quarta-feira, 23 de junho de 2010

Dramaticidade e emoção na definição do Grupo C

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Por Gabriel Seixas


- Ainda não foi a grande exibição que se espera do English Team, mas sem dúvida a Inglaterra dá sinais de que está em evolução. Com os grandes jogadores em boa forma, os ingleses venceram a Eslovênia por 1 a 0 e garantiram vaga para as oitavas-de-final. No outro jogo, de forma dramática, o Estados Unidos venceu a Argélia por 1 a 0 nos acréscimos. Agora ambos esperam pela definição do Grupo D para conhecerem seus adversários na próxima fase.

- Fabio Capello promoveu duas mudanças na Inglaterra que contribuíram positivamente para o desempenho da equipe. No meio-campo, Lennon foi substituído por Milner, e o winger do Aston Villa foi ótima opção pela direita durante toda a partida, sempre com muita mobilidade e cruzamentos precisos. No ataque, o criticadíssimo Heskey deu lugar ao artilheiro Defoe, do Tottenham, que fez aquilo que dele se espera: gol. O trio Gerrard, Lampard e Rooney também teve atuação destacada, criando jogadas insinuantes e concluindo a gol.

- A Eslovênia ficou abaixo das expectativas, principalmente na parte ofensiva. Com uma base bem definida, o 4-2-2-2 dos últimos jogos foi repetido, mas dessa vez os armadores se omitiram um pouco do jogo. Kirm, pela esquerda, quase não foi notado em campo. O habilidoso Birsa poderia ser mais acionado pela direita, e só ganhou destaque em jogadas de bola parada, principalmente no segundo tempo. Entretanto, os erros não pareciam ter feito falta, até Donovan marcar para os Estados Unidos aos 47 minutos e consequentemente eliminar os eslovenos, que desolados, saíram chorando para o vestiário.

- O ritmo freado das duas equipes fez com que as atenções ficassem voltadas para Estados Unidos e Argélia. Os argelinos começaram tomando a iniciativa, com um chute de Matmour no primeiro minuto, de primeira, e outro de Djebbour, que levou muito perigo, acertando o travessão de Howard. Os americanos só responderam aos 20 minutos, quando o árbitro erradamente anulou um gol de Dempsey, após passe de Gomez.

- Polêmica em um jogo, pressão no outro. A Inglaterra começou a se soltar para o ataque. Em cobrança de falta, Lampard “aqueceu” Handanovic. Entretanto, as melhores opções eram pelos flancos, principalmente com Milner pela direita, que tinha o apoio de Johnson. E foi de Milner a assistência para que Defoe completasse de primeira, pro fundo das redes de Handanovic, que ainda tocou na bola, mas não evitou o gol.

- Em vantagem, os ingleses se soltaram no jogo. Gerrard, deslocado para a esquerda, além de estar jogando muito, também abria espaço para Lampard fluir pelo centro. Sempre aparecendo com perigo no ataque, o English Team criou duas grandes chances de marcar. Na primeira, Milner cruzou, Handanovic se antecipou a Defoe e deu um soco na bola, mas a bola sobrou limpa para Lampard. De primeira, o meia do Chelsea soltou um foguete, mas a bola foi pra fora.

- Na segunda, jogada de pé em pé, a primeira da Inglaterra no jogo. Gerrard lançou Defoe, que da entrada da área bateu forte, mas Handanovic espalmou. No rebote, Gerrard ajeitou de cabeça para Rooney, que mostrou porque é um jogador diferenciado. Mesmo cercado por quatro jogadores, achou espaço para servir Gerrard, que bateu com classe para o gol, mas Handanovic foi buscar no cantinho.

- No outro jogo, o Estados Unidos buscava espaços para arriscar, mas era neutralizado pela Argélia. Dempsey arriscou aos 33 minutos, mas o goleiro Mbolhi defendeu. Resultado: com o empate entre argelinos e americanos e a vitória inglesa, naquele momento estavam classificados Inglaterra e Eslovênia, nessa ordem.

- Quem achou que a Inglaterra diminuiria o ritmo na etapa final, se enganou. No minuto inicial, Defoe levou muito perigo a Handanovic, batendo pra fora. Aos 11 minutos, foi a vez de Terry aproveitar cobrança de escanteio de Barry e cabecear a queima-roupa, mas Handanovic fez outra defesa de cinema. No minuto seguinte, após falha geral da defesa eslovena, Rooney girou o corpo e bateu forte, mas a pelota insistia em não entrar. Dessa vez triscou na trave.

- Foram os últimos momentos de emoção do jogo. Rooney, ainda sem marcar gols na Copa (situação parecida com a de Messi), foi substituído por Joe Cole. Capello apelou para o 4-1-4-1, recuando de maneira precipitada o time, que por sorte, não foi pressionado pela Eslovênia. Àquela altura, as atenções estavam voltadas para Estados Unidos e Argélia. Com Feilhaber na vaga de Gomez, os americanos voltaram com tudo. Dempsey perdeu uma sequência de gols feitos: primeiro finalizou na trave, e a segunda, com o gol vazio, bateu pra fora.

- Foi a vez do atacante Buddle entrar no time americano, e com três minutos em campo, exigiu que Mbolhi fizesse grande defesa. Também precisando vencer, a Argélia sofreu mudanças. O técnico Rabah Saadane lançou Ghezzal e Guedioura nas vagas de Djebbour e Ziani, mas nada suficiente para colocar os argelinos de novo no jogo. A sorte conspirava contra os americanos, mas pode chamá-la de Mbolhi. O goleiro argelino fez outra grande intervenção em cobrança de falta de Bradley, filho do técnico.

- O desespero tomava conta dos americanos nas arquibancadas, e dentro do campo. Bob Bradley foi para o tudo ou nada, colocando o meia Beasley na vaga do lateral Bornstein. Aos 37 minutos, Dempsey foi agredido covardemente por Yahia, que não sofreu nenhuma punição do árbitro.

- Na outra partida, em Port Elizabeth, fim de papo. Inglaterra, classificada, venceu a Eslovênia por 1 a 0. No momento em que Wolfgang Stark soou o apito final, no outro jogo, festa dos americanos. Donovan iniciou um contra-ataque fulminante, servindo Altidore, que cruzou da direita. O iluminado Mbolhi antecipou Dempsey, mas a bola sobrou limpa para Donovan, que concluiu para o gol vazio.

- São nesses momentos que não há como lamentar o fato de ser um fanático por futebol. A sensação de ver uma seleção classificar-se para outra fase em Copa do Mundo aos 47 do 2º tempo, nem que seja o Estados Unidos, nação odiada por muitos e amada por outros, é indescritível. Argélia e Eslovênia, que eliminaram Egito e Rússia (respectivamente) nas eliminatórias, voltam pra casa. Os americanos sagraram-se líderes do grupo, seguidos da Inglaterra.

- Possivelmente, os ingleses já farão um clássico sensacional contra a Alemanha nas oitavas, enquanto os americanos teoricamente esperam por Gana ou Sérvia. Mas como o futebol é imprevisível, tudo pode acontecer. O gol de Donovan nos acréscimos só ilustra porque o futebol é o esporte mais idolatrado do planeta. Num país em que o Soccer está longe de ser tradicional, esse panorama pode tomar novos rumos após o jogo de hoje. Nós, fanáticos por futebol, só temos a agradecer.

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