
Por Gabriel Seixas
Há mais ou menos três rodadas, quando o interino Sergio Baresi era duramente criticado no comando do São Paulo, demonstrei meu apoio a continuidade do trabalho do técnico tricolor, contrariando a ideia praticamente unânime de que o tricolor deveria buscar no mercado um treinador mais experiente. Com três vitórias consecutivas, a última sobre o Flamengo na noite de ontem, o promissor Baresi parece ter se firmado de vez no cargo.
Onde eu quero chegar? Simples: da mesma forma que a torcida do São Paulo precisou ter paciência com o trabalho de Baresi, à medida que o treinador implantava a integração de jovens valores da base ao time profissional e mudava a filosofia de jogo do time, é preciso que a torcida rubro-negra confie no trabalho de Silas. É bem verdade que são situações diferentes e que o tempo fica cada vez mais curto e a agonia aumenta a cada rodada, mas com alguns ajustes, o time do Flamengo deve (e vai) embalar.
A atuação do Fla no jogo de ontem foi pavorosa. Uma sucessão de erros custou a derrota. Marcelinho, o jogador mais veloz e insinuante do São Paulo, teve liberdade total para criar jogadas e aparecer nas costas dos zagueiros. Em uma de suas arrancadas sem marcação, ele achou Marlos, que entrou nas costas de Leo Moura e Jean, dominou a bola, driblou Marcelo Lomba com facilidade e tocou pras redes.
Silas tentou corrigir o time e o deixou ainda mais exposto. Natural para quem ainda está conhecendo o elenco. A entrada de Vinicius Pacheco na vaga de Correa deixou o time sem saída de bola. O treinador simplesmente sacou o jogador de melhor passe e qualidade na marcação, tendo a opção de sacar Toró, por exemplo. Willians, que começou como ponta direita, foi recuado para auxiliar Toró no combate. Aliás, as jogadas combinadas de Leo Moura e Willians pela direita foram totalmente combatidas pelo tricolor, que tinha Jorge Wagner, Richarlyson e Miranda no combate naquele setor.
Sem qualquer tipo de criatividade no meio-campo, Diogo fez o ‘favor’ de deixar o time também sem ataque. Para quem veio do futebol da Grécia, nada melhor do que um presente de grego. Uma falta desnecessária em Richarlyson e uma tentativa ridícula de cavar um pênalti custaram-lhe dois cartões amarelos praticamente consecutivos. Deivid, visivelmente fora de forma, ficou isolado na frente. Renato Abreu vive o mesmo dilema. Até nas cobranças de falta, nas quais um dia foi muito eficiente.
O São Paulo jogou com profunda tranquilidade. O gol no início fez com que as jogadas da equipe fluíssem com ainda mais naturalidade. Numa delas, Jorge Wagner cruzou da esquerda para Fernandão, que “marcado” por Ronaldo Angelim e Juan (que juntos não devem ter metade da altura do centroavante), testou pras redes.
A vitória do tricolor praticamente não foi ameaçada. E quando o Flamengo esporadicamente chegou ao ataque, Rogério Ceni, que completava 20 anos de carreira, estava lá para segurar a onda. Uma vitória convincente e sem sofrer gols foi pouco para este goleiro que, além de artilheiro, é um mito. Momentaneamente, o São Paulo fica a apenas três pontos do G-6. Para quem até outro dia brigava contra o rebaixamento, nada mal, não?
E é justamente no adversário de ontem que o Flamengo se espelha para embalar no campeonato. Displicência, apatia e principalmente falta de gols não serão mais toleradas pelo torcedor rubro-negro. É a hora da verdade. Posso estar sendo precipitado, mas o próximo jogo, contra o Vitória, vai determinar quais são as pretensões do Fla nesta competição. A do São Paulo já está bem definida: briga pela Libertadores. O peso da camisa e a nova filosofia de jogo podem fazer a diferença, para um e para outro.
Curtinhas:
- Na Arena da Baixada, muita polêmica no empate entre Atlético-PR e Corinthians em 1 a 1. Ronaldo, do Timão, e Bruno Mineiro, do Furacão, marcaram gols em pênaltis mal marcados. O resultado mantém os paulistas em segundo, porém a três pontos do líder Fluminense.
- Vitória e Palmeiras empataram em 1 a 1 no Barradão. Elkeson marcou para os baianos, que perderam o técnico Toninho Cecilio no dia seguinte após o empate, e Tadeu empatou para o Palmeiras, que segue no meio da tabela, nem pra lá, e nem pra cá.