sábado, 26 de junho de 2010

Gana vence Estados Unidos e encara Uruguai nas quartas

Share |

Por Gabriel Seixas

- Mais que um jogo de futebol, a vitória de Gana sobre Estados Unidos foi digna de um verdadeiro roteiro hollywoodiano da melhor qualidade (o que soa como redundância). O persistente empate no tempo regulamentar, o gol decisivo de Asamoah Gyan no início do primeiro tempo da prorrogação, o choro dos americanos após o apito final e a volta olímpica dos ganeses para festejar com a torcida (que era maioria em Rustenburg, e nem poderia ser diferente) foram alguns dos ingredientes que tornaram a partida ainda mais “cinematográfica”.

- A vitória por 2 a 1 faz com que Gana se consolide ainda mais como a melhor equipe africana na atualidade. Não só por ser a única que ainda sobrevive na disputa pelo título, mas pelo conjunto da obra nos últimos anos. Em 2006, classificação para sua primeira Copa e um honroso 13º lugar, sendo eliminada nas oitavas-de-final pelo Brasil. Ainda neste ano, na Copa Africana de Nações, chegou a final, mas foi derrotada pelo Egito – que curiosamente, sequer conseguiu vaga para o Mundial.

- Entretanto, é na primeira Copa do Mundo realizada no continente africano que Gana vem conseguindo seu maior feito no meio futebolístico. Uma inédita classificação para as quartas-de-final, que apenas outras duas seleções africanas conseguiram na história: Camarões, em 1990, e Senegal, em 2002. Se passar pelo Uruguai, em partida que será disputada na sexta-feira, os Estrelas Negras se tornarão a primeira seleção do continente a alcançar a fase semifinal em Mundiais.

- Vale destacar o ótimo trabalho do técnico Milovan Rajevac, de 56 anos, que no início sofreu rejeição por não ser nascido no continente, mas que desde sua chegada, em 2008, só vem conquistando resultados positivos. O que torna o trabalho do treinador ainda mais surpreendente é o fato do principal jogador do time, Michael Essien, do Chelsea, estar fora da disputa por uma lesão no joelho. Rajevac também teve personalidade ao deixar no banco jogadores experientes como Muntari e Appiah, rejuvenescendo o time, sobretudo apostando naqueles que venceram o Mundial Sub-20 em 2009.

- Atuais vice-campeões da Copa das Confederações, os norte-americanos se despedem da África do Sul de cabeça erguida. Lideraram um grupo que tinha tudo para ser protagonizado pela Inglaterra e apresentaram um futebol consistente, objetivo. A cada ano que passa, o Soccer tem tudo para ficar ainda mais popular no país, e vem caminhando pra isso: a torcida (e principalmente a aceitação) já é muito maior.

- E como todo o filme precisa de um protagonista, o de hoje foi Asamoah Gyan. O artilheiro do Rennes foi o autor do gol da classificação, aos 3 minutos da etapa inicial da prorrogação, após lançamento longo de Mensah. De quebra, Gyan ainda se igualou a outros cinco jogadores na artilharia do Mundial, com três gols. A título de curiosidade, também foi o primeiro marcado por ele (e pela seleção inteira) sem ser em cobrança de pênalti. Gana marcou apenas dois gols na primeira fase, ambos de Gyan convertendo penalidades máximas.

- O gol de Gyan ainda lhe rendeu a consagração de ser o segundo maior artilheiro do continente africano na história das Copas, com quatro gols. Ele está a um tento de alcançar o mítico atacante camaronês Roger Milla, que fez história na década de 90. Mas voltando a partida, o outro gol ganês foi marcado por Boateng, ainda aos cinco minutos. O meia do Portsmouth se tornou o primeiro jogador da história do clube a marcar gol em Mundiais.

- Olho em Kevin-Prince Boateng. Muitos ainda insistem em estereotipá-lo por aquele lance isolado com Ballack, no qual acertou uma entrada maldosa no alemão e acabou acidentalmente o tirando da Copa. Mas ao contrário do que parece, Boateng não é um jogador violento. Tem técnica, velocidade e muita força física, assim como os outros jogadores do time. Hoje ele foi um dos componentes da linha de 3 ofensiva dos africanos, ao lado dos habilidosos Ayew e Kwadwo Asamoah.

