sábado, 3 de julho de 2010

Raça uruguaia volta as semi

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Por Gabriel Seixas


- Em um jogo espetacular, Uruguai e Gana se enfrentaram no Soccer City, para ver quem enfrentaria a Holanda na Semifinal da Copa 2010. O jogo foi um dos mais sensacionais da História dos Mundiais, aconteceu de tudo. Resultado não poderia ser outro, disputa de Pènaltis e vitória uruguaia, que recoloca o time entre os quatro melhores do mundo após 40 anos.


- Os candidatos a herois deste jogaço que o mundo viiu no Soccer City são muitos, mas dentre eles, quem se destaca é Luis Suarez. Ele não marcou o gol da classificação, não deu uma assistência, muito menos defendeu um pênalti. Por ironia do destino, Suarez foi expulso, e por mais contraditório que pareça, saiu como o símbolo da classificação. Mas tudo tem uma explicação: Uruguai e Gana persistiam num empate em 1 a 1 em 120 minutos, somados o tempo normal e a prorrogação.


- Eis que, nos acréscimos do tempo extra, Adiyiah acerta uma cabeçada com destino certo: as redes. O goleiro Muslera, vendido no lance, não tinha a mínima chance. Victorino, também embaixo da trave, não conseguiu alcançar a Jabulani. Por sorte, lá estava o artilheiro Suarez para...mandar a bola pra escanteio! Mais que uma defesa espetacular, o atacante se sacrificou em prol do time. Foi expulso, não jogará as semifinais, dificilmente será liberado para a final, mas permitiu aos uruguaios a chance de ainda sonharem com a classificação. Sonho que ficou ainda mais próximo com o pênalti perdido por Asamoah Gyan.


- Nas cobranças de pênaltis, surgiram os novos postulantes à herois. Muslera defendeu dois pênaltis (cobrados por Mensah e Adiyiah) e se redimiu da falha no gol de Gana no tempo normal, marcado por Muntari. O outro é ‘Loco’ Abreu, aquele mesmo, do Botafogo, que substituiu Cavani na etapa final e nada fez. A sua consagração não veio apenas com o gol da classificação, mas sim da forma que foi feito o gol. No seu melhor estilo ‘cavadinha’, que já havia surpreendido Bruno na final do Campeonato Carioca, também vendeu Kingson no jogo de hoje.


- Foram muitos os elementos que marcaram esta partida que tinha tudo pra ser a pior das quartas-de-final, e se acabou mesmo não sendo um primor de nível técnico, proporcionou uma das maiores emoções já vistas na história dos Mundiais. Uruguaios e ganenses, classificados e eliminados, respectivamente, escreveram juntos esta linda história. Infelizmente, não foi desta vez que uma equipe africana conseguiu alcançar as semifinais de uma Copa. Sem dúvida, na melhor das oportunidades (hoje), não só os ganenses, como os africanos em geral, ficaram desolados.


- A partida foi bastante alternante, com as duas equipes ‘revezando’ o domínio do jogo. No primeiro tempo, o Uruguai foi melhor, atuando no 4-1-4-1, diferente de outras partidas. Por opção tática, Oscar Tabarez sacou Álvaro Pereira e colocou o meia Álvaro Fernandez para jogar aberto pela direita, deslocando Cavani para o outro lado e fazendo de Forlán um “enganche”. Luis Suarez, sozinho na frente, pouco rendeu. Fucile, que era zagueiro pela esquerda, virou um autêntico lateral-esquerdo.

- Mesmo sofrendo pressão, quem abriu o placar foi Gana, no minuto final do primeiro tempo. Aos 45 minutos, Muntari arriscou de fora da área e a Jabulani pegou uma curva digna de uma bola sobrenatural, como Luis Fabiano a definiu antes do Mundial. Pior para Muslera, que falhou ao não defender um chute de longa distância que não desviou em ninguém, vendo a bola morrer no fundo das redes.

- Na volta para o segundo tempo, Tabarez praticamente assumiu o erro em sua escalação. Sacou o inoperante Álvaro Fernandez para a entrada do jovem Lodeiro, e o time ganhou em criatividade e objetividade. Consequência ou não, a Celeste empatou nos minutos iniciais da etapa final, em cobrança de falta de Forlán que passou por todos que procuravam um desvio na área. Kingson, goleiro ganês e um dos melhores da Copa em sua posição, dessa vez falhou.

- Gana esboçou uma reação, dando trabalho para Muslera em finalização de Gyan, mas logo o Uruguai mostrou porque é superior, levando perigo até o minuto final. Em duas oportunidades, Luis Suarez perdeu chances claras de virar o placar. Na primeira, concluindo um cruzamento de Forlán pra fora, sem goleiro, e na segunda, parando em defesa de Kingson. Em contra-ataque, Maxi Pereira também desperdiçou ótima chance.

- Na prorrogação, o presságio era de 30 minutos sonolentos que só serviriam para confirmar a decisão da vaga na disputa de pênaltis. De fato, o tempo extra não foi bom, com as equipes repetindo o reflexo do tempo regulamentar (principalmente na quantidade absurda de passes errados), mas o que faltou em emoção durante todo o jogo foi compensado nos últimos minutos da etapa final da prorrogação.

- Quando a cabeçada do ganês Adiyiah encontrava o caminho das redes, naquele que seria o gol que classificaria pela primeira vez uma seleção africana a uma semifinal de Copa do Mundo, apareceu a verdadeira ‘mano de diós’. Dessa vez não para marcar um gol, como fez Maradona em 1986, mas sim para evitar um, como fez o atacante Luis Suarez. O gol lhe rendeu uma expulsão (e deve lhe render uma suspensão até o final da Copa), mas garantiu aos uruguaios continuarem sonhando com a vaga, mesmo que por alguns minutos.

- Asamoah Gyan foi pra bola. Era o gol da classificação que colocaria Gana como a melhor seleção do continente na história. O gol que o igualaria a Roger Milla, de Camarões, como o maior artilheiro em Copas. Nada disso aconteceu. O artilheiro tomou pouca distância, e a bola balançou o travessão. Nas cobranças de pênaltis, Gyan se “redimiu” e marcou o seu, mas Mensah e Adiyiah erraram por Gana. Pelo Uruguai, os gols de Forlán, Scotti, Victorino e Abreu garantiram a classificação.

- Por sinal, que golaço de Abreu! Se Kingson acompanhasse o Campeonato Carioca, saberia o que o atacante do Botafogo faria na cobrança. Uma cavadinha com estilo e muita perfeição, que deslocou o goleiro ganês. A tranquilidade de Loco contrastou com o nervosismo do time e da nação uruguaia, que no fim das contas, terminou em festa.

- A Celeste fez por merecer. Você, que também está reverenciando o ato heroico de Luis Suarez, não deixe de reverenciar o futebol, e principalmente a Copa do Mundo, que nos proporcionam momentos tão gloriosos quanto estes.


- O Soccer City só volta a ser reaberto para a grande final, mas já viveu sua maior emoção na Copa. Os Uruguaios voltam a jogar na terça, quando enfrentam a Holanda, algoz do Brasil nesta sexta, na Cidade do Cabo. E nâo poderia deixar de terminar este texto com algo pra falar: Obrigado, futebol! Obrigado, Copa do Mundo!!

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