sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Especial – Série C 2007

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Por Gabriel Seixas


Nesta Quarta-Feira, foram conhecidas as quatro equipes que garantiram o acesso à Série B do ano que vem. Bragantino e Bahia, que haviam conquistado a vaga com uma rodada de antecedência, ganharam as companhias de Vila Nova e ABC, este último beneficiado pela derrota do Atlético-GO frente ao já eliminado Barras – as más línguas afirmam que os piauienses receberam a famosa “mala branca” dos potiguares. A exaustiva campanha de 32 jogos dos quatro clubes ganharão destaque aqui no Esporte é Vida, começando do quarto lugar ao campeão da terceirona.

ABC-RN

O ABC, embalado pela conquista do título estadual em cima do maior rival, o América, entrou com status de favorito no Grupo 6 da competição. Comandado por Ferdinando Teixeira, o time começou mal e foi derrotado pelo Atlético-PB, por 1 a 0. A partir daí, a equipe foi se encontrando e conseguiu resultados expressivos, como um 3 a 0 contra o Vera Cruz e até mesmo um 4 a 4 contra o Central – este “expressivo” no sentido de número de gols em uma única partida. Os destaques da primeira fase foram o lateral Nêgo e o atacante Wallyson, que mantiveram o nível por toda a competição. A equipe passou para a segunda fase liderando o grupo, com 13 pontos.

O Grupo 20, que no papel parecia ser fácil, acabou virando uma pedreira para os potiguares. A equipe encontrou no caminho o alagoano Coruripe e o sergipano Confiança, que alcançaram ótimas campanhas em seus respectivos grupos na primeira fase, além do Porto de Caruaru. O início novamente foi ruim: Sem o jovem Wallyson, a equipe foi derrotada pelo Confiança. Críticas a Ferdinando Teixeira, que insistia no 3-5-2, e com um rodízio de zagueiros até certo ponto curioso. Quando a equipe parecia se encontrar, com uma vitória magra sobre o Porto (2 a 1, que teve o retorno de “Wallyshow” com direito a gol), o balde de água fria: Goleada sofrida para o Confiança, 4 a 1. O estopim para que Ferdinando atendesse o apelo da torcida, e mudasse o esquema tático. Na “estréia” do 4-4-2, vitória sobre o Coruripe por 2 a 0. A partir daí, a responsabilidade de carregar a equipe ficou para Wallyson. Nos dois jogos restantes, duas vitórias por 1 a 0, com dois gols do artilheiro. A vice-liderança do grupo por 12 pontos garantiu a passagem para a 3ª fase, ao lado do Coruripe, azarão da competição.

Na terceira fase, o ABC encontrou um de seus adversários no Octogonal Final – o Bahia -, além do amazonense Fast e do acreano Rio Branco. Contrariando as fases anteriores, o ABC estreou com vitória – 2 a 0 sobre o Rio Branco, com gols de Fábio Silva e Jean. A equipe não se deixou abalar com a derrota por 2 a 0 para o Bahia, e desta vez, contou com a estrela do lateral Nêgo. Com dois lindos gols de falta, o lateral ajudou o ABC a vencer o Fast, de virada, por 3 a 2. No Frasqueirão, ele também marcou o gol da vitória sobre o mesmo Fast, e se consagrou nas graças da torcida. Ficou por conta de Wallyson completar o serviço, marcando os gols da vitória contra o Bahia por 2 a 1, e classificando os potiguares com uma rodada de antecedência.

A entrada no Octogonal Final parecia decretar uma tragédia da equipe na competição. Bastou uma derrota para o Bragantino e um empate contra o Atlético para que os torcedores ficassem de olhos bem abertos quanto a equipe. Porém, no jogo seguinte, os potiguares venceram o Bahia por 4 a 3, quebrando a invencibilidade dos tricolores na competição. Pra variar, Wallyshow foi o nome do jogo, com dois gols marcados.

A partir daí, o que se viu foi uma irregularidade sem tamanho da equipe. Foram oito jogos, quatro em casa, e quatro fora. As vitórias no Frasqueirão fizeram com que a equipe ainda almejasse o acesso, mas as três derrotas e um empate longe de casa fizeram com que a última rodada fosse ainda mais aflita, com a vitória sendo obrigação. Torcendo por um tropeço de Atlético ou Vila Nova, a equipe recebeu o Bragantino, que já estava garantido na Série B do ano que vem, e que conquistara o título do campeonato. No fim do 1º tempo, o zagueiro Allan marcou um bonito gol de falta, que seria o suficiente para o ABC subir, já que o Atlético perdia para o Barras pelo mesmo placar.

