domingo, 25 de abril de 2010

45 minutos de um time campeão

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Por Gabriel Seixas


- Não foi uma atuação de gala dos Meninos da Vila, e nem era de se esperar. Muito se falou do Santos durante a semana, e pouco se lembrou que o Santo André também era finalista. E o Ramalhão teve seus méritos, sobretudo nos primeiros 45 minutos, quando saiu ganhando por 1 a 0, neutralizando as principais válvulas de escape do Santos. Na volta para o segundo tempo, mesmo sem Neymar, contundido, o Peixe mostrou porque é o melhor time do campeonato: virou pra 3 a 1, e ainda sofreu um gol no fim, mas nada que não leve a crer que o Santos será o campeão paulista deste ano. E com justiça.

- A atitude do Santo André nos primeiros 45 minutos foi surpreendente. O time imprimiu uma forte marcação, sobretudo pelo lado direito, com Cicinho e Gil, e soube conter as descidas de Leo e Neymar por aquele lado. Na frente, o time mesclava a cadência de Bruno César, aquele camisa 10 clássico que o futebol brasileiro sente falta, e a velocidade de Rodriguinho, vice-artilheiro do estadual.

- O jogo foi bastante aberto, com muitas chances de gol criadas pelos dois times. Surpreendentemente, o Santo André tinha as maiores (e melhores) ações da partida: logo aos dois minutos, Toninho aproveitou cobrança de escanteio, e mesmo sem goleiro, cabeceou pra fora. No minuto seguinte, foi a vez de Rodriguinho fazer boa jogada e bater na grande área, mas o goleiro Felipe espalmou pra escanteio.

- Faltou ao Santos manter a pegada dos primeiros 10 minutos, onde o time pressionava a saída de bola do Santo André, e conseguiu chegar com Wesley, ainda no primeiro minuto, numa jogada trabalhada à lá Meninos da Vila. Neymar roubou bola, tocou pra Robinho, que passou em profundidade pra Wesley. O meia bateu forte, mas a bola saiu por cima.

- Mas o Ramalhão continuava melhor. Branquinho teve boa chance aos 20, mas Felipe espalmou. Aos 35, através de bola parada, o Santo André merecidamente abriu o placar. Bruno César cobrou falta da entrada da área, no canto do goleiro Felipe. Atrapalhado pela grande quantidade de jogadores à sua frente, o goleiro santista não alcançou a bola, que morreu no fundo das redes.

- A melhor chance do Santos empatar na etapa inicial foi com Robinho, em jogada trabalhada com Leo (a única pelo lado esquerdo em todo o primeiro tempo), mas o rei das pedaladas bateu pra fora. O Santo André fazia por merecer o resultado positivo, era melhor tanto taticamente, quanto tecnicamente.

- Dorival Júnior, além de provavelmente ter dado uma bronca no time no vestiário, teve de substituir Neymar, que machucou o olho e teve que sair de campo. André foi acionado. O artilheiro da equipe no Paulistão começou no banco de reservas, pois Dorival optou por uma formação mais cautelosa, com Pará na lateral-direita e Wesley (costumeiramente lateral) no meio, deixando apenas Robinho e Neymar na frente.

- Além da mudança tática, o time santista também mudou a postura. André teve boa chance logo no primeiro minuto, mas o goleiro Júlio César encaixou a bola. Aos três, André fez o pivô e Marquinhos bateu de fora da área, e a bola passou perto. De tanto insistir, o gol de empate veio aos 12 minutos. Leo cobrou escanteio curto para Ganso, que dominou dentro da área e cruzou do flanco esquerdo. A bola passou por todo mundo, menos pelo artilheiro André, que cabeceou pro fundo do gol.

- Melhor em campo, o Santos ampliou aos 17, com um jogador que ainda não havia se encontrado em campo: Wesley. Além de ter dado espaços para o Santo André atacar pelo lado esquerdo na etapa inicial, ele também recebeu seu terceiro cartão amarelo, e não joga a segunda partida da final no domingo que vem. Mas quando Robinho puxou contra-ataque e lançou Wesley na direita, o meia santista não perdoou: chutou cruzado e virou o jogo.

- Em vantagem no marcador, o Santos passou a ter tranquilidade (o que faltou no primeiro tempo), e naturalmente, marcou o terceiro gol. Com ele, o nome do jogo: Wesley. Ele recebeu enfiada de bola de Pará, e de novo pelo lado direito, chutou cruzado, pro fundo das redes de Júlio César. A dancinha no gol (e a única no jogo) já mostrava que o Peixe estava mais confiante. E a empolgação só aumentou aos 29 minutos, quando o zagueiro Toninho, do Santo André, foi expulso.

- Nem parecia o mesmo jogo analisando as duas etapas. O Santo André só se soltou aos 30 minutos, quando rezava para não sofrer uma goleada. Rodriguinho recebeu passe de Bruno César, e dentro da área, sozinho, chutou em cima de Felipe. Ao menos, quatro minutos depois, o artilheiro do ABC se redimiu. Rômulo fez grande jogada pela esquerda e cruzou pra Gil. O bom volante do Ramalhão bateu forte, a bola bateu na trave, e na sobra, ela bateu na canela de Rodriguinho e entrou. Gol de artilheiro.

- Parece uma missão quase impossível o Santo André vencer por 2 a 0 na volta, de novo no estádio do Pacaembu. Ao menos se manter a postura dos primeiros 45 minutos do jogo de hoje. O Santos está com a faca e o queijo na mão para levar o estadual, podendo até perder por um gol de diferença no próximo domingo. Do jeito que está, vai ser difícil perder. Promessa de um grande jogo: de um lado, uma garotada encantadora e muito próxima do título, e do outro, uma grata revelação da competição com bons jogadores – e desesperados para vencer.

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