sexta-feira, 21 de maio de 2010

Flamengo derrota Universidad de Chile, mas está eliminado

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Por Gabriel Seixas

- O Flamengo foi valente do início ao fim. Entre “moedadas” e bolas de golfe na cara, venceu a Universidad do Chile por 2 a 1, mas acabou eliminado pelos critérios de desempate – os chilenos venceram por 3 a 2 no Maracanã, e pelos gols marcados fora de casa, estão nas semifinais. O Império do Amor, ou Império do Colesterol, como foi carinhosamente apelidado durante a semana a dupla formada por Vagner Love e Adriano, caiu de pé. Os vacilos defensivos da equipe carioca foram menos constantes, mas ficou a sensação de que o time poderia ter sido um pouco mais ousado.

- Sendo assim, o Fla encerra oficialmente o primeiro semestre sem títulos, e vê no Campeonato Brasileiro a única oportunidade de salvar a temporada. No jogo de hoje, ficou a sensação de que o rubro-negro poderia sim ter se classificado. A iniciativa do time foi boa desde o início, tanto que Vagner Love teve a primeira oportunidade de marcar aos dois minutos, porém mandou a bola pra fora.

- A partir daí o jogo ficou morno, muito abaixo da crítica, e só voltou ao ritmo alucinante com um chutaço de Montillo que parou no travessão do goleiro Bruno (isso aos 36 minutos). Aliás, pra variar, era o camisa 10 do time chileno o principal articulador de jogadas da La U, que nem parecia o mesmo time compacto e objetivo do primeiro jogo (e da fase de grupos também).

- Montillo fazia inveja do outro lado. O Flamengo sentia a falta de um articulador competente. Michael errou praticamente todos os passes que tentou, e a atuação pífia de Kleberson (pra variar) deve ter deixado Dunga mais uma vez com uma pulga atrás da orelha. Isso fez com que Adriano voltasse bastante para criar jogadas, e em um de seus bons lances, Michael recebeu do Imperador e arriscou de fora da área, mas o goleiro Pinto espalmou.

- Mas a pressão não havia acabado por aí. No lance seguinte, após a cobrança do escanteio, Leo Moura acertou um lindo chute de longa distância, mas a bola caprichosamente estremeceu o travessão. Fruto da insistência, o Fla conseguiu o que queria no último minuto da etapa inicial: Adriano recebeu de Kleberson, e de bicicleta, serviu Vagner Love, que escorou de cabeça para o fundo do gol.

- Contudo, não se pode dizer que o Flamengo foi para o intervalo sossegado. Isso porque os jogadores rubro-negros foram intimidados pelos torcedores chilenos no acanhado estádio Santa Laura, que atiraram pedras, moedas e até bolas de golfe nos flamenguistas. Ronaldo Angelim foi uma das vítimas, ferido no rosto.

- Rogério Lourenço fez o que poderia fazer: trocou Michael por Petkovic no intervalo, e o time melhorou ainda mais. O sérvio participou ativamente pela primeira vez no jogo aos dois minutos, quando serviu Juan, e o lateral cruzou para Vagner Love, que testou pra fora.

- Em uma das esporádicas jogadas da Universidad do Chile no ataque, o centroavante Olivera exigiu boa defesa do goleiro Bruno. O Fla respondeu à altura, talvez na sua melhor oportunidade no jogo além dos gols: Willians cruzou, Adriano cabeceou bonito, mas o goleiro Pinto fez melhor ainda: se esticou todo e fez belíssima defesa.

- Só que o sonho rubro-negro foi por água abaixo aos 29 minutos, num lance totalmente dele, Montillo, o cara da Universidad do Chile. Ele driblou Juan, arrancou, e na hora da conclusão, deu um lindo toque com maestria por cima do goleiro Bruno, mal posicionado. Já diriam vascaínos, tricolores e botafoguenses: “tentei ligar para o Montillo, mas só dá fora da área de cobertura”.

- Precisando fazer dois gols, o Flamengo demorou quatro minutos para reagir. Leo Moura e Adriano trocaram passes de calcanhar, e o Imperador, um dos melhores do time no jogo, chutou forte de perna esquerda e recolocou o Fla na frente. Aliás, também recolocou o Flamengo no jogo, diga-se de passagem.

- Rogério Lourenço pôs o time no tudo ou nada, com Vinicius Pacheco e Bruno Mezenga nas vagas de Toró e Kleberson. Willians, aos 44 minutos, foi expulso e complicou ainda mais a vida dos flamenguistas. No último minuto, a cena que retratou o desespero rubro-negro: Vinicius Pacheco, dentro da área, podendo dar sequência ao lance, preferiu cavar um pênalti “à brasileira” – claro, sem sucesso. No máximo, conseguiu uma vaga em Passione.

- Uma vitória inglória, mas que diminui o vexame rubro-negro. A Universidad do Chile fez por merecer a vaga, premiada pela regularidade nos dois jogos. Ainda que não seja um time técnico, é favorito para chegar à final, agora que enfrenta os mexicanos do Chivas. Ao Flamengo, ficou a sensação de o time superou os seus limites técnicos e internos, mas não há como ignorar a sensação do “quero mais”.