quinta-feira, 22 de julho de 2010

Empate justo no Maracanã

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Por Gabriel Seixas


- Muito equilíbrio marcou o duelo entre Flamengo e Avaí, que colocaram em xeque o bom momento que viviam até então neste período pós-Copa do Mundo. Nas duas partidas que haviam feito após o retorno do Brasileirão, ambos os times venceram todas e se aproximaram consideravelmente do G-4 – inclusive o Flamengo assumiu o quarto lugar. Em campo, o Fla tomou a iniciativa do jogo e teve méritos ao abrir o placar com apenas 10 minutos, mas recuou de maneira desnecessária e permitiu o empate do Avaí na metade da etapa final, quando o gol dos catarinenses já estava mais do que amadurecido.


- Isso significa que, apesar dos sete pontos conquistados dos últimos nove disputados, a cobrança sobre o time rubro-negro por parte da torcida aumentará consideravelmente. Ainda no Maracanã, alguns torcedores esboçaram ofensas ao técnico Rogério Lourenço, que nunca esteve 100% seguro no cargo, e de quebra, vaiaram os jogadores. Marcelo Lomba, que substituiu o ex-goleiro flamenguista (ou possivelmente ex-goleiro mesmo) Bruno, sofreu seu primeiro gol desde que assumiu a titularidade. O Avaí segue firme na parte de cima da tabela, tal como 2009, agora sob o comando de Antônio Lopes.

- O onze inicial rubro-negro que foi à campo é o mesmo que já vem atuando em outras partidas. Atuando no 4-2-3-1 variando para o 4-2-2-2, com Vinicius Pacheco oscilando entre o flanco direito e o ataque com Diego Maurício, o Fla começou melhor a partida. Na única jogada coletiva que a equipe produziu no jogo, abriu o placar com dez minutos. Vinicius Pacheco arrancou pelo meio e rolou para Leo Moura na direita, que de calcanhar, serviu Diego Mauricio. O atacante bateu rasteiro, sem chances para Renan, marcando seu primeiro gol como profissional – o que contribui consideravelmente para sua afirmação como titular do time.

- Entretanto, o Flamengo pecou na sua estratégia de jogo a partir daí. Apesar de quase ter ampliado numa tentativa de gol olímpico de Petkovic, o time desnecessariamente recuou e ainda no primeiro tempo passou a dar muitos espaços para o Avaí, que gostou da partida. Gabriel, aos 26 minutos, teve boa chance em cobrança de falta, mas Marcelo Lomba fez ótima defesa. Por mais contraditório que seja, essa estratégia de se fechar na defesa funcionou bem contra Botafogo e Atlético Goianiense, e isso criou a ilusão de que também funcionaria contra o Avaí. Doce ilusão.

- Na volta para o segundo tempo, o Avaí voltou com Davi e Marcos nos lugares de Robinho e Diogo Orlando. Na teoria, não eram alterações tão ousadas assim, mas o time passou a ter mais consistência num plano tático. Roberto ficou isolado na frente, e isso favoreceu seu rendimento, sendo municiado por Davi e Caio. O lado direito também ficou favorecido com o constante apoio de Patric e Marcos, explorando as costas de Juan, como de costume, um péssimo marcador.

- Rogério Lourenço falhou. Além de ter permitido que o time recuasse, também quebrou o rendimento de alguns jogadores. Correa, preso na marcação, não pôde tirar proveito da sua qualidade no passe. Petkovic, que era pra ser um armador sem muitas responsabilidades defensivas (característico de um 4-2-3-1), foi visto muitas vezes recompondo o meio e cansou rapidamente. Além de tudo isso, Lourenço também demorava para mexer, e quando tirou proveito disso, fez mal. Trocou Vinicius Pacheco por Camacho e não ganhou em nada ofensivamente, tampouco defensivamente.

- Melhor para o Avaí, que amadurecia o seu gol a cada minuto. Roberto desperdiçou um gol embaixo da trave, sem ângulo, mas aos 29 minutos, os catarinenses não perdoaram. O zagueiro Gabriel cobrou falta de muito longe e a bola morreu certeira no ângulo do goleiro Marcelo Lomba, que se esticou todo para espalmar, mas não achou nada. O gol simplesmente inverteu o panorama da partida, com o Avaí se fechando na defesa e o Flamengo se lançando à frente, mas ao contrário dos catarinenses, sem nenhuma organização.

- No desespero, o atacante colombiano Cristian Borja foi acionado, mas assim como os que já estavam em campo, pouco produziu. Faltou inteligência ao Flamengo para jogar com a vantagem, o que curiosamente sobrou nas duas partidas anteriores. A estratégia foi a mesma, mas o Avaí não é o Botafogo ou o Atlético Goianiense. O time confiou demais no próprio taco e acabou despencando do barranco. Como de costume, a massa rubro-negra não perdoou e vaiou em peso o time. Entretanto, será necessário muita paciência a mesma, que ainda verá esta equipe sofrer uma reformulação geral, com as possíveis entradas de David, Renato Abreu, Val Baiano & cia.

- Quanto ao Avaí, a boa campanha novamente surpreende a todos. Apesar do desmanche em relação ao time de 2009 que se garantiu nesta edição da Copa Sul-Americana, os catarinenses reorganizaram o elenco e já demonstraram capacidade de sobra para se manter na parte de cima da tabela, mesmo porque nas últimas três partidas (contando com esta) venceu Palmeiras e São Paulo e empatou fora de casa com o Flamengo. Dizem que empate não é bom para ninguém, mas o de hoje favoreceu positivamente os avaianos. O inconstante Fla agora busca forças para reagir, mas ao menos sofreu um choque de realidade. Quanto menor a ilusão em relação as vitórias sobre Botafogo e Atlético-GO, melhor.

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