terça-feira, 31 de agosto de 2010

Uma nação centenária

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Por Leonardo Martins


O clube que desperta todas as emoções na torcida do Brasil chega ao seu centenário nesta quarta. É o Sport Club Corinthians Paulista, clube da segunda maior torcida do País, o mais novo integrante do grupo de clubes centenários no futebol brasileiro. Pode ter todas as emoções possíveis, amor, ódio, indiferença, mas a contribuição deste clube ao futebol brasileiro é inegavelmente grande.

A fundação do time aconteceu depois de uma visita do Corinthian-Casuals, clube inglês, a São Paulo e a partir daí, nascia uma bela história de amor, para com sua torcida, e ódio, para as outras torcidas.

O primeiro jogo do Timão aconteceu dez dias depois da sua fundação ao enfrentar um time amador da cidade, o União da Lapa, a derrota veio, mas depois viria muitas vitórias e conquistas. O primeiro campeonato veio em 1914 com o primeiro dos 26 títulos paulistas conquistados pelo Alvinegro.

Na década de 20, o Corinthians viu o nascimento dos seus futuros rivais São Paulo e Palmeiras e alguns títulos vieram, assim como a torcida que começara a ser Fiel, apelido que a caracteriza até hoje. O Timão conquistou o tri-paulista em 1922/23/24.e mais títulos na década de 30.

Neste período, o Parque São Jorge foi adquirido e lá viraria o coração da Nação Corintiana. Em 1940, o Pacaembu é inaugurado e marca uma década ruim do Corinthians, onde o clube só conquistou um título, 1941. Os títulos vieram na primeira metade de década de 50, 3 títulos em 4 anos. Sendo um importante, o de Campeão do Quadrcentenário da Cidade de São Paulo conquistado em 1954 diante do rival Palmeiras.

Aí começaria uma das páginas mais sofridas da história do Timão, uma seqüência inimaginável de anos sem títulos. Nessa década, o torcedor corintiano viu nascer um dos seus principais carrascos, o Rei Pelé. O Corinthians teve 12 anos de sofrimento sem vitórias sobre o Santos até o gol de Flávio, em 1968, decretou o fim do tabu diante da equipe do Rei.

Se o Santos já fora batido, o jejum de títulos incomodava bastante a torcida corintiana. Neste período, o futebol brasileiro ganha um presente do time de Parque São Jorge, o nascimento de um craque, Rivellino, o Reizinho do Parque, como era chamado, tinha uma canhota sensacional. Rivellino, ainda jovem, foi um dos pilares do Tricampeonato Mundial conquistado por nossa Seleção em1970.

Na década de 70, o título era perseguido a todo custo, mas ele não vinha. Uma das principais chances de saída da fila aconteceu em 1974, onde o Time chegou a final do Campeonato Paulista, mas perdeu para o rival Palmeiras. A derrota foi tão traumática que o ídolo Rivellino saiu para jogar no Fluminense.

Fluminense, que protagonizou uma das histórias mais lindas da história centenária do Corinthians em 1976. As duas equipes disputavam a semifinal do Campeonato Brasileiro e se enfrentariam no Maracanã em jogo único, e a torcida corintiana, literalmente, dividiu o gigante com a torcida tricolor. Foram 70 mil corintianos na chamada “Invasão Corintiana” que deram o seu apoio ao time para derrotar o favorito Fluminense, de Rivellino, e garantir a passagem para uma inédita final do Brasileiro. Mas na final, o Corinthians sucumbiu-se diante do bicampeão Internacional, mas a fila de títulos estava por terminar.

E a fila terminou em 1977 com o título paulista. Era o dia 13 de outubro, uma quarta-feira, o Estádio do Morumbi estava lotado para soltar o grito de campeão, mas do outro lado estava a Ponte Preta, fortíssima equipe. O jogo foi sofrido até os 36 do segundo tempo, quando, após tentativas de Vaguinho e Wladimir, Basílio colocou a bola no fundo do gol da Macaca. Era o fim do jejum tão aguardado pela Nação.

E o gol de Basílio iniciou tempos de ouro no Corinthians. Na década de 80, o Corinthians, em tempos de Ditadura, instituiu a Democracia Corintiana, onde os jogadores tinham liberdades jamais vistas no futebol até então. Comandados por Sócrates e Casagrande, a Democracia ganhou o bicampeonato paulista em 82/83. Mas a Democracia acabou com a venda de alguns jogadores para o futebol europeu.

