sábado, 5 de julho de 2008

Maracanazzo Equatoriano

Share |

Por Leonardo Martins

Era um sonho se tornando pesadelo para a torcida tricolor. Pela 1ª vez, o “Maior do Mundo” recebia a taça da Libertadores e o Fluminense e a LDU que teriam o prazer de erguê-la pela 1ª vez. O Maracanã foi invadido por um mar tricolor, foram 90 mil pessoas que acreditavam numa virada após o mal 1º jogo no Equador. Esta virada até veio, mas não foi suficiente para que o Flu conquistasse a América pela 1ª vez. Após conseguir reverter a vantagem obtida no Equador pela LDU ao vencer por 3 a 1 e levar o jogo para a prorrogação, os brasileiros consagraram o goleiro equatoriano Cevallos, ao desperdiçar 3 cobranças na disputa de pênaltis e o futebol equatoriano conseguiu seu 1º título na Libertadores.

A festa estava linda, o Maraca vivia uma noite de gala, tudo estava preparado para uma virada tricolor. Para isto, o Fluminense tinha que ganhar o jogo por 3 gols de diferença ou 2 para levar a prorrogação e entrou com a mesma equipe que havia entrado na partida do Equador. A LDU também entrou com a mesma equipe que foi bem na partida de ida, usando a velocidade de Guerrón e Bolaños para contra-atacar e tendo os dois gols de vantagem.

A bola rolou no Maraca e se viu um Fluminense aguerrido, porém um pouco nervoso, dando espaços para os equatorianos atacarem. Aos 8 minutos, a vantagem da Liga aumentou. Guerrón avançou livre pela direita, driblou Ygor e cruzou para a área, Bolaños apareceu sem marcação e chutou no canto. 1 a 0 LDU, agora a missão tricolor ficara mais difícil, pois precisava de 3 gols para levar a prorrogação. No minuto seguinte, Washington recebeu livre na área e chutou para fora. 2 minutos mais tarde, foi a vez dos equatorianos atacarem, Bolaños cruzou e Bieler completou para fora. Por incrível que pareça, esse foi o último lance de perigo da equipe branca no tempo normal.

Novamente a sorte parecia estar ao lado dos tricolores, pois achou um gol logo em seguida que tomou. Aos 12, começou o show de Thiago Neves no tempo normal. Após um rebote da zaga, o camisa 10 driblou um marcador e chutou no canto, empatando a partida. Voltamos a estaca zero, novamente o Flu precisava de 2 gols para levar o jogo à prorrogação. Os brasileiros continuaram a ir com tudo para cima da Liga, só que a ansiedade os atrapalhavam, portanto, o jogo caiu muito, sem muitas chances para ambas equipes. Mas aos 28, os cariocas chegaram a virada. Júnior César cobrou lateral longo para Cícero, o atacante, livre de marcação, cruzou para a entrada de Thiago Neves, que só teve que completar para o gol. Faltavam 2 gols para o título. Os pontas equatorianos estavam tímidos e a equipe equatoriano fazia muita cera para ganhar tempo. A arbitragem prejudicou a equipe tricolor em 2 lances seguidos. Primeiro ao não dar pênalti claro em cima de Washington e depois em dar um impedimento errado em Cícero. O primeiro tempo terminou, mas muita emoção ainda estava por vir.

No intervalo, o Tricolor tirou Ygor para colocar o reserva de luxo, Dodô. Começou a etapa final com uma pressão tímida do Flu, que continuava nervoso em campo. E foi do artilheiro a primeira chance. Após receber na área, Dodô deixou o marcador no chão e chutou. A bola foi por cima do travessão. Dodô estava mordido realmente com a reserva. Aos sete minutos, o atacante dominou na área e chutou. A bola desviou em Calle e bateu na trave antes de sair para escanteio.