No segundo tempo, mais um gol do Barras. E o empate do Bragantino...A injusta tragédia foi evitada, merecidamente, por um dos melhores jogadores da competição: Wallyson. O atacante, que deixará o clube para defender o Atlético-PR no ano que vem, fez o gol da vitória e garantiu o acesso, para a explosão dos mais de 20.000 pagantes. Fato curioso do jogo também ficou por conta do placar eletrônico, que anunciava o título antecipado do Braga, para que os paulistas desistissem do empate. E desistiram mesmo!

Análise final: Individualmente, a equipe do ABC realmente foi uma das melhores da competição. Wallyson, com 16 gols, e Nêgo, com 9, certamente estariam numa possível seleção do campeonato. Quem também se encaixou perfeitamente no esquema tático da equipe foi Juninho Petrolina, que supriu a carência de armação do meio-campo abcdista. A confiança em Ferdinando Teixeira, que antes parecia teimosia, acabou se mostrando favorável a equipe em determinados momentos da competição.

VILA NOVA-GO

O Vila Nova iniciou a competição no Grupo 10, ao lado do também goiano Itumbiara, e de Grêmio Jaciara e Esportivo Guará. A estréia dos goianos foi positiva, com a vitória sobre o Jaciara por 1 a 0, com gol do atacante Juninho, ex-Itumbiara. A partir daí, foram mais três vitórias seguidas, com destaque para a goleada sobre o Guará por 4 a 0, com direito a dois gols do folclórico Túlio Maravilha. A equipe, até então dirigida por Sérgio Cosme, apostava na dupla de ataque formada por Wando e Túlio, municiada pelo também experiente Alex Oliveira. No fim das contas, liderança do grupo com 13 pontos e vaga mais do que assegurada.

Na segunda fase, a equipe encontrou mais um goiano pelo caminho: O CRAC, que também seria adversário dos vilanovenses no Octogonal Final. O grupo também contava com Guarani e Rio Claro, dois paulistas. As duas primeiras apresentações da equipe foram as piores possíveis: Derrota para o Guarani, por 2 a 1, e por 3 a 1 para o CRAC, que provocaram a demissão do fraquíssimo Sérgio Cosme. Em seu lugar, chegou o jovem Artur Neto, que estreou no comando da equipe na vitória sobre o Rio Claro, por 2 a 0. Foi também contra o Rio Claro que Túlio Maravilha protagonizou uma de suas melhores exibições da equipe da serra: O artilheiro marcou três na vitória por 4 a 3 contra o Galo Azul, ultrapassando Nonato na artilharia da competição. A classificação não veio como muitos imaginavam, mas o Vila passou a fase seguinte em 2º, com apenas nove pontos – um a mais que o Guarani e três a mais que o Rio Claro.

Pra variar, mais um goiano enfrentaria o Vila Nova na terceira fase: Desta vez, a missão era do Atlético Goianiense, além do mineiro Villa Nova e do gaúcho Esportivo. A estréia contra a equipe de Bento Gonçalves foi regular, com uma vitória por 2 a 1, contando com gols de Túlio e Michel. Depois de um empate em 0 a 0 contra o Atlético, os vilanovenses derrotaram com facilidade o quase xará mineiro por 4 a 2. O jogo marcava a estréia do meia Elvis, até então recém-dispensado do Remo. O jogo que garantiu a classificação antecipada foi contra o Villa Nova; Vitória por 1 a 0, e gol do volante Heleno, ex-Santos.

Era chegada a hora do tão esperado Octogonal Final. A estréia da equipe, contra o azarão Nacional de Patos, foi mais do que surpreendente. Mesmo jogando na Paraíba, os goianos golearam por 5 a 1. Mais surpreendente ainda foram os quatro gols de Túlio Maravilha, chegando aos 803 (até então) na carreira. Pena que a equipe não manteve o ritmo contra Bahia, Bragantino e Atlético, com duas derrotas (ambas em casa) e um empate. Isso sem contar a goleada sofrida pelo ABC, humilhantemente por 4 a 0. A vingança não foi tardia: Após duas vitórias contra o CRAC e uma sobre o Barras, os goianos venceram o ABC por 3 a 0 (devolvendo quase na mesma moeda), com dois gols de Túlio e um de Paulo Ramos, que aos poucos, cativava a sua titularidade no Vila.

