quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Rei dos empates

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Por Gabriel Seixas


Paciência de torcedor tem limites. A do vascaíno parece ter definitivamente acabado. Não é pra menos: já são seis empates nos últimos sete jogos, um total de onze igualdades nos 22 jogos da competição. É isso mesmo: em 50% dos jogos disputados, o Vasco não passou de um mero empate. Invencibilidade? Foi-se o tempo que isso tinha alguma importância.

À proporção que o time mantém-se invicto conquistando 1 ponto a cada rodada, a torcida se volta contra o time. Ao fim do jogo contra o Avaí, que terminou empatado em 1 a 1, grande parte dos cruzmaltinos que estiveram em São Januário entoaram o coro de ‘time sem vergonha’. Os mesmos já não sabem o que é vencer ou perder. Até a capacidade de PC Gusmão, invicto sob o comando do Vasco e individualmente no campeonato, já é contestada.

Os números são impressionantes. 11 dos 29 pontos do time foram obtidos através de empates. O número de derrotas (apenas 4) é o mesmo do vice-líder Corinthians, do terceiro colocado Cruzeiro e inferior ao do quarto colocado, Botafogo. Vitórias? Apenas seis. O Atlético-MG, na zona do rebaixamento, ostenta o mesmo número. Parece contraditório, mas a partir de agora, até uma derrota pode surgir efeito positivo na postura do time.

O retrato dos jogos do Vasco no Brasileirão é sempre o mesmo. O time começa ganhando, desperdiça oportunidades, concede outras, e numa delas, sofre o empate que perdura até o fim da partida. Contra o Avaí, na noite desta quinta, as oportunidades desperdiçadas e concedidas aconteceram com maior freqüência. Não por acaso, os goleiros Fernando Prass e Renan foram os nomes do jogo.

Há de se destacar que o Vasco ainda não se reorganizou diante de tantos desfalques. Sem Felipe e Carlos Alberto, o meio-campo continua previsível e sem saída de bola. Sem Nunes, o ataque ficou sem uma referência. Rafael Coelho esteve em campo, mas era melhor que não estivesse: quando o Vasco vencia por 1 a 0, teve a chance de ampliar em cobrança de pênalti, mas bateu mal e permitiu a defesa de Renan.

Ramon, que retornou ao time para preencher a lacuna na lateral-esquerda do time, fez o gol que abriu o placar e acabou substituído por Jumar por questões físicas. Coincidência ou não, o Avaí cresceu no jogo. A estrela de Fernando Prass começou a brilhar, mas as sucessivas falhas de seus companheiros de defesa impediram que ela continuasse viva até o fim da partida. Caio sacramentou o empate aos 29 minutos, em jogada que começou numa falha de Rafael Carioca, nem sombra do ótimo volante que despontou no Grêmio.

A situação não é tão ruim a ponto que não possa piorar. É só olhar para a tabela: o próximo adversário é o Internacional, no Gigante da Beira-Rio. E só pra não passar batido: no empate contra o Avaí, o Vasco jogou boa parte do jogo com um a mais em campo. Meu palpite é que jogar fora de casa pode ser benéfico nesse momento, sem a pressão da própria torcida. Certeza mesmo, só uma: é hora de ganhar ou perder.

Curtinha

- O Internacional continua vivo na briga pelo título brasileiro. O Colorado foi ao Morumbi e conseguiu uma importante vitória sobre o São Paulo por 3 a 1 com tranqüilidade. Wilson Matias, Leandro Damião e Giuliano marcaram para os gaúchos e Cleber Santana fez o de honra dos´paulistas.
Classificação

1º Fluminense e Corinthians – 41
3º Cruzeiro – 40
4º Botafogo – 37
5º Internacional – 35
6º Santos – 34
7º Atlético-PR – 31
8º Ceará, Guarani, Palmeiras e Vasco – 29
12º São Paulo – 28
13º Grêmio e Flamengo – 26
15º Vitória e Avaí – 25
17º Atlético-MG – 21
18º Atlético-GO e Goiás – 20
20º Prudente – 17

Próxima rodada

18/09 – Sábado

18h30
Botafogo x Cruzeiro
Corinthians x Prudente
Atlético-GO x Atlético-PR

19/09 – Domingo

16h
Palmeiras x São Paulo
Guarani x Santos
Internacional x Vasco
Atlético-MG x Vitória

18h30
Flamengo x Fluminense
Avaí x Grêmio
Ceará x Goiás

Embolou de vez

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Por Gabriel Seixas


O Fluminense vem fazendo de tudo para perder a liderança do Brasileirão. Por hora, o gol de honra de Washington impediu a tragédia anunciada, mas o primeiro lugar já não é mais sinônimo de tranquilidade. Com apenas uma vitória nos últimos oito jogos, o Flu vê sua vantagem ao vice-líder Corinthians, adversário na noite de quarta-feira, ser reduzida apenas a uma ilusória superioridade no saldo de gols. Os paulistas foram até o Engenhão e venceram com autonomia por 2 a 1.


