Por Gabriel Seixas
Até que ponto o embalo dos torcedores na arquibancada pode contagiar ou favorecer uma determinada equipe dentro de campo? De fato, é uma sensação indescritível, ainda mais quando uma equipe não atua em um de seus palcos preferidos há sete anos. O reencontro entre seleção brasileira e Maracanã não poderia ter sido melhor: O Brasil goleou o Equador por 5 a 0, num placar construído no segundo tempo. Após um ensaio de vaias dos torcedores, irritados com a atuação da equipe quando o placar ainda estava em 1 a 0, os jogadores canarinhos trataram de “acordarem” em campo e fizeram quatro gols, contando com show do trio Kaká – Ronaldinho – Robinho.
Dunga decidiu manter a equipe que conquistou um empate insosso contra a Colômbia, em 0 a 0. Dessa vez, a idéia era explorar um pouco mais o atacante Vágner Love, que fez uma péssima partida contra os colombianos, e estava engasgado na garganta dos torcedores. Os alas também despontaram como uma boa alternativa para chegar ao gol equatoriano, principalmente pelo lado direito, com Maicon.
Do outro lado, Luis Suárez apostava num ferrolho montado no meio-campo para neutralizar as ações ofensivas da seleção. Urrutia e Segundo Castillo pareciam se entender bem na cabeça-de-área, que também contava com o auxílio de David Quiroz. Sem o destaque Luis Valencia, que atua no Wigan, Walter Ayoví foi o encarregado de auxiliar Edison Méndez na armação de jogadas – que por sinal, foram pouquíssimas até o término do jogo. Benítez foi o único centroavante da equipe, desbancando até mesmo o badalado Carlos Tenório.
O Brasil voltava a repetir os mesmos erros da partida contra a Colômbia. Vários passes errados, buracos deixados pelos lados do campo, e a inoperância dos craques Kaká e Ronaldinho. O Equador, por sua vez, pouco chegava a meta defendida por Júlio César. Nesse vai-e-vem, Robinho teve a primeira oportunidade clara de gol, quando chutou forte rente a trave de Viteri. O goleiro voltou a levar um susto, quando se chocou com Espinoza e acabou deixando a bola livre para Vágner Love, que acertou a trave. E, quando a torcida brasileira já ensaiava uma vaia a equipe, eis que o gol é marcado. E que gol! Robinho lançou Maicon, que arrancou pela ponta direita, deu um “drible da vaca” em Espinoza e cruzou para o desajeitado Vágner Love desencantar, fazendo 1 a 0 Brasil.
Porém, o que chamou a atenção na partida foi a conduta do uruguaio Jorge Larrionda: Kaká foi segurado na área por Hurtado, teve sua camisa puxada pelo equatoriano, mas o juiz nada marcou. Alguns minutos depois, Gilberto tocou com a mão na bola no seu campo de defesa, e o árbitro, novamente, mandou seguir. E o primeiro tempo terminou assim, com reclamação de ambas as partes.
Na volta para o intervalo, Luis Suárez foi ousado: Colocou o atacante Carlos Tenório na vaga do inócuo David Quiroz. O Equador melhorou na partida, e Espinoza cobrou uma falta perigosíssima, que passou rente ao gol de Júlio César. Insatisfeita com a exibição da seleção “canarinho”, a torcida ensaiou nova vaia a seleção. O estopim foi o novo gol perdido por Vágner Love, que fez os torcedores ensaiarem o coro de “Obina, Obina, Obina!”. A seleção logo respondeu, e com estilo: Kaká arriscou o chute de fora da área, mas a bola saiu fraca, sem direção. Porém, Ronaldinho desviou a bola com o pé de direito, e a trajetória da bola enganou Viteri: 2 a 0. Quatro minutos depois, Kaká recebeu na entrada da área e mandou no ângulo do goleiro equatoriano, marcando um golaço.
Com a vitória praticamente decretada, o coro dos torcedores no estádio virou festa, assim como a partida. O lance mais bonito do jogo ocorreu no quarto gol: Ronaldinho virou o jogo da ponta direita para a ponta esquerda. Após um leve desvio de Juan, a bola chegou até Robinho. O ex-santista dominou a bola, pedalou pra cima de De La Cruz e arrancou com a bola dominada. Ainda pelo flanco esquerdo, ele entortou o lateral equatoriano com um belo drible de letra, e uma puxeta desconcertante. O drible apelidado de “vai pra lá que eu vou pra cá” (batizado pelo próprio Robinho) encontrou os pés de Elano, que girou o corpo e bateu forte de pé esquerdo, fazendo 4 a 0. Ainda deu tempo para que Kaká, novamente de fora da área, arriscasse um chute despretensioso. A bola, que veio de mansinho para Viteri, acabou sendo traiçoeira e enganou o goleiro, que de quebra, levou um “peru” homérico pra casa. 5 a 0 e fim de baile!
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