segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Um time de guerreiros

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Por Leonardo Martins

Esta frase a torcida do Fluminense começou a entoar na fuga heróica do rebaixamento em 2009. Um ano se passou do fim daquele drama e hoje a mesma torcida tem orgulho de dizer “Eu sou Campeão Brasileiro”. Numa das maiores viradas de jogo, o Flu se sagrou campeão neste domingo, com todos os méritos de uma campanha brilhante.

Dentre os 365 dias de diferença entre os dois acontecimentos marcantes aconteceram várias coisas. O ano começou mal para o Flu com a eliminação nas semifinais dos turnos no Carioca e uma eliminação para o Grêmio na Copa do Brasil. Depois destes fracassos, o técnico Cuca caiu e em seu lugar, a diretoria do Flu apostou alto no nome de Muricy Ramalho, tricampeão brasileiro com o São Paulo.

Muricy chegou e impôs o estilo de jogo preferido, com muita objetividade e marcação, o que torna o jogo feio plasticamente, mas de resultados. Os resultados no Campeonato Brasileiro começaram a aparecer, vitórias sobre Atlético-MG, Flamengo, aconteceram antes da parada para a Copa. O terceiro lugar conquistado antes do Mundial, credenciava ao Flu brigar pelo título pelo elenco que o time tinha na época.

Depois do mundial, o time passou a brigar pela liderança com o Corinthians e, para isto, chegaram duas estrelas do futebol mundial, Deco e Belletti, que se juntaram a Fred e Conca. O time tricolor sofreu durante o Campeonato com as contusões, especialmente do Capitão Fred e de Deco, que pouco jogaram no torneio. Ainda teve o episódio da não-ida de Muricy para a Seleção, um fato interessante, que no futuro, seria fundamental para o título, já que o escolhido para a Seleção, foi o técnico alvinegro, na época,  Mano Menezes.

O Fluminense e o Corinthians apresentavam os melhores futebóis do Campeonato e dispararam na frente. Mas as duas equipes começaram a tropeçar e o time do ex-treinador tricolor, Cuca, o Cruzeiro, chegou na briga pelo título. Mesmo assim, o time tricolor continuava bem no campeonato, mesmo com alguns tropeços em casa e derrotas fora, dentre as derrotas para os concorrentes diretos, Corinthians e Cruzeiro.

O time era carregado pelo maestro Conca, que é unanimidade como melhor jogador do Campeonato Brasileiro. Com suas assistências e gols, levavam o time mais próximo do título. Além disto, um forte sistema defensivo, característica dos times de Muricy, foi visto. O time fora equilibrado durante todo o Campeonato, tanto que teve a melhor defesa e o quarto melhor ataque.

Enfim, o título brasileiro ficou em boas mãos e mostra que para ganhar um campeonato como o Brasileiro precisa ter planejamento e bons nomes para se conquistar o título. Parabéns Tricolor!

Até Logo Brasileirão!

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Por Gabriel Seixas

Eis que os jogos deste domingo colocaram um ponto final na edição de 2010 do Campeonato Brasileiro. Assim como nas outras rodadas, poderia ter escolhido uma partida e analisado-a em particular. Decidi fazer diferente. Não só do que já havia feito no blog, mas também em toda a minha vida.

Dos nove jogos simultâneos, me orgulho em dizer que acompanhei um pouco de cada. Viver as emoções de diversas partidas ao mesmo tempo é algo que nunca havia feito - e a partir de agora recomendo. Acompanhei disputas insignificantes, como o duelo direto pelo 11º lugar entre Vasco e Ceará e a briga do Flamengo para entrar na zona da Sul-Americana, bem como não contive a ansiedade na briga pelo título entre Fluminense, Corinthians e Cruzeiro, e nos duelos diretos por uma vaga na Libertadores e pela fuga do rebaixamento.

Não existe campeão sem merecimento. O Flu passou por maus bocados, mas depois de 26 anos, reconquista um título brasileiro, o segundo de sua história. Foram 22 rodadas na liderança e 33 no “G3”. É a recompensa de um trabalho muito bem liderado por Muricy Ramalho, que fatura seu quarto título nacional em cinco anos.