Porém, o jovem do Grêmio só garantiu mesmo seu lugar entre os onze quando o Vila venceu o Bragantino por 2 a 0, com gol do jovem meia-atacante. E mesmo depois de derrota para o Atlético e empate contra o Bahia, a equipe dependia apenas de duas forças na última rodada para garantir o acesso. Em 3º na tabela, os vermelhos enfrentaram o Nacional – decepção do campeonato, com apenas cinco pontos em 13 jogos. E a festa acabou vindo da forma mais aguardada pelos torcedores: Baile por 3 a 0, com dois gols do artilheiro da competição, Túlio, e um de Wando.

Análise final: São inúmeros os fatores que podem determinar o acesso do Vila Nova à Série B. O primeiro deles é a chegada de Artur Neto, que foi ousado e abriu espaço para Elvis e Paulo Ramos no meio-campo. Ambos se entenderam bem com Wando e Túlio, fazendo com que a equipe tivesse um poderio ofensivo imprescindível para a campanha. Porém, o principal deles ficou por conta de apenas um atleta. Não só um atleta; um goleador. Túlio Maravilha. Foram 27 gols em 30 jogos, ainda que 16 marcados em bolas paradas.

BAHIA-BA

O glorioso Bahia, clube que já foi até mesmo campeão brasileiro – ao lado do Guarani, as únicas equipes que já venceram a elite e disputavam a terceirona -, amargava mais um ano a disputa da Série C. Sorteado no grupo do alagoano ASA e dos sergipanos América e Confiança, o tricolor não teve dificuldades para garantir passagem para a segunda fase. Ainda em fase de adaptação, a equipe perdeu seus únicos pontos na estréia, quando empatou com o Confiança em 0 a 0. A partir daí, foram cinco jogos e cinco vitórias. Arturzinho passava a implantar seu estilo de jogo na equipe: Moré e Nonato, contrariando as expectativas, se entenderam muito bem no comando de frente. Na meiuca, Danilo Rios era o ponto de criação da equipe. Porém, o jogador deixaria a equipe no meio do campeonato para defender o Grêmio...mas isto é uma outra história. Foram onze gols marcados e apenas um sofrido, com destaque para Nonato, artilheiro da primeira fase.

Na segunda fase, outro grupo relativamente fácil. O Bahia duelaria contra dois paraibanos – Atlético e Nacional –, além do capixaba Linhares. Na primeira rodada, goleada fora de casa contra o Atlético por 3 a 0 – com direito a dois gols de Moré. Na segunda, um placar ainda mais elástico: 5 a 0 sobre o Linhares, com três gols do experiente Nonato, e 2 a 0 contra o Nacional de Patos, fechando o “turno” do grupo. A equipe teve uma pequena queda de produção, que resultou em derrota para o Nacional e empate contra o Linhares, mas selou a vaga com a vitória sobre o Atlético por 3 a 1. A partir desse jogo, o meia Elias se firmou na equipe – ele seria peça-chave no acesso da equipe, já no Octogonal Final

Na fase que antecedia o Octogonal Final, o Bahia defrontou os nortistas Rio Branco e Fast, além do nordestino ABC. Porém, enganou-se quem achou que a classificação viria com facilidade. O empate contra o Fast, em 2 a 2 – que gerou polêmica em relação a hospedagem, condição do gramado, etc – era um prenúncio do sofrimento que os baianos teriam na competição. Na seqüência em dois jogos na Fonte Nova, duas vitórias tranqüilas contra ABC e Rio Branco. Na primeira, vitória por 2 a 0, com dois gols do artilheiro Nonato. No jogo seguinte, 2 a 1 contra o acreano Rio Branco, novamente com a marca de Nonato – o outro foi marcado pelo jovem Emerson Cris.