Aos 11 minutos, Thiago Neves sofreu falta na entrada da área. Ele mesmo cobrou. Com perfeição, no canto esquerdo de Cevallos, que pulou atrasado. Era o terceiro gol do Fluminense. O Maracanã tremeu tamanha a festa da torcida. Vale lembrar que na véspera da partida, no último treino nas Laranjeiras, o meia teve um aproveitamento espetacular nas cobranças de falta. Das sete que tentou, fez cinco gols e acertou uma vez o travessão. O jogo ficou nervoso. Com o resultado, a partida iria para a prorrogação. A LDU resolveu sair mais. Urrutia arriscou de fora da área, e Fernando Henrique espalmou para escanteio. Logo depois, Bieler chutou da entrada da área e a bola bateu na trave direita do goleiro tricolor. O Fluminense diminuiu um pouco o ritmo. E deixou de explorar a insegurança do goleiro equatoriano Cevallos. Ele quase entregou em um chute de Conca no meio do gol. A defesa, toda atrapalhada, aconteceu com uma das mãos. Aos 36 minutos, falta perigosa a favor do Tricolor. Conca cruzou para a área, e Washington cabeceou por cima do travessão. Os torcedores voltaram a apoiar o time com os gritos de "Nense". Mas o Fluminense preferiu não se arriscar. E a partida foi para a prorrogação. Mais 30 minutos de emoção pela frente.

O tempo extra foi nervoso. A LDU tentava ganhar tempo nas bolas paradas, mas também atacava. Principalmente com Guerrón. O Fluminense tinha as melhores chances nos chutes de longe. Primeiro com Thiago Neves, depois com Thiago Silva. Ambos para fora. Junior Cesar também tentava aparecer pela esquerda, mas os cruzamentos paravam nas cabeças dos equatorianos. Em uma sobra, Dodô chutou com força por cima do travessão. O tempo parecia passar mais rápido. E terminou o primeiro tempo. Maurício entrou no lugar de Gabriel, bastante cansado. Mas o segundo tempo começou em ritmo lento. Aos 11 minutos, um lance polêmico. Cruzamento longo para a área, e Bieler fez o gol de cabeça. De forma errada, o bandeira Ricardo Casas marcou impedimento, e o árbitro Hector Baldassi anulou, prejudicando o time equatoriano. O jogo voltou a ficar emocionante. Thiago Neves recebeu na área e chutou cruzado. Cevallos fez difícil defesa e evitou o gol. Aos 14 minutos, contra-ataque rápido da LDU e Luiz Alberto é obrigado a derrubar Guerrón na entrada da área. O zagueiro, que já tinha cartão amarelo, foi expulso. Era o último lance da partida. Mas Ambrossi cobrou na barreira. E o título seria decidido nos pênaltis.

Nas cobranças. Urritia abriu a disputa. Um chute forte no meio do gol. Fernando Henrique caiu para o lado direito. LDU 1 a 0. Conca seria o primeiro cobrador tricolor. E o argentino perdeu. Chute forte, mas no meio. Cevallos defendeu. Campos bateu o segundo pênalti para a LDU. E Fernando Henrique defendeu. Festa no Maracanã. A torcida gritou o nome do goleiro tricolor. Thiago Neves tinha a missão de deixar tudo igual. Mas decepcionou. Chute rasteiro no lado direito de Cevallos, que defendeu com os pés. E Salas não perdoou. Fez o segundo gol da LDU. Cícero foi o terceiro cobrador tricolor. E finalmente fez o primeiro do Fluminense. Mas a vantagem ainda era equatoriana. Guerrón abriu a quarta série. E deixou o Fluminense em situação complicada: 3 a 1. Washington foi cobrar sob pressão. Se perdesse, a série acabava. O chute foi no canto direito. E Cevallos defendeu. A LDU era campeã da Libertadores. Silêncio e choro no Maracanã. Os torcedores, sem acreditar, não saíam da arquibancada. Mas a festa era equatoriana.

Foi o 1º título da Libertadores para o futebol equatoriano e a LDU garantiu a vaga ao mundial de Clubes, disputado no fim do ano no fim do ano.