Nas outras 37 rodadas, os holofotes estiveram voltados para Darío Conca, o craque do campeonato. No jogo que decidiu o caneco, quem assumiu o papel de heroi foi Emerson. O autor do gol da vitória simboliza as dificuldades pelas quais o tricolor teve de superar. A ambição da diretoria em montar um “time de estrelas” como o próprio Sheik, Deco, Conca, Washington e Fred esbarrou nas sucessivas lesões que muitos destes tiveram de encarar – exceto Conca, que esteve em campo em todos os jogos.

Muricy também esteve perto de abandonar o barco. Recebeu um convite irrecusável da seleção brasileira pouco depois da Copa do Mundo, porém seguiu seus princípios e decidiu cumprir seu contrato no Flu. Presente desde a primeira rodada, foi a grande estrela do time na conquista. Neste momento de glória, o saudoso Nelson Rodrigues diria: “o Fluminense nasceu com a vocação da eternidade”.

Os cariocas não deixaram a liderança escapar em nenhum momento da rodada final. O Corinthians, que tinha uma missão relativamente fácil contra os reservas do rebaixado Goiás, acabou empatando. Melhor para o Cruzeiro, que venceu o Palmeiras de virada e ficou com o vice-campeonato. Não é nada, não é nada, mas carimbou sua vaga na fase de grupos da Libertadores, enquanto o Timão terá de disputar a Pré-Libertadores.

E quem disse que o Flu foi o único campeão do domingo? Um outro tricolor, o Grêmio, consolidou o simbólico título do segundo turno, e caso o Goiás não conquiste a Copa Sul-Americana, também se garante na Libertadores do ano que vem. Quem imaginaria que o modesto 16º colocado do 1º turno estaria numa posição tão privilegiada? Méritos para Renato Gaúcho, que comandou a equipe nesta inacreditável arrancada. E menção honrosa para Jonas, artilheiro super-hiper-mega-isolado da Série A com 23 gols. No ano, ele marcou 42, assim como Neymar, do Santos.

Na briga contra o rebaixamento, o Vitória recebeu o Atlético-GO precisando vencer para ultrapassar os goianos e escapar da degola. Em 90 minutos, não fez nada que justificasse tal merecimento. O rubro-negro baiano dá adeus a Série A e também as chances de voltar a fazer um clássico contra o Bahia em um campeonato nacional. René Simões é o nome da fera que tirou o Dragão da Série B. Anotem: caso permaneça no clube em 2011, fará muito mais. Olho no Atlético Goianiense.

No mais, também não abri mão de acompanhar as vitórias insignificantes de Vasco e Atlético-PR sobre Ceará e Avaí, respectivamente, e o insosso empate entre Santos e Flamengo que mais pareceu pólo aquático no segundo tempo. Que venham os Estaduais!

Algumas estatísticas – nem todas relevantes – deste Brasileirão:

Melhores ataques: Grêmio (68), Corinthians (65) e Santos (63)

Melhores defesas: Fluminense (36), Cruzeiro (38) e Corinthians e Internacional (41)

Piores ataques: Guarani (33), Ceará (35) e Prudente (39)

Piores defesas: Goiás (68), Atlético-MG e Prudente (64) e Avaí (58)

118 empates em 380 jogos. Recorde nos pontos corridos.

Botafogo, Flamengo e Ceará, os reis dos empates: todos empataram 17 vezes no total. Menção honrosa para o Fogão, que perdeu apenas sete jogos de 38 - mesmo número do Fluminense.

Placar mais frequente: 1x0 (69 vezes)

Não tivemos o simbólico gol 1000. Foram “apenas” 978, média de 2,57 por jogo. Entre 30 e 45 do segundo tempo, foram 237 gols marcados.

Lembra da maior goleada do campeonato? Provavelmente não, mas você está perdoado. Foi ainda na primeira rodada: Avaí 6x1 Prudente.