No jogo da volta contra os acreanos, um novo prenúncio de tragédia. Bastou um jogo fora de casa para a equipe voltar a perder: 3 a 2 para o Rio Branco, de virada. As primeiras críticas surgiam quanto ao parceiro de Nonato no ataque: Charles, alimentando um longo jejum de gols, daria lugar a Moré no entender da crônica baiana. Mas, como Nonato estava suspenso contra o ABC, Charles ainda teve mais um jogo para mostrar seu futebol. Resultado: 2 a 1 para os potiguares, e para piorar, o gol único baiano marcado por Moré. O novo fato fez com que, finalmente, o centroavante artilheiro ganhasse a titularidade ao lado de Nonato no ataque. Com o apelo da torcida atendido, as críticas ficaram por conta em cima do meia Cléber, ameaçado de perder a vaga para Inho Baiano.
O drama: O Bahia necessitava da vitória contra o Fast e torcia para que o Rio Branco não vencesse o ABC. Resultado: Intervalo dos dois jogos, dois 0 a 0. Irritado com a atuação do time, Arturzinho lançou Inho Baiano e Amauri nas vagas do criticado Cléber e de...Nonato! Revendo o erro que cometeu na segunda alteração, logo o treinador lançou Charles na vaga de Danilo Gomes, aos 35 do 2º tempo. Não demorou muito para que a atuação do árbitro Rogério Pereira da Costa fosse contestada: O mineiro, além de expulsar Michel Mineiro e Leílson, ambos do Fast, deu seis minutos exagerados de acréscimo. O suficiente para que Charles, aos 50 do segundo tempo, se redimisse com a massa e marcasse o gol da classificação. Foi dramática, mas ela veio. O time ainda dependia do resultado do Rio Branco, e como o jogo terminou em 0 a 0, os baianos seguiram adiante.

A partir daí, chegava a hora do tão esperado Octogonal Final. Com o surpreendente público de 59.797 na Fonte Nova, o Bahia venceu o CRAC na estréia por 1 a 0, com gol solitário do artilheiro Nonato – que ganhou a companhia de Moré no comando de frente. Fora de casa, com o campo encharcado e um palco totalmente adverso, o Bahia superou suas limitações e venceu o Vila Nova, por 3 a 2. O destaque do jogo ficou por conta de Moré, que parecia selar a sua titularidade com dois gols marcados. No jogo seguinte, a tragédia maior: Derrota para o ABC por 4 a 3, acabando de vez com a invencibilidade da equipe na competição. Vale relembrar que Wallyson foi o carrasco tricolor, com dois gols anotados. A partir daí, uma seqüência inusitada de resultados: Primeiro, a equipe recebe o frágil Barras e empatou em 2 a 2, frustrando os empolgados torcedores. Depois, visitou o Atlético e venceu por 2 a 1, jogo que marcou a volta do “Baêa” ao G-4.

Quebrando a seqüência de dois indigestos empates contra Bragantino e Nacional, o tricolor voltou a vencer – e bonito: 3 a 0 contra o mesmo Nacional, na Fonte Nova. O “imbatível” em casa atuou no 3-5-2 (esquema que ainda não tinha sido usado na competição pelo tricolor), que acabou sendo benéfico ao time. A nova seqüência de empates, desta vez emplacada contra Bragantino e Atlético, foi quebrada com a vitória sobre o Barras no Piauí, por 2 a 0. Os dois gols marcados por Nonato colocaram a equipe ainda mais perto do retorno a segundona, que já era realidade no ambiente baiano.

Momentos decisivos: No jogo que antecedeu o acesso antecipado, o Bahia bailou na Fonte Nova e goleou o ABC, por 3 a 0. Desta vez, a carta na manga dos baianos foi Elias: O atacante, pouquíssimo aproveitado no Vasco, virou peça-chave da equipe para o acesso. Versátil, atuou como meio-campo no 3-5-2 e não decepcionou, marcando dois gols. No jogo seguinte, não foi vista a mesma eficiência nem de Elias, nem de toda a equipe, com um insosso empate em 0 a 0 contra o Vila Nova. Insosso? Que nada! Com os resultados adversos de CRAC e ABC, o tricolor comemorou o retorno à Serie B antecipado, fazendo um verdadeiro carnaval fora de época nas ruas da Bahia. Com isso, o último jogo da equipe contra o CRAC – que ainda lutava para conseguir o acesso – era apenas festivo. Com a garra e a superação de um, e a falta de compromisso do outro, o resultado de 4 a 2 para os goianos foi mais do que normal. Resultado: Bahia na Série B, e o CRAC, adversário daquele jogo, sem chances de garantir o acesso. A mandinga e o apoio do torcedor, acima de tudo, foram mais do que fundamentais para a bela campanha do tricolor baiano, com apenas duas derrotas em todo o campeonato. A nota triste ficou por conta da demolição da Fonte Nova, palco de jogos épicos do tricolor baiano.

