domingo, 9 de novembro de 2008

Tricolor Gaúcho Bate Palmeiras e segue vivo na briga pelo título do Brasileirão

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Por Fernando Murilo


Em partida de pouca inspiração e muita transpiração, realizada em um Parque Antártica lotado, o time do Grêmio derrotou o Palmeiras, calando os mais de 20 mil fanáticos torcedores palmeirenses.

Antes de analisarmos o jogo, já se viam as evidentes propostas nas quais as equipes estavam dispostas a demonstrar ao longo da partida: a equipe comandada por Celso Roth, com 8 desfalques, montou um esquema tático bastante defensivo (como já é de praxe ao longo do campeonato), se preocupando em defender e saindo na boa pra tentar matar a partida, com Tcheco e Rafael Carioca comandando as ações ofensivas do meia cancha tricolor. Já o treinador Vanderlei Luxemburgo, que não poderia escalar os jogadores Kleber e o Diego Souza (o primeiro por suspensão pelo terceiro amarelo e o segundo por cumprir uma partida de gancho imposta pelo STJD), pôs um time cauteloso, já que colocou o ponta Denílson no ataque, deixando o centro-avante Lenny no banco, enquanto entrou com Evandro para a vaga de Diego Souza.

Com a bola rolando, o que se via era um Palmeiras sem inspiração ante uma muralha gremista. Com todos os seus jogadores marcando incessantemente, além de um Tcheco mostrando toda a força e raça do time do sul, o Grêmio conseguia segurar o time alviverde e sempre saía com perigo nos contra-ataques. A equipe comandada pelo Vanderlei Luxemburgo sentia falta da inspiração do Diego Souza, que mesmo em queda de produção era essencial para uma partida como esta, alem de ter um Alex Mineiro isolado, sentindo falta de um companheiro para jogar mais próximo e que segurasse mais a bola.
Diante disto, o avante palmeirense voltou buscando jogadas no meio-campo durante a primeira etapa, e o que se via era uma tremenda inversão de papéis nas jogadas da equipe alviverde: um Alex Mineiro cruzando e um Evandro disputando as bolas de cabeça com as torres gremistas.

Para registrar lances importantes da primeira etapa, só alguns desses cruzamentos surtiram algum efeito, além de algumas arrancadas do bem marcado Denílson. Já pelo lado gremista, o atacante Marcel perdeu o chamado “gol de cego”, quando sozinho com o goleiro Marcos após excelente passe do atacante Reinaldo, mandou a bola com uma finalização até bem feita, mas que saiu ao lado esquerdo do goleiro palmeirense e indo para fora. O Rafael Carioca, jogando uma barbaridade neste jogo, fez grandes arrancadas e numa delas pôs o Reinaldo cara a cara com Marcão, que fez uma excelente defesa, pondo a bola pra escanteio. Para registro ainda na primeira etapa, um chute “bambo” do Denílson, que passou ao lado da meta defendida pelo goleiro Vítor refletiu como foi o Palmeiras na primeira etapa: um centro-avante artilheiro disputando a artilharia do campeonato brasileiro que não finalizou no gol adversário.

Após as roncas do vestiário, o Palmeiras voltou com postura diferente no segundo tempo. Buscando mais o seu atacante-referência, as bolas foram mais perigosas, surtindo inclusive alguns lances perigosos. Em uma tabelinha entre Denílson e o camisa nove palmeirense, o jogador conhecido como “firuleiro” entrou na área, mas foi muito bem barrado pela defesa gremista. Entretanto, as jogadas pela ponta-esquerda desse jogador estão suprimindo uma jogada que sempre foi mortal ao longo deste campeonato para a equipe alviverde: as subidas do bom lateral Leandro, que nem sempre estão sendo aproveitadas. Percebendo isto, além do visível cansaço físico do Denílson, Vanderlei Luxemburgo sacou o ponta, colocando o jovem Jorge Preá em campo. Com sangue novo no ataque, a equipe palmeirense ainda esboçou uns lampejos da equipe que brilhou no campeonato Paulista no primeiro semestre. O Grêmio, acuado em campo, tentava lançar as bolas pros seus atacantes sem sucesso, e ainda mandou um chute perigoso com o William Magrão, arriscando de muito longe. Entretanto, uma alteração fita pelo Luxemburgo foi crucial e evidente para o resultado da partida: a saída do volante Jumar para a entrada do também volante Maicossuel, que vinha sendo o destaque em roubadas de bola e levando o time palmeirense ao ataque durante todo o tempo que esteve em campo, foi determinante para o Grêmio retomar as ações dentro de campo. Com um espaço maior nesse setor, o time gremista voltou a tocar bem a bola entre seus jogadores mais talentosos (Tcheco e Rafael Carioca), dominando assim o time palmeirense até o momento do gol. E este gol saiu de maneira estranha, mas sempre na característica gremista: bola na área lançada pelo Tcheco. O tipo da bola mortal para qualquer goleiro, já que Marcos ficou esperando o desvio pelos jogadores presentes na área. Pois é, ninguém desviou e a bola entrou direto, no fundo do barbante, inaugurando o placar em pleno Palestra Itália.

O que se viu depois disso foi a clara demonstração de um time atordoado pelo gol sofrido. O reflexo maior disso foi Marcos, símbolo maior da equipe alviverde, indo pra área adversária em plenos 28 minutos do segundo tempo para disputar bolas aéreas. O time se desajustou em campo, e a falta de tranqüilidade de um capitão e símbolo era refletido para todos, que tentavam, sem nenhuma inspiração, algum lance de perigo. A muralha gremista, completamente intacta e marcando de maneira “inteligente”, fazendo faltas no meio-campo para evitar expulsões, conseguia impedir o ímpeto palmeirense. Nem a entrada do atacante Lenny em lugar do contundido Pierre viria a ser um aspecto positivo para a equipe alviverde, já que o mesmo perdeu várias bolas de graça para os defensores gremistas. O isolado Alex Mineiro ficou sem receber uma bola durante todo este tempo de tentativa de reverter esta situação, mostrando como a equipe palmeirense estava descontrolada.

Em um dado momento, na tentativa de um contra-ataque, o time palmeirense foi parado com uma agressão do zagueiro Jean, da equipe gremista, e este acabou sendo muito bem expulso pela arbitragem. Mas não adiantava: o que se via era um Palmeiras confuso dentro de campo, com um ícone para a torcida desrespeitando a orientação do técnico e indo para o ataque desenfreadamente. E assim o jogo se procedeu, até o seu final, com uma torcida de gaúchos em festa num Parque Antártica triste e amargurado.

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