Por Gabriel Seixas
O gigante acordou. Não apenas nas ruas, mas também dentro de campo. O torcedor brasileiro já estava órfão de uma atuação de gala da seleção. E neste domingo, ela veio em grande estilo. Diante de um Maracanã lotado, com uma torcida inflamada. Mas principalmente, diante da melhor seleção do mundo, da atual campeã mundial e bicampeã europeia. Não foi qualquer vitória. Foi um 3 a 0 acachapante, que poderia ter sido um placar até maior diante da avalanche da equipe canarinho. O Brasil é tetracampeão da Copa das Confederações. Mais do que isso, é um time que mostra evolução e que pode brigar de igual pra igual pelo título da Copa do Mundo no ano que vem.
O gigante acordou. Não apenas nas ruas, mas também dentro de campo. O torcedor brasileiro já estava órfão de uma atuação de gala da seleção. E neste domingo, ela veio em grande estilo. Diante de um Maracanã lotado, com uma torcida inflamada. Mas principalmente, diante da melhor seleção do mundo, da atual campeã mundial e bicampeã europeia. Não foi qualquer vitória. Foi um 3 a 0 acachapante, que poderia ter sido um placar até maior diante da avalanche da equipe canarinho. O Brasil é tetracampeão da Copa das Confederações. Mais do que isso, é um time que mostra evolução e que pode brigar de igual pra igual pelo título da Copa do Mundo no ano que vem.
Mais de 73 mil pessoas compareceram ao Maracanã para conferir um espetáculo. O que poucos esperavam é que a magia, o jogo bonito, ficaria a cargo do Brasil. A Espanha, invicta há 29 jogos e que havia vencido 83 de suas 100 últimas partidas, era franca favorita para ficar com a taça. Depois de um jogo atípico contra a Itália, esperava-se que os espanhois recuperassem o “tiki-taka”, marca registrada desta grande equipe. A grande surpresa de Vicente del Bosque na escalação foi a entrada de Juan Mata no ataque, na vaga de David Silva.
O Brasil, por sua vez, veio com sua formação habitual. Para superar a melhor seleção do mundo, os comandados de Luiz Felipe Scolari sabiam que o caminho era pressionar a saída de bola adversária, marcar no campo de ataque e ser letal nos contra-ataques. Ou seja, fazer uma partida impecável. Pois a seleção fez mais do que isso. Tomou as rédeas da partida e mostrou a que veio logo no primeiro minuto. Hulk fez boa jogada pela direita e cruzou na área. Neymar não conseguiu o domínio, mas Fred, mesmo caído, empurrou a bola pras redes. Gol de artilheiro, de camisa 9. E gol que derrubou qualquer proposta de jogo dos espanhois.
A torcida foi ao delírio. Aliás, é importante destacar o quanto o torcedor brasileiro teve um papel espetacular no Maraca. No hino nacional, como de costume nessa Copa das Confederações, a torcida brasileira cantou o hino à capella. Um momento tocante, maravilhoso. Durante o jogo, os torcedores foram ainda mais ativos. Vaiaram o toque de bola espanhol, emendaram coros de “pentacampeão” e “o campeão voltou”...impuseram um verdadeiro caldeirão, com o qual talvez os espanhois não estejam nem um pouco acostumados.
Voltando ao jogo, o ritmo imposto pela seleção brasileira era assustador. A Espanha não encontrava espaço para tocar a bola confortavelmente. Luiz Gustavo e Paulinho fizeram um trabalho defensivo fabuloso no meio-campo, encurtando os espaços de Xavi e Iniesta. O clima era de tensão. Jogadores das duas equipes se desentendiam a cada instante, muitas faltas geravam polêmica. Numa delas, Arbeloa derrubou Neymar sem bola num contra-ataque onde o ex-santista arrancaria sozinho no campo de ataque. O árbitro, no entanto, deu apenas cartão amarelo para o espanhol. Elementos que ajudavam a instigar ainda mais a rivalidade entre as duas seleções – que não é histórica, diga-se de passagem.