Análise final: Num contexto geral, mesmo sem o título, pode-se dizer que o Bahia foi mesmo a melhor equipe desta Série C. Contando com o apoio maciço da torcida, os tricolores garantiram o acesso com certa facilidade no Octogonal Final. O que dizer do gol aos cinqüenta minutos do segundo tempo feito por Charles, que garantiu a equipe na fase final? O que dizer do campeonato feito por Nonato, atacante de 28 anos e autor de 19 gols na competição? Prova maior de raça e superação não existe, pelo menos no futebol brasileiro.

BRAGANTINO-SP

Por mais incrível - e inusitado - que pareça, das quatro equipes que garantiram o acesso, o Bragantino teve o trabalho mais exaustivo e dificultoso nesta Série C. Pra começar, problemas muito antes do início da competição. O desmanche após a disputa do Campeonato Paulista, que resultou nas saídas de jogadores importantes como Felipe, Everton Santos e Moradei, teve prioridade no planejamento da equipe para a disputa da competição – não com contratações de peso, mas sim no empenho de manter outros jogadores importantes.

Na estréia da equipe na competição, apenas três remanescentes da ótima campanha do time no Paulistão: Os meias Somália e Neizinho, e o atacante Bill. Sentindo o peso da falta de entrosamento, o Braga foi derrotado na estréia para o CENE, por 1 a 0. Porém, no segundo jogo, a equipe de Roberval Davino começou a mostrar a que veio: Goleada por 4 a 1 sobre o Sertãozinho. Somália e Bill marcaram duas vezes, garantindo os primeiros pontos do Braga no campeonato. No jogo seguinte, contra o Águia Negra, empate morno em 0 a 0. Os paulistas voltaram a enfrentar os sul-mato-grossenses, mas desta vez, com um resultado bem mais satisfatório. Sem Bill, suspenso, Davino foi obrigado a improvisar Marcinho e Somália no ataque. Resultado: Vitória por 2 a 0, gols de Evandro e Davi. Depois disso, vitórias contra Sertãozinho e CENE selaram a vaga do Braga a segunda fase.

Na segunda fase, o Bragantino tinha como adversários o gaúcho Esportivo, o paranaense Roma e o mineiro Democrata de Governador Valadares. A estréia foi conturbada: Derrota para o Esportivo por 1 a 0, e reclamações em peso por parte dos paulistas. A expulsão de Bill, ainda no primeiro tempo, teve fator fundamental para as reclamações. No jogo seguinte, novo 1 a 0. Mas desta vez, a vitória foi do Braga, em cima do Democrata. O gol único foi marcado por Vanderlei, que improvisado na zaga, fez o gol no último minuto da partida. Coube ao Bragantino também a façanha de acabar com a invencibilidade da Roma na rodada seguinte, com uma vitória por 2 a 1, de virada. Somália e Vanderlei, os dois principais jogadores da equipe, marcaram os gols. Porém, derrotas contra a mesma Roma e o Democrata – esta por 5 a 3 – fizeram com que o Braga ficasse ainda mais longe da tão sonhada classificação. Os paulistas dependiam de um resultado negativo da Roma, e é claro, de uma vitória sobre o Esportivo. E foi o que aconteceu: Os paulistas venceram, no sufoco, por 2 a 1. O jogo marcava a estréia dos atacantes Neto Baiano e Anderson Ataíde, porém, nenhum dos dois deixaram a sua marca em campo.

Na terceira fase, o Braga levou um azar ainda maior e caiu no “grupo da morte”: A equipe tinha o CRAC, a Ulbra e o carioca América pelo caminho. A estréia foi decepcionante: Em pleno Marcelo Stefani, derrota de virada por 2 a 1. O gol único foi marcado por Neto Baiano, de pênalti. Para aumentar ainda mais o vexame, vale lembrar que a equipe atuava com dois a mais por boa parte do segundo tempo. O jogo marcou a estréia do “pacotão” que chegou ao Braga, formado por Adãozinho e Gléguer, refugos do América-RN, Valdir Papel, atacante que saiu “chutado” do Vasco e o zagueiro Tiago Vieira, que teve uma passagem anterior pelo time de Bragança.

