sábado, 3 de julho de 2010

Alemanha despacha Argentina e se garante nas semifinais

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Por Gabriel Seixas

- 13 gols marcados (melhor ataque), 2 sofridos, quatro vitórias em cinco jogos, dois dos cinco artilheiros da competição. Estes são apenas alguns números que só ilustram a irretocável campanha da Alemanha na Copa do Mundo, que até aqui, vem se mostrando o melhor time da competição. Nunca é demais elogiar a coragem e a ousadia do técnico Joachim Löw, que apostou em um elenco jovem e vem colhendo os frutos do ótimo trabalho, a cada jogo confirmando ainda mais o status de favoritos ao título.

- Na estreia, foram quatro gols pra cima da Austrália. Nas oitavas-de-final, uma atuação irretocável que culminou numa sonora goleada por 4 a 1 sobre a Inglaterra. Hoje, frente à Argentina, um convincente 4 a 0. Foi a quebra de um tabu de 20 anos sem vencer os argentinos, apesar de que, nesse período, os resultados mais importantes deste confronto tenham favorecido a Nationalelf. Na última vitória germânica até então, na Copa de 1990, foi justamente o triunfo que decidiu aquele Mundial a seu favor.

- Em 2006, Alemanha e Argentina também se encontraram nas quartas-de-final de uma Copa do Mundo. Nos 120 minutos de tempo normal e extra, empate em 1 a 1. Nos pênaltis, vitória da Alemanha, que terminaria aquele Mundial (no qual foi sede) em 3º lugar. Só que o futebol burocrático de quatro (e muitos) anos atrás deu lugar a um time jovem, ofensivo, e que a cada jogo, revoluciona a tradicional escola alemã – de forma positiva.

- A garotada alemã sobrou em relação aos comandados de Diego Maradona. Schweinsteiger foi o nome da partida, não só pelas duas assistências, mas pela ótima distribuição de jogo e qualidade na saída de bola. Simplesmente todas as jogadas trabalhadas da Nationalelf passam pelos seus pés. Enquanto os marcadores argentinos preocuparam-se com Özil (que ainda sim fez ótima exibição), Schweinsteiger teve liberdade para criar e se aventurar com muito mais frequência no ataque.

- O 4-2-3-1 germânico novamente funcionou com perfeição, mesmo porque ficou iminente a desorganização tática dos argentinos no campo de defesa. Se Jonas Gutierrez era um problemão na lateral-direita nos primeiros jogos da albiceleste, Otamendi não se mostrou um dos melhores substitutos, sofrendo com as descidas de Özil e Podolski. No meio-campo, apenas Mascherano marcava com eficiência, pois Di Maria e Maxi Rodriguez, muito abertos pelas pontas, foram improdutivos na marcação.

- Os 100% de aproveitamento dos argentinos na Copa até então mascararam de certa forma as limitações da equipe. Nem no ataque a equipe obteve êxito, com muitos chutes sem direção, e naqueles que acertaram o alvo, pouco trabalho a Neuer, que em nenhum momento foi obrigado a espalmar uma bola difícil. Higuaín ficou isolado na frente, Tevez se movimentou pouco e Messi...ah, Messi...os deuses não estavam a seu favor na África do Sul.

- Depois de quatro ótimas exibições pela Argentina neste Mundial, o craque do Barcelona foi pouquíssimo notado no jogo de hoje. Resultado: tudo o que fez em solo africano será apagado pelo fato de não ter marcado um gol em cinco jogos. O melhor jogador do mundo e grande artilheiro da última temporada europeia acaba ilustrando o fiasco da albiceleste, mas de forma alguma pode ser considerado responsável pela eliminação. Apesar dos inúmeros talentos individuais, faltou conjunto para a Argentina.

- E é justamente a mistura de talento individual e conjunto que faz da Alemanha o melhor time desta Copa (o que não significa que será campeã, obviamente). São jogadores que tem tranquilidade para trabalhar a bola, e quando percebem um companheiro em melhor posição para criar ou definir jogadas, não pensam duas vezes em servi-lo. Mais do que isso, o fato de abrir o placar no início de jogo fez a diferença. Aos 2 minutos, Müller aproveitou falta cobrada por Schweinsteiger e resvalou de cabeça, marcando seu quarto gol no Mundial.

- Por sinal, Müller foi (e vem sendo) taticamente providencial, mas recebeu o segundo cartão amarelo e será desfalque para a semifinal. Incógnita antes da Copa, hoje tem quatro gols e três assistências na conta, com apenas 19 anos. O entrosamento com Lahm – no Bayern de Munique e na seleção – impressiona, que hoje foi mais tímido, já que as melhores jogadas eram construídas pelo outro lado, nas costas do fraquíssimo Otamendi. A solidez defensiva, principalmente com a segurança que a dupla de zaga (Mertesacker e Friedrich) e principalmente de volantes (Schweinsteiger e Khedira) permitem, favorece o apoio dos laterais.

- Apesar da superioridade em campo, a Alemanha demorou para construir a goleada. Só marcou o segundo gol aos 23 minutos do segundo tempo, através de Klose, que aproveitou assistência de Podolski e tocou para o gol vazio. Pouco depois foi a vez de aparecer o homem do jogo, Schweinsteiger, que avançou pela esquerda, cortou Di Maria, Pastore e Higuaín e serviu o zagueiro Friedrich, recém-transferido para o Wolfsburg, que de carrinho, completou para o gol.

- Com a partida ganha, limitando-se a aproveitar os inúmeros erros do adversário, a Alemanha ainda encontrou o quarto gol. Em jogada de contra-ataque, Özil cruzou da esquerda para Klose, que de primeira, completou pro gol. E não foi só a Argentina que lamentou o gol marcado pelo artilheiro germânico. Ronaldo ‘Fenômeno’, maior artilheiro da história das Copas com 15 gols, agora vê Klose na sua cola com 14 gols marcados em Mundiais. Nesta que deve ser a última Copa do centroavante do Bayern de Munique, ainda lhe restam duas partidas para marcar ao menos um gol e igualar a marca. Superá-la também é um sonho absolutamente possível.

- Até maior que a capacidade de Klose de ser o maior artilheiro das Copas, só a da Alemanha de chegar a final deste Mundial. Se der a lógica, a Nationalelf reeditará o confronto da final da Eurocopa de 2008, encarando a Espanha, desta vez na fase semifinal de uma Copa. Seria precipitação dizer que é uma final antecipada, mas sem dúvida alguma, será um grande jogo. Duas equipes com estilos de jogo definidos, envolventes e encantadores. Definitivamente, essa não é a Copa das seleções sul-americanas.

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