terça-feira, 25 de março de 2008

Galo: uma paixão centenária

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Por Leonardo Martins

O dia 25 de março de 2008 entrará para a história do esporte brasileiro. É que hoje está sendo comemorado o centenário de um grande clube brasileiro, o Clube Atlético Mineiro, mais conhecido como Galo, seu mascote. O Atlético se torna o 1º clube de futebol de Belo Horizonte a completar 100 anos de muita paixão por parte de sua torcida.

O Atlético foi fundado no dia 25 de março de 1908 um grupo de jovens da classe média da recém-inaugurada capital mineira, que havia completado 10 anos de vida. O intuito destes jovens era criar uma equipe para o lazer deles nos fins de semana. O 1º nome do Atlético foi Athlético Mineiro Football Club, só passando para o nome atual cinco anos mais tarde, em 1913. O 1º jogo oficial aconteceu um ano após a fundação, quando o Galo ganhou por 3 a 0 do extinto Sport Club Football. Ali nascia um clube vencedor.

Em 1915, surgiu a Liga Mineira de Esportes. Esta liga organizou o que seria o 1º Campeonato Mineiro da história, que foi vencido pelo Atlético. Era o 1º dos 39 títulos estaduais que o clube ostenta. Em 1921, nascia o Palestra Itália, clube que na década de 40 viraria o Cruzeiro Esporte Clube, que na década de 60 viraria o maior rival do clube alvinegro.

O Atlético sempre foi o pioneiro em conquistas de título, caso da Copa dos Campeões de 1937. O torneio é considerado o 1º interestadual do Brasil, pois reunia os campeões carioca, mineiro, paulista e capixaba. O Atlético sobrou na competição, sendo campeão com uma rodada de antecipação.

Em 1950, o Galo projeta vôos maiores, sendo a 1ª equipe brasileira a excursionar pela Europa e obtendo um sucesso enorme. O alvinegro jogou 10 jogos em continente europeu, sempre em gramados gelados, tendo uma excelente campanha. Foram 6 vitórias, 2 empates e 2 derrotas. O que ficou gravado na história do clube como sendo “Campeão do Gelo”. Aliás, quanto a excursão a Europa como a Copa dos Campeões, são exaltadas no hino do clube, um dos patrimônios do Galo.

O Atlético Mineiro continuava tendo a hegemonia no estado e a maior torcida. Com muitos títulos e vitórias, o clube se tornou um dos grandes clubes do futebol. Porém, a ascensão do Cruzeiro na década de 60, só aumentou a rivalidade entre esses dois clubes. Mas o Galo logo retomou a hegemonia no estado.

Novamente, o Galo ganharia a 1ª edição de um campeonato, desta vez, foi o Brasileiro de 71. Este título é considerado o mais importante da história do clube. O time comandado pelo Mestre Telê Santana encantou o Brasil, com um futebol bonito e, comandado pelo artilheiro folclórico Dadá Maravilha, que marcou o gol do título, foi campeão em pleno Maracanã, no dia 19/12/71, ao derrotar o Botafogo.

O clube alvinegro também obteve façanhas históricas, como a vitória sobre a Seleção Brasileira, a mesma que, na Copa de 70, encantaria o mundo e conquistaria o Tricampeonato Mundial, por 2 a 1 no Mineirão. Também tem o hexacampeonato mineiro nas décadas de 70 e 80, o Galo conquistou a total hegemonia no estado montando um super-time, com nomes como Reinaldo (considerado o maior jogador da história do clube), Cerezo, Éder Aleixo, Paulo Isidoro, Luisinho e João Leite (o que mais vestiu o manto alvinegro, com quase 700 jogos), todos com passagens marcantes pela Seleção Brasileira.

Nesta época, o Galo conheceu 3 de suas derrotas mais dolorosas. A 1ª e talvez a mais dolorosa de todas, foi a final do Brasileirão de 77, contra o São Paulo. O Atlético sobrou na competição, tinha Reinaldo como o artilheiro e melhor jogador do campeonato, mas na final foi derrotado pela equipe do Morumbi, em pleno Mineirão, nos pênaltis. Era a chance do bi saindo das mãos atleticanas.

