segunda-feira, 19 de abril de 2010

Botafogo vence Flamengo e consagra-se campeão carioca

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Por Gabriel Seixas

- Um título que valeu por uma luta que já durava quatro anos. O torcedor botafoguense estava com o grito de ‘é campeão’ entalado na garganta, e pôde soltar hoje com uma vitória dramática do alvinegro por 2 a 1 sobre o Flamengo, que garantiu ao Fogão o título antecipado do Campeonato Carioca sem a necessidade da finalíssima, pois o time ganhou tanto a Taça Guanabara, quanto a Taça Rio, esta neste domingo.

- Não foi uma campanha brilhante, é bem verdade, mas o Botafogo teve seus méritos nos jogos decisivos. Hoje foram muitas as ‘estrelas solitárias’, a começar pelo homem da prancheta, Joel Santana. Além de ter reerguido a moral do time durante o campeonato, neste jogo, foi mais uma vez fundamental. Fez um ótimo trabalho tático, anulando as principais válvulas de escape do time rubro-negro (Leo Moura e Vagner Love) com marcações individuais, no caso, Somália e Fahel, respectivamente.

- O jogo começou nervoso. Para conter a rispidez dos times, o árbitro Gutemberg de Paula Fonseca não hesitou em escolher um método nada comum: distribuir cartões amarelos a cada falta, praticamente abdicando da conversa com os jogadores. Ao todo, foram 15 jogadores amarelados durante todo o jogo, mais da metade de todos que estiveram em campo.

- O Botafogo era melhor em campo, parecia mais aguerrido, com vontade de vencer, apesar de carecer de técnica. Com isso, as bolas paradas foram as principais aliadas do Bota no jogo. Na primeira chance, aos 20 minutos, Renato Cajá (que substituía Lucio Flávio, contundido), bateu falta no ângulo, mas Bruno espalmou pra escanteio. Na cobrança, Cajá mandou pra área, e quando Fabio Ferreira deu o impulso para o cabeceio, Ronaldo Angelim segurou sua camisa. O juiz marcou pênalti.

- Na cobrança, o argentino Herrera bateu mal, no meio do gol, mas a bola entrou. Festa alvinegra no Maraca! E logo após o gol, Andrade resolveu mudar o time do Flamengo: colocou Vinicius Pacheco no lugar de Toró (que já tinha cartão amarelo), procurando aproximar o meio-campo ao Império do Amor, que até então estava sumido.

- Para fugir da ótima marcação botafoguense, os rubro-negros tentavam abrir o jogo pelas pontas. Sem opções, abusaram dos chuveirinhos pra área. Em três deles, Adriano desperdiçou, sendo que em um deles, aos 34, mandou de voleio após cobrança de falta de Michael. Mas no último minuto da etapa inicial, o desespero deu certo. Michael pegou a bola na ponta direita, cortou Fahel, e quando só tinha ângulo para cruzar com a perna direita, que não é a boa, parou a bola e cruzou de canhota. A bola encontrou Adriano, que desviou pro lado, onde estava o zagueiro David, sozinho. O beque mandou de peixinho, e Jefferson espalmou pro meio, onde estava Vagner Love. O Artilheiro do Amor não perdoou e empatou o jogo, se isolando na artilharia do estadual com 15 gols.

- Na volta para o intervalo, nenhuma alteração nos dois times. E o panorama continuou assim até os 19 minutos, quando Joel Santana já havia colocado Caio e Edno nos lugares de Túlio Souza e Renato Cajá. Pouco antes da entrada de Edno, o Flamengo teve uma grande chance de virar o jogo. Vinicius Pacheco fez grande jogada pela direita e cruzou rasteiro. Love desviou, mas Fabio Ferreira, providencialmente, interceptou a bola, mandando pra escanteio.

- E era com Pacheco, nas costas de Alessandro, que surgiam as melhores jogadas de ataque do Fla. O Botafogo continuou apostando nas bolas paradas, e assim, cavou o lance do segundo gol. Edno cobrou falta da esquerda, e quando Herrera subia para cabecear, Maldonado cometeu um pênalti aparentemente infantil. O chileno recebeu cartão amarelo, e como já havia recebido um no primeiro tempo, foi expulso.

- Aí foi a vez de Loco Abreu se apresentar para a cobrança. Até então sumido do jogo, o uruguaio se consagrou com o gol do título. E ao contrário do nervosismo de Herrera no primeiro pênalti, não faltou categoria no segundo penal: o uruguaio bateu com “cavadinha”, à lá Zidane em 2006, ou Djalminha, mandando um leve toque no meio do gol, por cima. Golaço!

- Depois de marcar dois pênaltis, expulsar um jogador e distribuir cartões amarelos sem controle, Gutemberg de Paula Fonseca marcou outro pênalti, desta vez para o Flamengo. Aos 30 minutos, Fahel segurou Ronaldo Angelim na área, e seguindo sua linha de critério, o juiz deu o penal. Herrera reclamou com o juiz e recebeu cartão amarelo. Inconformado, o argentino continuou falando poucas e boas para o árbitro e acabou expulso, e teve de ser contido pelos colegas para não tomar uma atitude mais drástica contra o autoritário Gutemberg.

- Adriano se apresentou para a batida. O Imperador sabia que, em caso de derrota, boa parte da responsabilidade cairia pra si, e se perdesse aquele pênalti, a casa desabaria de vez. E foi isso que aconteceu. Adriano bateu no canto esquerdo de Jefferson, no cantinho, que voou para espalmar. O “homem de gelo” alvinegro consagrou-se como o melhor em campo naquele momento.

- Já com Fierro e Petkovic nos lugares de Michael e Leo Moura, o Flamengo virou todo ataque. O zagueiro David virou atacante, Bruno se posicionava praticamente como um cabeça-de-área. O Botafogo aproveitava os espaços, e só não matou o jogo aos 38 minutos porque Caio perdeu um gol feito, apenas com Angelim à sua frente.

- Na melhor chance de cavar um empate e levar a decisão para os pênaltis, Rodrigo Alvim pegou rebote do goleiro Jefferson e bateu forte, mas Somália, um dos mais vibrantes em campo, salvou próximo à linha. Após três anos batendo sempre na trave, e sempre contra o mesmo rival, o Botafogo conseguiu o título carioca. Parabéns a equipe, comissão técnica e torcedores do Glorioso. Finalmente, o Botafogo pode bater no peito e dizer que é, pelo menos na teoria, o melhor time do Rio de Janeiro.

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