domingo, 15 de agosto de 2010

Flamengo bate o Ceará e quebra jejum de vitórias

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Por Gabriel Seixas

Flamengo e Ceará fizeram o típico jogo que certamente poderia (e até merecia) terminar sem gols. Duas equipes bem postadas defensivamente, mas que erravam muitos passes, não tinham criatividade no meio-campo e finalizavam pouco. Numa partida tão igual, o que acabou decidindo foi a individualidade. Interprete como quiser: isso vale tanto para o flamenguista Willians, que invadiu a área adversária com velocidade e sofreu pênalti, quanto para o cearense Anderson, que infantilmente teve pressa em paralisar a jogada e acabou entregando a vitória de bandeja ao adversário.

Coube a Petkovic converter a penalidade que decidiu a partida. Talvez tenha sido o único grande momento de expectativa do jogo. Se o Flamengo mais uma vez ainda não conseguiu se acertar, ao menos conquistou os três pontos e quebrou o incômodo jejum de quatro jogos sem vitória. Com o resultado, o Fla igualou a pontuação do quinto colocado, Internacional (20 pontos). O Ceará, mesmo sem vencer depois da saída de PC Gusmão (Mário Sérgio fez sua estreia no comando, em substituição a Estevam Soares), mantém a duras penas o quarto posto.

Se quiser sonhar com algo mais do que o momentâneo sétimo lugar, antes de tudo, o Flamengo precisa se ajustar taticamente. Digo e repito que Rogério Lourenço não é o nome ideal para reconduzir o time ao caminho das vitórias, ainda que seja prejudicado por não ter um bom elenco em mãos. No jogo de hoje, fez uso do sistema tático mais retrógrado da atualidade: o 4-4-2 em losango. Pelas características e condição física dos jogadores de frente, obviamente o esquema não deu certo.

A dupla de ataque, Leandro Amaral e Val Baiano, somou a grande quantia de um chute a gol em toda a partida. O primeiro ainda pode ser isento de críticas pela falta de ritmo de jogo, assim como Renato Abreu, escalado na meia-esquerda com a missão de fechar os espaços pelo setor e melhorar a saída de bola. A falta de ousadia do adversário permitiu que Renato não comprometesse na defesa, mas na distribuição de jogo, sentiu a falta de ritmo.

Petkovic é outro caso à parte. Parece coincidência o fato do sérvio não render o que pode com Lourenço no comando, mas não é. O fato de existirem dois atacantes isolados na frente sem responsabilidades defensivas obriga Pet a recompor o jogo, mas a idade e consequentemente o vigor físico não lhe permitem tal função. Resultado: outros jogadores acabam excessivamente sobrecarregados, sobretudo a dupla de volantes Correa e Willians, outra vez colecionando ótima atuação.

Já não é novidade nenhuma a dupla destoar positivamente do resto do time, especialmente Willians. Além de roubar diversas bolas na defesa, ele ainda corrigiu simultaneamente outra grave deficiência do Fla, a criação de jogadas. Pelo lado direito, imprimiu muita correria e disposição, mas com a bola no pé, não é lá grande coisa. Ainda assim, criou a jogada do gol rubro-negro, na qual cortou a defesa cearense pelo flanco direito e foi derrubado por Anderson dentro da área.

Outro ponto positivo do Flamengo no jogo foi a consistência defensiva, o que não pode ser baseado apenas na inoperância ofensiva do Ceará, mas sim pelas atuações recentes. A dupla de zaga Ronaldo Angelim e Wellinton transmitiu relativa segurança, assim como Marcelo Lomba na meta, novamente sem sofrer gols. Nas laterais, o grande problema. Pela direita, Leo Moura fez uma de suas piores partidas na temporada, enquanto nenhum outro jogador irritou tanto a massa rubro-negra quanto Michael na outra lateral.

O Flamengo encontrou o caminho das vitórias, mas não o seu estilo de jogo ideal. Quanto ao Ceará, as estatísticas falam por si só: um time que sofre e marca poucos gols. Depois da saída de PC Gusmão, que colocou o alvinegro na vice-liderança, o Vozão ainda não achou seu rumo. Pelo que vem jogando, a tendência é continuar ladeira abaixo, o que pode ressuscitar o que era inevitável antes do campeonato, mas que ficou em xeque nas primeiras rodadas: a briga contra o rebaixamento.

Curtinhas:

- Em franca ascensão no campeonato, o Botafogo derrotou o lanterna Atlético Goianiense fora de casa por 2 a 0 e assumiu o terceiro lugar. Os gols da vitória foram marcados por Somália e Jóbson, que colocam dois cariocas no G-4 pela primeira vez desde novembro de 2007.

- Na Arena Barueri, Felipão venceu a primeira sob o comando do Palmeiras. O alviverde bateu o Atlético Paranaense por 2 a 0, gols de Danilo e Ewerthon, este que entrou no segundo tempo. Valdivia assistiu a partida das tribunas, e Scolari foi expulso por reclamação na etapa final.

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