quinta-feira, 24 de junho de 2010

Japão vence Dinamarca e avança para as oitavas-de-final

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Por Gabriel Seixas


- Antes do início do Mundial, muita gente não hesitou ao falar que o Japão era apenas a quarta força do Grupo E. Na teoria, a favorita Holanda e até os intermediários Dinamarca e Camarões inspiravam mais confiança que os nipônicos. Contudo, nesta fase de grupos, os comandados de Takeshi Okada podem até não ter se mostrado um time tecnicamente notável, mas inegavelmente possuem uma defesa sólida e muita disciplina, que permite a equipe não só competir contra as fortes seleções, como se impor contra as do mesmo nível.

- A cada ano que passa, o Japão vem quebrando barreiras no futebol. Não só por ser uma seleção com jogadores reconhecidos mundialmente, mas por deixar de ser apenas uma potência em seu continente. Não, o Japão ainda não é uma potência futebolística mundial (e dificilmente caminhará pra isso), mas já impõe algum respeito. Pela segunda vez em sua história, os japoneses conseguem uma classificação para as oitavas-de-final de uma Copa do Mundo. A conquista veio com a ótima vitória sobre a Dinamarca por 3 a 1, que deixou uma ótima impressão em relação aos samurais.

- Oito anos depois, os asiáticos Japão e Coreia do Sul voltam a disputar juntos a fase oitavas-de-final de um Mundial. Os japoneses encaram o Paraguai, enquanto os sul-coreanos têm pela frente o Uruguai. A Dinamarca, que nas eliminatórias europeias liderou um grupo que tinha Portugal, Suécia e Hungria, volta pra casa como uma grande decepção. Vários jogadores atuaram dentro de seu limite físico, e porque não técnico, já que o envelhecido time dinamarquês pouco impressionou com a bola no pé.

- A partida foi animada desde o início, com o Japão claramente com a proposta de jogar pelo empate (que o classificava para a próxima fase), e a Dinamarca detendo as ações ofensivas. Logo no início, o zagueiro Kroldrup (que substituía o jovem Kjaer) aproveitou cobrança de escanteio e mandou pra fora. O Japão respondeu com o meia Hasebe, que arrancou pela direita e bateu forte. A bola passou muito perto da meta de Sorensen.

- A partir dos 17 minutos, os japoneses passaram a conhecer o caminho para furar a defesa nórdica: as bolas paradas. Honda executou uma cobrança de falta da intermediária, a bola passou por todos os jogadores na pequena área e traiu o goleiro Sorensen, que ainda tentou dar um tapa na Jabulani, mas não evitou o gol japonês. Doze minutos depois foi a vez de Endo, em cobrança de falta frontal, mandar no ângulo do goleiro dinamarquês. Golaço!

- Há 40 anos uma seleção não fazia dois gols de falta no mesmo jogo, desde a Bulgária em 1970. Por sinal, nesta Copa, foram feitos apenas quatro gols de falta, sendo três de asiáticos: além dos dois japoneses, o sul-coreano Park Chu-Young também marcou. Antes do fim da etapa inicial, o lateral-direito Komano ainda obrigou Sorensen a fazer boa defesa. Antes disso, o técnico dinamarquês Morten Olsen já havia substituído o inoperante Jorgensen por Jakob Poulsen (o terceiro Poulsen no time, fazendo companhia a Simon e Christian).

- Nada adiantou. O Japão não desistiu da partida, e principalmente nas bolas paradas, continuou assustando. Na tentativa de mandar a bola pra área, Endo quase encobriu Sorensen em cobrança de falta, que meio sem jeito, espalmou pro lado. Honda, na tentativa de emendar um chute de primeira, isolou. Minutos depois, foi a vez de Poulsen (o Jakob, pra não criar dúvidas) obrigou Kawashima a fazer ótima defesa.

- Olsen fez o que pôde para a Dinamarca buscar os três gols que lhe classificariam: trocou o zagueiro Kroldrup pelo atacante Larsen. Aos 29 minutos, o atacante recebeu lançamento longo, matou no peito e chutou muito forte, mas a bola carimbou a trave. Gol mesmo só aos 35 minutos. Em bola levantada na área, Hasebe cometeu pênalti infantil em Agger. O artilheiro Tomasson parou no goleiro Kawashima, mas no rebote, mandou pras redes.

- Ao contrário do companheiro de ataque Bendtner, Tomasson buscou jogo e acabou recompensado com seu 52º gol pela seleção, sagrando-se o maior artilheiro dos Vikings na história. O gol também marcou a 200ª penalidade máxima na história dos Mundiais, que acabou sendo desperdiçada, porém convertida no rebote.

- Faltavam dois gols a serem marcados em pouco mais de dez minutos restantes. Okada lançou o meia-atacante Okazaki na vaga de Matsui, cansado, e o time melhorou. As principais jogadas continuavam saindo dos pés de Keisuke Honda, que coroou sua grande atuação aos 43 minutos. Em jogada individual, ele costurou a defesa pela esquerda, deu um corte seco em Rommedahl e rolou com açúcar para Okazaki, que só teve o trabalho de empurrar pro gol.

- Aos poucos, o Japão vai se firmando como uma seleção respeitável também no cenário internacional. Os samurais avançaram de fase em segundo lugar, atrás da Holanda, que com a vitória por 2 a 1 sobre Camarões, conquistou sua terceira vitória em três jogos. Van Persie e Huntelaar marcaram para a Laranja, enquanto Eto’o, cobrando pênalti, descontou para os africanos, os únicos que se despedem da Copa sem ao menos somar um ponto (Honduras pode igualar o “feito” amanhã, caso perca da Suíça).