Chance que voltaria a ter 2 anos mais tarde. O Atlético voltou a disputar uma final de Brasileiro, desta vez, contra o Flamengo, em um Maracanã lotado Foi um jogo memorável, pois eram 2 super times. O Flamengo tinha Zico, Tita, Júnior e outros nomes. O Galo tinha Reinaldo, Paulo Isidoro e Cerezo. Esta final é considerada por muitos a melhor da história. O Flamengo ganhou por 3 a 2 e mais uma decepção atleticana.

As duas equipes voltariam a se enfrentar em outra decisão, desta vez, era pela Libertadores de 81, mas era para ver quem seguia para as semifinais. O jogo decisivo foi em Goiana e não terminou, pois o juiz José Roberto Wright expulsou 4 atleticanos após uma confusão e terminou a partida. A Confederação Sul-Americana declarou o time carioca como vencedor da partida e o Galo foi eliminado. Este fato ainda gera reclamações de muitos atleticanos, que acusam Wright de ajudar o Flamengo.

O Galo volta a ganhar uma competição no ano de sua estréia, foi a Copa Conmebol de 92, ganhando dos paraguaios do Olímpia. O Galo obteve mais uma conquista desta competição, foi em 97. O Atlético enfrentou uma verdadeira batalha campal no jogo decisivo contra o Lanús na Argentina, onde os jogadores e o técnico Emerson Leão (treinador do time na época) foram agredidos pelos argentinos, mas o bi da Conmebol veio. Estes dois títulos da Conmebol foram os mais importantes a nível internacional da equipe atleticana.

Neste tempo, o Atlético também trouxe jogadores importantes, como Taffarel, Valdir, Marques e Guilherme. Mas o Cruzeiro já tinha a hegemonia no estado e tirava novos torcedores do rival. Mas a massa nunca abandonou o clube. Em 99, o Galo voltaria a disputar uma final de Brasileiro. Depois de uma arrancada no final da 1ª fase, a equipe alvinegra, comandada pela dupla Marques e Guilherme, derrotou o arqui-rival Cruzeiro nas quartas-de-final e o Vitória nas semifinais. Mas esbarrou no esquadrão do Corinthians na final, era a chance do bicampeonato brasileiro escapando pela 3ª vez.

O novo milênio veio e com ele a crise financeira e a falta de planejamento também. O clube passou a conviver com altas contratações que deram pouco resultado em campo, salários atrasados. O Galo que era um clube que lutava por títulos, passou a lutar pelo rebaixamento no Brasileirão.

O auge desta crise foi em 2005, onde a equipe foi rebaixada a Série B. O pior de tudo foi o fato que o jogo que decretou o rebaixamento do Galo foi no Mineirão contra o Vasco. O torcedor atleticano viveu o pior dia da sua vida como torcedor

O ano de 2006 seria o mais importante da história do clube, a equipe tinha que voltar a elite do futebol brasileiro com honras de grande equipe. A diretoria apostou em valores jovens mesclado com jogadores de experiência para conseguir o acesso. A torcida, em uma demonstração de força que nunca se houve no futebol brasileiro, abraçou a causa e lotava o Mineirão em todos os jogos da Série B. Eram recordes atrás de recordes de público quebrados. O resultado desta força foi a volta triunfal a 1ª divisão com o título da Série B. Também era a quebra de um jejum de 6 anos sem títulos, jejum que incomodava o torcedor.

No ano passado, o Atlético buscava a quebra do jejum de títulos no Campeonato Mineiro, que já durava 7 anos. O objetivo foi conseguido de forma inesquecível, após uma goleada histórica sobre o rival Cruzeiro por 4 a 0.

O Galo chega ao centenário com uma fanática torcida, que é uma das mais presentes e fanáticas do Brasil, e uma boa estrutura, contando com um CT de 1º mundo, mas a torcida carece de títulos importantes. A torcida espera que o clube volte a brigar pelos grandes títulos e volte a dar alegrias.

A festa pelo centenário invadiu Belo Horizonte durante o dia todo e será completada amanhã, quando o Atlético faz amistoso comemorativo contra o Peñarol do Uruguai no Mineirão. Jogo que terá destaque especial aqui no Esporte é Vida.