O que não estava no script era a terrível seqüência de resultados negativos em diante. Contra a Ulbra, em Canoas, e o América, em Edson Passos, a equipe saiu derrotada e encerrou o “turno” com nenhum ponto. O suficiente para que Roberval Davino fosse substituído por Marcelo Veiga no comando. E, de fato, a decisão foi acertada: O técnico foi o principal responsável pela ascensão da equipe no campeonato. No jogo seguinte, vieram os três primeiros pontos: Vitória sobre o América por 3 a 2, com gols marcados pelo atacante Valdir Papel – que por mais incrível que pareça, caiu como uma luva na equipe -, Davi e o zagueiro Cris, um dos melhores da posição na Série C. No jogo seguinte, mais uma vitória: 2 a 0 sobre a Ulbra, fazendo com que a equipe dependesse apenas de si para se classificar. Os gols foram de Vanderlei, e novamente Davi, que se consolidava como artilheiro da equipe – fazendo com que os torcedores se esquecessem de Bill. Porém, a classificação veio mais tardia do que o imaginado: Com o insosso empate em 0 a 0 contra o CRAC, o único resultado que interessava entre Ulbra e América era o empate, ou vitória do time carioca. Resultado final – 2 a 2. Classificação dos paulistas garantida pelo saldo de gols!

Era chegada a hora do Octogonal Final. A campanha do Bragantino, fatalmente, não o credenciava como favorito ao acesso. Porém, a estréia parecia contrariar os prognósticos: Jogando em casa, o Braga venceu o ABC por 1 a 0, com gol do artilheiro Valdir Papel, cobrando pênalti. Mesmo com a expulsão de Cris, o Braga conseguiu sair vitorioso, e alimentar alguma esperança no coração do torcedor. No jogo seguinte, sob forte calor, a equipe paulista visitou o Barras. E, perdendo por 1 a 0 até os 44 minutos do 2º tempo, eis que surge a estrela que não brilhava há algum tempo: A de Bill, que marcou o gol de empate e manteve os paulistas entre os líderes.

No jogo seguinte, o time de Bragança enfrentava um velho conhecido: O CRAC, com quem havia passado de fase no Grupo 28. E mesmo jogando em Itumbiara, os paulistas venceram por 2 a 1 – gols da dupla de ataque formada por Bill e Valdir Papel. Contra o Vila Nova, empate em 1 a 1. Gol de quem? Valdir Papel! Foi o 4º dele em 4 jogos, consolidando-se como o artilheiro da equipe, superando Davi. No jogo seguinte, o Braga enfrentou o Nacional de Patos, com quem travou duelos interessantes no passado – em pouquíssimos jogos, os paulistas eram fregueses dos paraibanos. Mas a vitória veio, mesmo que tenha sido pelo placar mínimo. Davi marcou o gol solitário, que colocou o Braga na liderança isolada.

Depois de conquistar um histórico empate contra o Bahia em 2 a 2 (com 60.000 pessoas contra e um placar revés de 2 a 1), o time lavou a alma e goleou o Atlético Goianiense por 3 a 0. Mesmo atuando com três zagueiros e três volantes, os comandados do ótimo Marcelo Veiga entenderam o recado e golearam com gols de Tiago Vieira, Davi e Somália. A invencibilidade foi mantida no jogo seguinte, quando empatou com o Atlético em 1 a 1. E quando parecia que a invencibilidade seria quebrada no jogo seguinte, em Patos (O Nacional fez 1 a 0 e manteve o resultado até o intervalo), o Braga virou o jogo, com dois gols de Somália e um de Cris.

A partir daí, resultados totalmente adversos. Pra começar, um equilibrado empate com o Bahia em 1 a 1 – gol de Somália. Depois, a inevitável derrota para o Vila Nova por 2 a 0, que acabou com a invencibilidade do time no Octogonal Final. Mas estas eram as primeiras páginas do sofrido acesso do Braga à Série B: No Marcelo Stefani, os jogadores demonstraram raça e venceram o CRAC por 1 a 0, com gol do zagueiro Vanderlei. Precisando apenas de uma vitória contra o já eliminado Barras em casa, o Braga garantiu o acesso em clima de folia: 3 a 1 contra os tricolores, com gols de Davi, Somália e Vanderlei. No último jogo da equipe na terceirona e com a vaga assegurada, o Braga bem que tentou, mas não conseguiu evitar a segunda derrota no Octogonal, perdendo para o também classificado ABC, por 2 a 1. Mesmo com a derrota, o Braga sagrou-se campeão do campeonato, mesmo com uma campanha razoável na segunda e na terceira fase. Honrando o estado de São Paulo como a única equipe que chegou até o Octogonal, a equipe garantiu vaga à Série B – inchando ainda mais a competição de equipes paulistas. Parabéns, Bragantino! É campeão!