O Cruzeiro, que é o terceiro colocado, já está a um ponto dos líderes. Em meio a tantas desculpas, uma certeza: o momento não é bom nas Laranjeiras. O mesmo time que gozava de um plantel tão competitivo no início do campeonato, hoje lamenta os pesados desfalques. Diogo e Diguinho na contensão, e especialmente Emerson no ataque, fizeram muita falta. Não incluí Fred na lista porque sua ausência já não é novidade, mas pela sua qualidade indiscutível, merece ser mencionado.

Bom para o Corinthians, que protagonizou uma exibição impecável. Adilson Batista deu um nó tático sensacional em Muricy Ramalho. Deco e Conca, os grandes pensadores do tricolor, simplesmente não jogaram. Na única jogada trabalhada dos meias, Deco invadiu a área, mas chutou desequilibrado e perdeu a chance de abrir o placar aquela altura. Adilson congestionou o meio com Paulinho, Jucilei e Elias e ainda viu o trio chegar com muita qualidade na frente.

Dos três, o grande destaque ficou por conta de Jucilei. Tanto na marcação, quanto no apoio, ele desempenhou um importante papel. Se não for o melhor, com certeza é um dos melhores volantes do Brasil. O nome do jogo. Seu nome talvez induza a muitos acharem que trata-se de um jogador ‘brucutu’, e a estes, recomendo ver o primeiro gol do Timão. A categoria com que ele matou a bola no peito e bateu pro gol não se vê em nenhum dos volantes chamados por Dunga para a Copa do Mundo.

1Além de quebrar a cabeça para reorganizar o time, Muricy Ramalho também se vê obrigado a travar um duelo contra seu estigma de ‘cavalo paraguaio’ – com exceção ao período em que dirigiu o São Paulo, claro. O filme do Palmeiras em 2009 provavelmente já começa a ocupar a mente do treinador. Como o mesmo destacou, não há mais espaço para tropeços. O Flu está em queda livre. O clássico do próximo fim de semana, contra o Flamengo, ganha ainda mais contornos de dramaticidade.

No jogo de hoje, faltou ousadia a Muricy. O técnico mais uma vez insistiu no 3-4-2-1, isolando Washington no ataque e desnecessariamente mandando a campo três zagueiros. O erro foi corrigido com a entrada de Rodriguinho na vaga do atabalhoado Andre Luis, que melhorou o time, mas não evitou a derrota. Outro destaque negativo ficou para a torcida: além de ter colocado apenas 20 mil pessoas num jogo de tamanha importância (confronto direto), ainda pegou precocemente no pé de diversos jogadores, especialmente Deco e Julio César.

A força coletiva permitiu a vitória do Corinthians, suprindo até mesmo alguns pontos negativos, como a má fase do ótimo Bruno César. O cérebro do time vem destoando das atuações positivas dos seus companheiros nos últimos jogos, sobretudo no duelo contra o Flu. Por outro lado, Adilson Batista fez mistério quanto a escalação e acertou em suas convicções: Paulinho substituiu muito bem Ralf, e Iarley, mantido entre os titulares, foi o autor do segundo gol.

Coube a Washington marcar o gol que manteve o Fluminense na liderança pelo saldo de gols e que o colocou na artilharia isolada do Brasileirão. Números ilusórios. O empate? Ah, esse não veio. Dentro de campo e fora dele, muitos erros precisam ser corrigidos o quanto antes, para que o tricolor não repita o Palmeiras do ano passado, também comandado por Muricy. Quanto ao Timão, se jogar com a mesma motivação (e inspiração) de hoje, é franco favorito ao título.
Curtinhas

- O Flamengo conseguiu quebrar um jejum de jogos sem vitórias ao derrotar o novo lanterna Prudente por 2 a 1, de virada em Presidente Prudente. O resultado foi um alívio para o ameaçado Flamengo, que se distanciou da zona vermelha. Adriano Pimenta abriu o placar para os paulistas, mas no fim do jogo, Diego Maurício e Toró viraram o jogo para o Rubro-Negro.

- O Vitória decepcionou a torcida ao apenas empatar sem gols com o Ceará, no duelo nordestino, em Salvador. O Leão da Bahia se aproximou perigosamente da zona vermelha e o Vovô continua na zona intermediária do Campeonato.