Por Fernando Murilo
Mais uma batalha, digna das revoluções sociais da história da bola, foi travada hoje em Johanesburgo, capital da África do Sul. O país, que também será sede da próxima copa, recebeu com hospitalidade a final da Copa das Confederações, entre as seleções brasileira e norte-americana. Antes do jogo, uma grande homenagem ao jogador Marc Vivian Foe, que faleceu durante uma Copa das Confederações a seis anos. E a emoção desta homenagem parece que refletiu no aspecto da partida. Um jogo que foi eletrizante do início ao fim.
YES, WE CAN?!?
Nos primeiros 45 minutos, o Brasil teve posse na bola na maioria do tempo. Porém, um lance fatídico foi culminante para causar uma aflição ao time do técnico Dunga: foram um gol no início e outro no meio do tempo para a equipe americana, apostando nos contra-ataques, para ficar com tranquilidade na partida.
O escrete canarinho deu dez chutes a gol, onde não converteu nenhuma das oportunidades criadas. Os americanos deram quatro, dois no fundo das redes de Julio César, que eficiência! A seleção treinada por Bob Bradley abriu o placar aos dez minutos: Spector cruzou da direita, sem chegar muito a linha de fundo, e Dempsey pegou meio sem jeito de primeira, de um jeito suficiente para enganar o goleiro brasileiro. Era o primeiro gol norte-americano na partida. O Brasil teve boa chance para empatar num chute de Robinho, apõe lance indivual do Kaká. O camisa 11 bateu forte, mas Howard salvou. Foi a primeira das cinco defesas do goleiro americano na etapa inicial. O americano foi o arqueiro que mais defendeu bolas na Copa das Confederações, sendo um destaque do torneio. Os EUA responderam dois minutos depois, em bolas alçadas na área nos escanteios. Com a vantagem no placar, o time americano formava uma barreira intransponível quando o time de Dunga atacava, com 11 jogadores da intermediária para trás. A solução do time de Dunga era fazer cruzamentos, facilmente cortados pela defesa do grandalhão Demerit e da forte consistência ofensiva do capitão Bocanegra.
Aos 24 minutos da primeira etapa Felipe Melo arriscou de longe e Howard voltou a se destacar com uma boa defesa. Aos 25, Kaká tocou de calcanhar para Maicon pela direita. O lateral chegou com certo atraso na bola, e teve que chutar sem ângulo no gol com força, mas o goleiro salvou de novo. E quem diria, foi de Maicon, o lateral que foi bastante elogiado por toda a temporada, sendo um dos intocáveis da seleção e barrando até o Daniel Alves o erro que originou o segundo gol americano. Aos 26, o camisa 2 saiu jogando errado no ataque, os Estados Unidos saíram rapidamente num dos contra-ataques mais rápidos da história. Um tiro de quase 70 metros de distância, comandado pelo Donovan. O camisa 10 tocou na esquerda para Davies, que devolveu para o mesmo driblar Ramires, que foi de vez na bola e bater sem chances para Julio César. Dois a zero Estados Unidos, uma zebra do tamanho de todas as obras sulafricanas.
Perdendo por 2 a 0, o Brasil continuava com maior posse de bola e arriscava de todas as maneiras. Robinho chutou de fora da área, Howard salvou. André Santos tentou dentro da área, Howard salvou. Luís Fabiano mandou de cabeça, a bola foi para fora. Lences que formavam cada vez uma dúvida: a barreira Howard possuía alguma falha?!?
UMA REAÇÃO ILUMINADA
No segundo tempo, foi a vez do time de Dunga mostrar uma reação digna de filmes hollywoodianos, marcando um gol rápido. Logo no primeiro minuto, Maicon cruzou da direita, Luís Fabiano dominou, virou em cima do gigante DeMerit e bateu bem, finalmente furando o bloqueio de Howard: 2 a 1 para os EUA. O Fabuloso, como chama a imprensa espanhola, chegou a quatro gols e virou o artilheiro isolado da Copa das Confederações naquele momento.O Brasil passou a pressionar atrás do empate. Aos 12 da etapa final, surgia um novo ídolo que iria se consagrar: o raçudo capitão Lúcio tocou de cabeça e Howard salvou. Dois minutos depois, o lance mais polêmico da partida. Após cruzamento da esquerda, Kaká cabeceou e o goleiro americano tirou quando a bola já havia cruzado a linha. O árbitro, mal posicionado e o bandeirinha, provavelmente admirado com algum jogador não deram o gol.
Nos contra-ataques, os americanos voltaram a assustar a seleção. Primeiro, Donovan chutou de fora, Julio César pegou. Em seguida, Dempsey bateu forte da entrada da área forte para defesa do goleiro brasileiro.
Os lances exigiram da seleção uma nova postura. Ramires, excelente revelação da seleção nesta Copa, não conseguia acompanhar o ritmo dos contra-ataques americanos, além da posição mais criticada da seleção brasileira no momento, a lateral-esquerda, não estar rendendo bem com o André Santos. Dunga então resolveu mexeu na seleção e colocou Daniel Alves e Elano em campo. O Brasil ficou mais veloz. Mas Howard continuava inspirado: aos 25, Lúcio (mais uma vez ele, não perca a conta!) achou Luís Fabiano entre a zaga, o artilheiro invadiu a área e o goleiro americano chegou junto para evitar o empate.
Aos 29, Kaká caiu para a esquerda e Robinho pela direita. A inversão deu certo, na jogada mais mortal da seleção brasileira. O novo craque do Real cruzou, Robinho ficou sozinho na área, mas acertou o travessão, no rebote Luís Fabiano marcou e empatou a partida: 2 a 2. O quinto tento do artilheiro do torneio, alcançado a média desejada de um por jogo antes da competição.
Os americanos acusaram o golpe e o Brasil foi com tudo em busca da virada. Após blitz na área, Robinho recebeu na meia-lua, cortou para a direta e soltou uma bomba que saiu raspando o travessão de Howard. Aos 39 minutos, o Brasil chegou à virada. Elano, que entrou com Daniel Alves para não só melhorar a consistência do meio já citada, como também para dar mais qualidade para a bola parada bateu escanteio da direita e Lúcio, o capitão Lúcio, jogador que está sendo liberado para negociação pelo novo técnico do Bayern de Munique (vai entender esse holandês!) subiu no segundo pau para testar firme, sem chances para Howard. Muita festa dos brasileiros, que esperaram pelo apito final e comemoraram o título em Joanesburgo.
Estava selado o resultado do jogo. Uma seleção que em 7 jogos conquistou 7 vitórias, e além de tudo foi premiado com tudo que tinha direito. Conquistou o troféu de seleção mais disciplinada (Fair Play), a chuteira de ouro com o Luís Fabiano, o segundo e o terceiro melhor jogador da competição (Luís Fabiano e Kaká respectivamente) e só não levou o de luva de ouro, dado ao melhor goleiro do torneio pois o esquema tático era tão eficiente que pouco deu trabalho a Júlio César. Um poder de reação histórico, uma reação fantástica, e um grande aproveitamento. Esta é a ERA DUNGA, com críticas, mas sem dúvidas, com resultados.
E como não podia deixar de ser lembrado, o próximo jogo do escrete em competições oficiais é contra a seleção Argentina, na possível despedida do cargo de treinador para Diego Maradona. Será? É esperar pra ver!
- Espanha fatura o 3° lugar
A Seleção Espanhola faturou o 3° lugar da Copa das Confederações, um premio de consolação a fúria que chegou a áfrica favorita. Para faturar este prêmio, os espanhóis tiveram que superar os donos da casa por 3 a 2, na prorrogação.
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