Análise final: Mesmo sem uma campanha de campeão, o Bragantino garantiu o título – e, acima de tudo, o acesso – com todos os méritos. Lamentável foi a falta de planejamento no início da competição, que comprometeu o desempenho da equipe, sobretudo na terceira fase. A chegada do técnico Marcelo Veiga e de jogadores como Valdir Papel e Tiago Vieira sacudiram o ambiente, fazendo com que a equipe tivesse um toque mais refinado dentro de campo. Mais do que uma campanha de campeão, esta foi uma jornada de um grupo inteiro. É impossível destacar apenas um jogador, mas é dever elogiar cada atleta do clube, que apesar de não ter um papel principal no contexto geral do campeonato, acabou saindo com dois motivos a mais para comemorar.

Seleção do Campeonato:

Goleiro: Vinicius (Vila Nova)
Na falta de um goleiro que chamasse a atenção no campeonato, Vinicius se destacou dentre aqueles que se apresentaram na competição. Mesmo com um início difícil, questionado até mesmo pela sua titularidade, o jovem goleiro deu a volta por cima e se consagrou nas rodadas finais do Vila, sendo peça importante para o acesso.

Lateral-Direito: Nêgo (ABC)
O voluntarioso Nêgo, que atua tanto na lateral-direita quanto no meio-campo, não só foi o melhor de sua posiçao como foi um dos melhores dentre os jogadores de todas as posições. Aproveitando a sua maior especialidade, que é cobrar faltas, o lateral marcou nove na competição, consolidando-se como vice-artilheiro do time, perdendo apenas para o atacante sensação Wallyson. Para a temporada seguinte, sua renovação é a prioridade do clube, já que a saída de "Wallyshow" foi confirmada.

Zagueiro: Cris (Bragantino)
O zagueiro Cris não só chamou atenção na retaguarda do Bragantino, como lá na frente também. O audacioso zagueiro foi autor de três gols na competição, sendo que um foi o último da equipe na Série C do Brasileirão, há dois dias contra o ABC. Ainda que inconstante - o zagueiro foi expulso duas vezes na temporada -, foi peça importante na conquista do título.

Zagueiro: Niel (Barras)
Lateral-direito de origem, Niel soube aproveitar as chances que teve na equipe titular como zagueiro e se consolidou como um dos melhores da posição. Ele foi autor de três gols na Série C, e dividiu a responsabilidade de ser o melhor jogador do time com o atacante Pantico - que por sinal, merece menção honrosa dentre os atacantes.

Lateral-esquerdo: Rogerinho (ABC)
Já não bastasse o melhor lateral-direito do campeonato ser do ABC, o esquerdo também é. Rogerinho foi responsável por várias assistências aos artilheiros Nêgo e Wallyson, tornando-se peça-chave no esquema da equipe. Voluntarioso como o outro lateral, Rogerinho também atua no meio-campo, mas foi na lateral que encontrou o seu melhor futebol.

Volante: Marcone (Bahia)
Mesmo que não tenha feito um campeonato tão brilhante assim, Marcone foi o principal responsável pela boa apresentação do setor defensivo do Bahia na Série C. Ainda imaturo - e cobiçado por alguns clubes da Série A - deve evoluir com um tempo, e quem sabe, acabar com uma carência de volantes que incomoda o torcedor brasileiro.

Meia: Marquinhos (Atlético-GO)
Com onze gols na competição, Marquinhos foi, disparado, o melhor jogador do Atlético na competição. O faz-tudo do time (cobrador de faltas, pênaltis e escanteios) garantiu presença na seleção do campeonato pela sua regularidade durante a temporada, ainda que não seja um jogador diferenciado.

Meia: Danilo Santos (CRAC)
O jovem meia do CRAC não só foi peça-chave na campanha do time de Catalão, como talvez tenha sido a maior revelação do campeonato, carente de jogadores talentosos. Com transferência acertada para o Guaratinguetá, busca manter o ótimo índice assistências e até mesmo de gols marcados - foram onze no campeonato. Num futuro próximo - talvez depois da disputa do Paulistão - deve estar presente em algum dos clubes da elite brasileira. Quanto ao seu desempenho, é uma outra história...

Atacante: Túlio (Vila Nova)
A impressionante média de 27 gols em 32 jogos fez com que Túlio ultrapassasse a marca de 800 gols na carreira. Fatalmente, foi o melhor jogador da competição, e a principal arma do Vila para o acesso.