No inicio da década passada, o Corintiano se queixava da ausência do título nacional e ele veio em grande estilo. Um jogador de rara qualidade, principalmente nas cobranças de faltas, chegou para carregar o time até o título brasileiro, este era Neto, um craque-problemático. O Xodó da Fiel, como é conhecido, foi fundamental na conquista brasileira em 1990 diante do rival São Paulo. O gol do primeiro título brasileiro foi marcado por Tupãzinho.

A década de 90 foi marcada por altos e baixos, alternando campanhas boas e ruins no Paulista e no Brasileiro, o Corinthians já nas mãos de Alberto Dualib, conquistava títulos e dívidas. O ano de 1995 foi especial para o corintiano com os títulos paulista e da Copa do Brasil e a vaga na Libertadores, mas o título sul-americano não veio diante do Grêmio.

Em 1997, um quase rebaixamento para a segunda divisão só fortaleceu o time. Em 1998, o embrião do timaço que levaria as maiores glorias da história do clube nasceu e com um representante da primeira conquista, Dinei, no time ao lado das estrelas Rincón, Vampeta e Marcelinho Carioca, o Time alvinegro derrotou o Cruzeiro e conquistou o segundo título brasileiro. No ano seguinte, o Timão repetiu a dose diante de outro mineiro, o Galo, e chegou ao bicampeonato seguido.

Estas duas conquistas credenciaram ao Corinthians a disputar o Mundial da Fifa, disputado em 2000 no Brasil. O Corinthians venceu o poderoso Real Madrid e chegou a final do torneio numa decisão caseira contra o Vasco. No pênalti perdido por Edmundo, o mundo era Alvinegro. Muitos torcedores rivais contestam este título mundial porque o Corinthians não ganhou a vaga como Campeão da Libertadores, mas o que vale é que o Corinthians é campeão mundial.

Mas a não-conquista da Libertadores ainda incomoda a torcida Fiel. As eliminações seguidas para o rival Palmeiras em 99 e 2000 ainda doem. Assim como as derrotas para River Plate em 2003 e 2006 em casa.

Na atual década, o Timão foi do céu ao inferno e voltou ao céu em apenas 4 anos. Em 2005, um grande time foi montado pela parceira MSI que trouxe craques como Roger, Carlos Alberto, Nilmar e os argentinos Mascherano e Tevez, este virou ídolo rapidamente. Em um campeonato conturbado pelas suspeitas de manipulação de resultados, o Timão conquistou seu quarto título brasileiro.

Mas a MSI que colocou tantos craques no Timão foi investigada por transações irregulares e os donos saíram do país e deixaram o clube numa situação financeira caótica. Resultado, o rebaixamento da equipe a Segunda Divisão após uma campanha pífia no Brasileirão em 2007. Foi um dos períodos mais tristes da história corintiana, mas que serviu para reerguer o gigante.

A Fiel não abandonou o time na segundona e o Timão montou uma equipe de Série A que levou com facilidade a equipe a Elite. Em 2009, o ano começou com uma contratação bombástica, a volta de Ronaldo, o Fenômeno, ao futebol brasileiro mostrou que o Corinthians voltava com tudo. Comandados por Mano Menezes, o Timão repetiu 1995 e conquistou o Campeonato Paulista, de forma invicta, e a Copa do Brasil. Consequentemente, a volta a Competição mais desejada pela Fiel, a Libertadores, no ano do Centenário.

Então chegou 2010 e veio outro pentacampeão mundial para tentar o título inédito, Roberto Carlos, mas o sonho acabou num duelo caseiro contra o Flamengo. Só restou a tentativa do quinto título brasileiro para salvar o ano do centenário e o time vem brigando com o Fluminense pela liderança.

Mas o Centenário marca o inicio de uma nova era com a construção do tão sonhado estádio que, provavelmente, será sede da abertura da Copa de 2014 no Brasil e um clube próspero com isto.

Esta foi a história e um pouco da paixão de uma grande nação por seu time. Um clube amado por muitos e odiado por outros muitos, mas que é um patrimônio do futebol brasileiro.

Parabéns CORINTHIANS PELO SEU ANIVERSÁRIO