- Enquanto a Holanda encara a Eslováquia, no que pode ser o jogo que teoricamente define o adversário do Brasil nas quartas-de-final (caso nossa seleção avance em primeiro no Grupo G e supere seu adversário nas oitavas), o Japão mede forças com o Paraguai. Mas uma vez, os japoneses não trazem consigo o favoritismo, mas esse fator já vem se mostrando o menor dos problemas.

Classificação

1° Holanda – 9pts
2° Japão – 6pts
3° Dinamarca – 3pts
4° Camarões – 0pt

- Agenda de amanhã

Nesta sexta-feira termina a primeira fase com o Brasil em campo. As 11h, a nossa seleção enfrenta Portugal de olho no primeiro lugar do Grupo G. No outro jogo do grupo, a Costa do Marfim tem que fazer um milagre para seguir na Copa e enfrenta a já eliminada Coréia do Norte. As 15h30, tem outro grande jogo entre Espanha e Chile que vale vaga para ambas equipes, na outra partida do grupo, se enfrentam Suíça e Honduras.

Adeus de campeã mundial é dramático

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Por Leonardo Martins


Quem, no inicio da Copa, poderia imaginar que os finalistas da última Copa do Mundo cairiam na primeira fase do mundial, pois isto aconteceu. A França já havia caído fora na terça-feira, nesta quinta foi a vez dos atuais campeões mundiais, a Itália. Em um jogo emocionante no Ellis Park, a Eslováquia surpreendeu os italianos ao vencer por 3 a 2. No outro jogo do grupo F, um empate sem gols classificou o Paraguai diante da Nova Zelândia.

Os Italianos começaram o jogo com Gattuso no meio-campo e sem Gilardino no ataque, em seu lugar entrou Di Natale, mas essas alterações pouco ajustavam o time italiano, que apresentava o mesmo futebol burocrático das duas primeiras rodadas. Já os eslovacos tinham maior força de marcação e engoliam os jogadores italianos.

As chances eram quase diminutas, porque as duas equipes pouco produziam em campo. No jogo do Paraguai, a situação era parecida com os paraguaios poupando o time e os neo-zelandeses tinham pouca técnica para assustar o gol de Villar Aos 16, Caniza chutou por cima do gol.

Em Joanesburgo, a Itália pouco conseguia criar, reflexo da falta de armador de jogadas e ainda viu a Eslováquia marcar. Aos 23, De Rossi errou passe bizonhamente e Kucka aproveitou para acionar Vittek, que chutou no canto de Marchetti. Era o prenuncio da tragédia italiana, mas o empate dava a vaga aos atuais campeões mundiais.

O anuncio do gol eslovaco fez com que os paraguaios diminuíssem o ritmo, já que a Nova Zelândia não oferecia perigo a sua meta. Já no Ellis Park, pouco se tinha de futebol por parte dos comandados de Marcelo Lippi, tanto que a melhor oportunidade dos italianos foi no quase gol contra de Skrtel que passou perto. A Eslováquia chegava com muito perigo e Kucka assustou em chute que foi pela rede do lado de fora. O primeiro tempo foi embora e faltava 45 minutos para se evitar o vexame italiano.

O desespero tomou conta da Itália no segundo tempo, Lippi já fez duas alterações logo no intervalo, Maggio e Quagliarella entraram nos lugares de Criscito e Gattuso, formando um incomum 4-2-4, mas pouco alterou o rumo do jogo, pois a pobreza de jogadas ofensivas continuaram.

Já em Polokwane, a Nova Zelândia buscava o gol que classificaria para a próxima fase, mas Elliot chutou em cima do gol. O Paraguai respondeu primeiro na falta cobrada por Cardozo e depois na chance dupla que Riveros e Caniza desperdiçaram.

Aos 17, a Itália finalmente chegou com Quagliarella, mas Mucha salvou o gol. Pirlo, mesmo sem estar inteiro, foi a campo para tentar solucionar os problemas de armação italianos. Aos 22, um lance polemico, Pepe cruzou para Quagliarella completar para o gol, mas Skrtel salvou em cima da linha, uns acharam que a bola entrou, outros não, mas o gol não foi dado.

O lance tornou o jogo emocionante. Aos 24, Stoch quase marcou o segundo da equipe branca em rápido contra-ataque. Mas aos 28, um banho de água fria nos italianos, Hamsik cruzou para Vittek completar e fazer o segundo do time eslovaco. O lance parecia esfriar o jogo, mas só parecia.

Porque os atuais campeões foram para cima na base da raça e do coração e chegaram ao primeiro gol. Aos 36, Di Natale aproveitou rebote de Mucha no chute de Quagliarella e fez. Agora, mais um gol colocava a Itália na próxima fase e até chegou a marcar este gol, mas o juiz acabou anulando por impedimento do atacante do Napoli.

Com os contra-ataques a disposição, os eslovacos praticamente mataram o jogo. Aos 44, Kopunek recebeu passe de lateral e encobriu Marchetti, marcando um belo gol. 3 a 1. Mas os italianos não desistiram e diminuíram a diferença aos 47 em um belo chute de Quaglarella. Aos 50, a Itália teve a chance de fazer o gol da classificação, mas Pepe chutou longe e, para a surpresa de todos, a Itália deu adeus a chance de defender o título de 2006.

Para fechar o outro jogo do grupo, os guaranis tiveram três chances de abrir o placar, mas não aproveitaram e os all-blacks não tiveram capacidade técnica para seguir em diante no mundial, mas conseguiram um feito, sair da Copa invicto e na frente da Itália. Paraguai e Eslováquia seguem em diante no Mundial e esperam a definição do Grupo E logo mais, para saber seus adversários nas oitavas de final.

Classificação final

1º Paraguai – 5pts
2º Eslováquia – 4pts
3º Nova Zelândia – 3pts
4º Itália – 2pts