- Uma pausa na festa dos ganeses para registrar o gol dos Estados Unidos, marcado pelo ótimo Landon Donovan, cobrando pênalti. Foi o 45º gol dele pelos Yankees, disparado o maior artilheiro da seleção. Nos três chutes a gol que o meia arriscou em todo o Mundial, converteu os três – em cada um dos últimos três jogos disputados. Há quem diga que o resultado do jogo foi injusto, pois foram os norte-americanos que tiveram mais posse de bola e buscaram mais o jogo, mas parando nas boas defesas de Kingson. Já diria Donovan que ‘o futebol pode ser um jogo cruel’.

- Ao se dar conta da importância do resultado não só para os Estrelas Negras, mas para todo o continente africano, não há como lamentar o resultado. Com méritos, Gana está nas quartas-de-final, a um jogo de se tornar a primeira equipe africana a alcançar a fase semifinal de uma Copa. Apesar de ser um time que não encanta com a bola nos pés (dependente de valores individuais, como Gyan e Asamoah), vem colhendo os frutos de um trabalho sério e vitorioso. Gana já fez história. Daqui pra frente, o que vier é lucro. Um lucro até maior do que os gerados pelos filmes de Hollywood.

Celeste olimpica está nas quartas

Share |

Por Leonardo Martins


O futebol uruguaio, tão forte até a década de 80, está renascendo na África do Sul. A Celeste Olímpica chegou as quartas-de-final pela primeira vez em 40 anos, a vitória uruguaia por 2 a 1 sobre a Coréia do Sul, em Porto Elizabeth, abriu a segunda fase da Copa do Mundo.

O técnico uruguaio, Oscar Tabarez, prometeu o mesmo ritmo da primeira fase, com o ótimo trio formado por Forlan, Suarez e Cavani comandando os ataques e com Godin voltando a zaga. Já os sul-coreanos estavam dependendo de Park, jogador do Manchester United, para construir as jogadas.

E logo aos 3 minutos, a Coréia chegou com perigo, Chun-Young cobrou falta e acertou a trave de Muslera. Mas a resposta sul-americana foi fatal. Aos 8, Forlan cruzou e a zaga coreana e o goleiro Sung-Ryong vacilaram, quem não vacilou foi Suarez, que apareceu para abrir o placar.

Depois do gol, os sul-coreanos pareciam abalados com o gol e pouco atacaram, sendo engolidos pela ótima marcação uruguaia, que usava os contra-ataques para chegarem a frente. Em um deles, Suarez tinha aparecido na frente do goleiro coreano, mas o bandeirinha anulou o lance, marcando impedimento, que não existiu, do artilheiro do Ájax.

Aos 31, o jogo teve outra chance, de novo com Chun-Young, mas desta vez a bola passou fora do gol. Aos 43, Maxi Pereira chutou e a bola bateu no braço de Sung-Yueng, o lance gerou reclamações uruguaias, mas que foram em vão, pois o juiz Wolfgang Stark não marcou a penalidade.

No segundo tempo, problema para o Uruguai, Godin voltou a sentir problemas no estomago e deu lugar a Victorino. Como única alternativa para o empate, a Coréia criou chances com Chu-Young, que chutou por cima, e Park, em cabeçada que Muslera defendeu. Mas aos 23, a insistência asiática deu certo, após bola rebatida pela zaga, Chung-Young aproveitou de cabeça e venceu o goleiro Uruguaio, foi o primeiro gol sofrido pelos uruguaios no mundial.

O gol coreano acordou os celestes que novamente dominaram a partida e partiram para o ataque. Aos 27, Suarez chutou e Sung-Ryong se esticou para mandar a bola para escanteio, o artilheiro do Ájax era o destaque do jogo com jogadas perigosas. E foi dos pés dele que a classificação uruguaia veio. Aos 35, o camisa 9 da celeste se livrou de um marcador e mandou um belo chute sem chances de defesa para o coreano. 2 a 1.

Suarez que logo depois foi substituído por Fernandez, foi para onde tava concentrada a torcida uruguaia no chuvoso Nelson Mandela Bay e comemorou. Nos últimos minutos, a Coréia do Sul chegou, mas não criou chances de marcar o gol de empate e o juiz apitou o fim do jogo.

Um grande que estava adormecido voltou a despontar no cenário mundial com a vaga entre as oito melhores seleções do mundo. O adversário uruguaio nas quartas-de-final sai do confronto entre Estados Unidos e Gana que acontece ainda neste sábado.