
Por Gabriel Seixas
- O palco estava armado. O Flamengo tinha tudo para golear o Caracas (teoricamente o adversário mais fraco do grupo) no Maracanã e dar um grande passo para sua classificação na Libertadores. A torcida compareceu, mas o time não convenceu: no sufoco, venceu por 3 a 2, e agora espera por resultados dos jogos de amanhã para saber se estará ou não na próxima fase. Ronaldo Angelim, Michael e David marcaram para o Fla, enquanto Castellín e Gomez – este que fez um golaço -, descontaram.
- A situação é crítica. O Fla terá de abrir o olho para três jogos amanhã: o primeiro é entre Cerro Porteño e Racing/URU, visando um objetivo aparentemente simples: que o Racing não vença fora de casa por quatro gols de diferença. A situação complica quando o assunto é o Grupo E: os rubro-negros torcem por vitória do Internacional sobre o Deportivo Quito (ou o inverso, o que é mais improvável), e para que o Cerro do Uruguai não vença o Emelec (que vai com time reserva) por três gols de diferença. Passando o sufoco da calculadora, aí sim, o Flamengo pode se dar ao luxo de comemorar para a próxima fase.
- Se depender da vontade da torcida do Flamengo (que colocou 34 mil pessoas no Maraca hoje), essa partida tem tudo pra ser esquecida. Não faltou vontade ao time, nem determinação, e sim técnica. A torcida já começou se assustando aos 11 minutos, quando Castellín chegou sozinho na área e bateu torto. Três minutos depois, o atacante venezuelano acertou o alvo: ele aproveitou chute cruzado de Cichero na área, e sozinho, completou pras redes.
- Ninguém parecia acreditar no que via. Por sorte, o desespero foi minimizado três minutos depois, quando Michael cobrou escanteio da esquerda e Ronaldo Angelim subiu muito alto para testar pras redes. No minuto seguinte, veio a virada, na primeira jogada trabalhada do Fla no jogo. Leo Moura roubou bola e tocou para Adriano, que lançou em profundidade para Michael. De frente para o goleiro Toyo, o meia bateu mal, mas marcou o gol.
- Tranquilidade não era a palavra certa pra definir aquele momento. O Fla precisava de mais gols. Leo Moura tentou em cobrança de falta, aos 21, porém mandou pra fora. Aos 28, Vinicius Pacheco fez jogada pela direita e cruzou para o apagado Vagner Love, que cabeceou pra fora. A última boa chance da primeira etapa veio com Juan, que aproveitou passe de Adriano e bateu pro gol, mas o goleiro Toyo espalmou. Na sobra, a zaga mandou pra escanteio.
- Atuação abaixo da crítica, sem dúvida. O jogo pelos flancos não fluiu como o esperado, mesmo contra um time infinitamente inferior tecnicamente. O Império do Amor então, nem se fala. Não à toa, com poucos minutos de bola rolando na etapa final, a massa rubro-negra já pedia Petkovic em campo, o que virou característica nos últimos jogos em casa. É a maneira que a torcida encontra para desabafar em atuações abaixo da crítica, como a de hoje.
- O Fla não jogava mal, mas era incompetente nas finalizações. Aos 17 minutos, Vagner Love cruzou da esquerda e Leo Moura bateu bonito, de primeira. A bola entraria no gol, se não desviasse no calcanhar de Cichero, em cima da linha. O castigo veio cinco minutos depois: Gomez, conhecido como ‘La Pulga’, que entrou no segundo tempo, fez o gol da noite. Ele recebeu antes do meio-campo, foi avançando, driblou Leo Moura, Willians e David antes de marcar um golaço, no ângulo de Bruno.
- O nervosismo era evidente. Petkovic conseguiu dar um toque de qualidade ao time quando entrou no lugar de Vinicius Pacheco, mas a equipe continuava criando pouco. Então, foi na bola parada que o Fla achou o terceiro gol. Após cobrança de falta, Leo Moura aproveitou confusão na área e cruzou da esquerda. O zagueiro David aproveitou e bateu forte, no ângulo do goleiro Toyo, para o Maraca explodir.
- A partir daí, aconteceu uma sequência de lances que poderia ter mudado o rumo do jogo. Aos 32 minutos, Leo Moura lançou Vagner Love na direita. O Artilheiro do Amor evitou a saída da bola e cruzou pra trás, onde estava o próprio Leo Moura, livre, de frente pro gol. O lateral conseguiu mandar pra fora, perdendo o que poderia ser o gol da classificação rubro-negra ou pelo menos minimizaria – e muito – o desespero da calculadora amanhã.
- Adriano perdeu outro aos 35, mas este por méritos do goleiro Toyo. Petkovic cruzou da esquerda e o Imperador testou firme. A bola entraria no ângulo, mas o goleiro venezuelano voou para espalmar. A noite não era mesmo do Flamengo. Um minuto depois foi a vez de Petkovic perder boa oportunidade, quando tinha ângulo para bater dentro da área.
- A torcida ainda tomou um susto daqueles quando Figueroa tentou um cruzamento da direita, e sem querer, encobriu o goleiro Bruno, que teve de se esticar todo pra espalmar pra escanteio. Vitória com sabor de derrota no Maraca. Pra completar a noite, na coletiva de imprensa após o jogo, foi confirmada a demissão do técnico Andrade. Presente de grego para o (ex-)técnico rubro-negro.