmente dou meus parabéns pela lição que eles nos ensinam, pela garra que mostram e pela coragem que tem, por tudo que lutaram pra conquistar. E o obrigado por nos ensinar que a vontade supera tudo e que neste mundo, se tivermos força, barreiras são apenas obstáculos a serem passados, nada mais.