Paulo Baier, o artilheiro supremo da era dos pontos corridos: 87 gols marcados, cinco a mais que Washington, do Flu. Enquanto Baier está de contrato renovado no Atlético-PR, "W9" não marca um golzinho há quinze partidas...

O Grêmio foi o time que mais finalizou no campeonato: 561 vezes. Flamengo e Atlético-MG estão entre os últimos nessa estatística, com 479 e 476 finalizações, respectivamente.

O time mais faltoso do Brasileirão foi o Atlético-GO: 779 infrações (não é à toa que foi o time que mais recebeu cartões amarelos - 130 no total). O prêmio "fair-play" vai para o Flamengo, que cometeu apenas 553 faltas - o único time a ficar abaixo de 600.

Atlético-PR, Avaí, Botafogo e Prudente acumularam dez cartões vermelhos. Já o Corinthians, apenas três - é o segundo time que menos cometeu faltas.

Quem acertou o maior número de passes no torneio foi o Internacional: incríveis 12651. No quesito roubadas de bola, o Palmeiras é o campeão com 1297 desarmes.

Guarani, 9º colocado no 1º turno, terminou rebaixado. O Grêmio, 16º colocado no 1º turno, conseguiu uma vaga na Libertadores.

Muricy Ramalho (Fluminense), Joel Santana (Botafogo) e Vagner Mancini (Guarani) foram os únicos treinadores que começaram e terminaram o campeonato no mesmo time.

Artilharia: Jonas - Grêmio (23).............(abismo).............Neymar - Santos (17) e Bruno Cesar - Corinthians (14)

O artilheiro do campeonato também foi o que mais finalizou. Jonas chutou 135 vezes a gol. O líder de assistências é Conca, com 19 - média de uma a cada duas rodadas.

Michel, do Ceará, é o caneludo do Brasileirão. Quinze cartões amarelos e 112 faltas cometidas, recorde negativo em ambas as estatísticas.

Heleno do Ceará, Marcos Assunção do Palmeiras e Richarlyson do São Paulo foram os recordistas de cartões vermelhos: três no total. Haja expulsão!

Leo Moura e Juan, ambos laterais do Flamengo, foram os jogadores que mais acertaram passes no torneio: 1658 e 1461, respectivamente. Willians, também do Fla, foi o segundo maior ladrão de bolas. Ficou atrás do ótimo Jucilei, do Corinthians.

O Corinthians ocupou o chamado G3 em todas as rodadas. O Grêmio Prudente só deixou a zona do rebaixamento em seis oportunidades. Desde quando caiu pra lanterna, na 21ª rodada, não saiu mais.

Apenas seis rodadas na zona da degola. O suficiente para o Vitória ser rebaixado. O Atlético-GO, que ficou entre os quatro últimos 27 vezes, conseguiu escapar.

Atlético-GO, Bahia e Ceará. Os únicos times que não farão clássicos na Série A 2011.

Além de rebaixado, o Guarani terminou o campeonato amargando um jejum de 13 jogos sem vitória. Lembra da última? Foi na 25ª rodada: 1x0 sobre o Vasco, gol de Baiano. O campeão Fluminense se despediu aumentando sua invencibilidade para nove jogos.

Responda rápido: quem foram os dois únicos cariocas que ocuparam a zona do rebaixamento em alguma oportunidade? Você certamente pensou no Flamengo, mas a resposta é Fluminense (na 1ª rodada) e Vasco.

Quando o Ceará subiu no ano passado, todos o apontavam como favoritos ao rebaixamento. A resposta veio no campo: nenhuma rodada no Z4 e vaga na Sul-Americana 2011. Parabens, Vozão!

O único time a vencer o campeão Fluminense no turno e no returno foi o Corinthians: 1x0 em São Paulo e 2x1 no Rio.

Coritiba, Bahia, Figueirense e América-MG sobem. Vitória, Guarani, Goiás e Prudente descem. Que venha o Brasileirão 2011!