Atacante: Nonato (Bahia)
Eterno ídolo do Bahia, Nonato alcançou a vice-artilharia do campeonato com 19 gols. Mesmo tendo a aparência de ser mais velho - tem "apenas" 28 anos -, o atacante foi a principal referência do time para a disputa do Baianão, e sobretudo, da terceirona.

Atacante: Wallyson (ABC)
As atuações de Wallyson foram tão satisfatórias que o clube que detém o seu passe, o Atlético-PR, quer contar com o jovem atacante para as disputas do estadual, Copa do Brasil e a Série A em 2008. Além de ser uma boa peça para suprir a carência de atacantes do Furacão, deixará saudades na equipe potiguar, já que foi o principal responsável pela conquista do estadual (com três gols na final frente ao rival América) e 16 na terceirona.

Técnico: Marcelo Veiga (Bragantino)
Apesar de ter assumido o clube apenas na metade da competição, Veiga foi mesmo o melhor treinador da Série C. Assumiu o clube quando o Braga tinha uma campanha de três jogos e três derrotas na terceira fase, e mesmo assim, levou o time ao Octogonal Final, com uma campanha irretocável. Além disso, trouxe jogadores imprescindíveis como Valdir Papel e Tiago Vieira para o complemento do elenco, que apesar de não ter um destaque individual, era bastante sólido.

Atlético vence e afunda mais o Goiás

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Por Leonardo Martins


Na noite desta quarta-feira, com 40 mil pessoas no Mineirão, Atlético-MG e Goiás fecharam a penúltima rodada. Com certas dificuldades, o Galo goleou o time goiano por 4 a 1 e está perto da Sul-Americana. Já o Goiás viu a briga pelo rebaixamento se estender até a última rodada.

Precisando do resultado para sair da zona de rebaixamento, o Goiás partiu para cima do Atlético, logo no início, Fabrício Carvalho viu Juninho adiantado e mandou por cobertura mas o goleiro se recuperou e mandou para escanteio. O Galo tranqüilizou a partida e foi melhorando no jogo, mas o Goiás teve outra chance com o lateral Chiquinho que Juninho fez outra importante defesa. O gol atleticano saiu aos 24 minutos, Éder Luis fez boa jogada pela esquerda e cruzou para o matador Marinho cabecear para o fundo do gol de Harlei. A resposta goiana não demorou e veio 3 minutos mais tarde, Paulo Baier cobrou falta e Harrison, também de cabeça e aproveitando a má linha de impedimento da zaga atleticana, marcou o gol de empate. A partir daí, o jogo se acalmou e só tivemos boas chances no final quando Éder Luis chutou em cima de Harlei.

A 2ª etapa começou com o Galo mexendo duas vezes em sua equipe colocando Renan e Gérson nos lugares de Xaves e Bilu e estas alterações deram um novo ânimo a equipe atleticana, que perdeu chances com Marinho e Leandro Almeida. O Vasco tinha marcado o gol contra o Corinthians, resultado que tirava os goianos da zona de rebaixamento e animou-os que criaram chances com Fabiano Oliveira e Paulo Baier. Mas o Goiás mostrou porque está na zona vermelha, a partir daí, o que se viu foi um show atleticano. Aos 30 minutos, Leandro Almeida desviou de cabeça para Danilinho empurrar para os fundos da rede e desempatar a partida. Quatro minutos mais tarde o Galo fez o 3º gol, Danilinho cruzou para Marinho, novamente de cabeça, tirar Harlei da jogada. Para fechar o show atleticano, Éder Luis fez fila na defesa goiana e fez o 4º gol.

O Atlético depende de uma vitória contra o Palmeiras na última rodada para se classificar a copa Sul-Americana, já que está na 10ª posição com 52 pontos. O Goiás depende de uma vitória sobre o Inter e um tropeço do Corinthians para sair da degola na última rodada, já que está com 42 pontos e na 17ª posição.

Figueirense 2x0 Náutico

No outro jogo da quarta-feira, o Figueirense venceu o Náutico por 2 a 0 e segue firme rumo a vaga na Sul-Americana com 52 pontos e na 11ª posição. Já os pernambucanos, com as derrotas de Goiás e Corinthians, se livraram totalmente do rebaixamento. Os gols catarinenses saíram no 2º tempo com Ruy, aproveitando cruzamento da esquerda, e Cleiton Xavier, que acertou um lindo chute de longe.