A Espanha, por sua vez, aos poucos começava a entrar no jogo. Iniesta, fugindo de suas características, arriscou um chute de fora da área e obrigou Júlio César a fazer uma boa defesa. Mas a melhor chance da Fúria só viria minutos depois: Torres puxou um contra-ataque e serviu Mata, que deu ótimo passe para Pedro. Sozinho, o barcelonista bateu pro gol, deslocando Júlio César. A bola entraria, mas David Luiz, um monstro em campo, se esticou todo para salvar quase em cima da linha. A comemoração foi equivalente a de um gol, e não poderia ser diferente.
Mas foi apenas um susto. Depois disso, iniciou-se uma série de oportunidades desperdiçadas pela seleção brasileira, que tinha o controle total da partida. Na melhor delas, Fred saiu cara a cara com Casillas e bateu rasante, mas o goleiro do Real Madrid fez grande defesa. Quando tudo caminhava para o Brasil ir para o intervalo com a vantagem mínima, o gênio tirou o coelho da cartola. Ele, Neymar, fez a diferença. Em jogada criada de forma magistral por Oscar, o craque brasileiro recebeu dentro da área e finalizou com precisão de perna esquerda, fazendo o Maracanã explodir de alegria.
A Espanha voltou para o segundo tempo com uma alteração: Arbeloa, que já tinha cartão amarelo e levava um baile de Neymar, foi substituído por Azpilicueta. Para azar da Fúria, a alteração não surtiu efeito. O Brasil começou a etapa final da mesma maneira que iniciou o jogo. Ou seja, marcando gol. Após bom passe de Oscar (e um corta-luz inteligentíssimo de Neymar), Fred recebeu livre e bateu com precisão no contrapé de Casillas. Foi o quinto gol do atacante na Copa das Confederações, igualando-se a Fernando Torres na artilharia do torneio – com a diferença que Fred não enfrentou o Taiti para fazer esta marca.
Com 3 a 0 de desvantagem, a Espanha não se deu por vencida. Del Bosque lançou o ótimo ponta Jesús Navas no jogo, e foi ele que sofreu pênalti (infantil) cometido por Marcelo poucos minutos depois do terceiro gol brasileiro. Espantosamente, o designado para a cobrança foi Sergio Ramos, teoricamente com outros batedores muito melhores como opções (Xavi, Iniesta, Torres e outros). Tava na cara que iria dar errado. E deu. O zagueiro, com a autêntica “categoria” de um jogador de sua posição, bateu pra fora.
Foi quando a vaca definitivamente foi pro brejo. O Brasil manteve o ímpeto e desperdiçou oportunidades preciosas de construir um placar ainda mais elástico, sobretudo após a expulsão de Piqué, que cometeu falta dura em Neymar antes que o seu futuro companheiro de Barcelona saísse na cara do gol. Com a partida ganha, Felipão se deu ao luxo de lançar em campo um jogador que sequer havia atuado na competição: Jadson, que substituiu Hulk. Jô e Hernanes também entraram no decorrer da partida. Na Espanha, David Villa foi o último a ingressar na partida. E foi dele a melhor oportunidade da Fúria na etapa final, salva milagrosamente por Júlio César, que teve atuação irrepreensível.
Na final da Copa das Confederações, os papeis se inverteram. Ou melhor, será que se inverteram mesmo? O Brasil jogou como um autêntico pentacampeão mundial. Tem que respeitar. A Espanha, por mais que tenha sofrido uma derrota doída, não deixa de ser a melhor seleção do mundo, claro. E o Brasil, consequentemente, não se tornou na melhor equipe do planeta, mas ratificou seu processo de evolução e sabe que está no caminho certo para buscar o hexa no ano que vem.
Para isso, é bom frisar: o clima de “oba-oba” pelo título não pode ser contagiante. É preciso humildade e aplicação para alcançar este objetivo. Mas agora o clima é de festa, e pelo o que jogou durante toda a competição, principalmente na final, o Brasil tem muito, muito o que comemorar. O campeão, de fato, está de volta.
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