quarta-feira, 14 de julho de 2010

No clássico da rodada, Flamengo vence Botafogo

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Por Gabriel Seixas

- Não há outra forma de encarar o clássico entre Flamengo e Botafogo a não ser como um choque de realidade. Dizer que esperava-se um futebol de alto nível é blasfêmia, mas ainda criávamos falsas esperanças de que o mês inteiro que essas duas equipes (e todas as outras brasileiras) tiveram para se preparar para o reinício do Brasileirão fosse convertido em qualidade e entrosamento a elas. Pelo menos nesta largada, faltou futebol e sobraram lamentações pelo fim da Copa do Mundo. Não é fácil ver Xavi, Iniesta, Sneijder e Robben numa grande final, e três dias depois, se “readaptar” a Wellinton, Vinicius Pacheco, Fabio Ferreira, Sandro Silva e outras brincadeiras de mau gosto.

- Em contrapartida, existe um porém que ajuda a explicar este panorama: alguns dos grandes reforços dessas equipes nessa janela de transferências, como Correa, Renato Abreu e Val Baiano pelo Flamengo, e Maicosuel pelo Botafogo, só poderão atuar a partir de Agosto, quando está liberada a utilização de jogadores oriundos do futebol europeu, ou simplesmente fora do Brasil. Ou seja, dos jogadores que entraram em campo, a grande maioria (pra não dizer todos) eram ‘figurinhas carimbadas’.

- Antes que você esteja se perguntando: o vencedor foi o Flamengo, 1 a 0, gol do suplente Paulo Sérgio. Mas poderia ser o Botafogo. Nenhuma das equipes desempenhou um papel digno de merecer três pontos, principalmente no primeiro tempo, onde o Fla até foi ligeiramente melhor. Na primeira avaliação da equipe após as “eras” de Bruno, Vagner Love e Adriano, mais pontos positivos do que negativos, claro. Maldonado também fez falta na contensão, e dos reforços que chegaram (e estão chegando) à Gávea, nenhum entrou em campo.

- Em suma, isso fez com que a torcida rubro-negra tivesse de aturar nomes como Wellinton na zaga, Rômulo no meio-campo e uma dupla de ataque formada por Vinicius Pacheco e Diego Mauricio. Das novidades, apenas Marcelo Lomba no gol agradou. Ponto para a diretoria do Fla, que dá indícios de que o jovem deve ser o titular da meta até o fim da temporada. Quanto ao Botafogo, restou lamentar as ausências do recém-contratado Maicosuel e de ‘Loco’ Abreu, 4º lugar da Copa com o Uruguai.

- Os primeiros minutos mostravam que o Botafogo era a equipe mais organizada, até pelo entrosamento de um elenco que perdeu poucos atletas durante a parada para o Mundial. Em cobrança de falta, Lucio Flavio exibiu boa defesa de Marcelo Lomba. Entretanto, até os 44 minutos do primeiro tempo, foi só. Quem passou a ter o domínio do jogo foi o Flamengo, que teve boa oportunidade com Vinicius Pacheco, que obrigou Jefferson a fazer linda defesa, e Petkovic, que recebeu cruzamento de Kleberson e completou com estilo, pra fora.

- Faltava qualidade técnica aos dois times. Em 45 minutos, os dois times erraram 77 passes. Isso mesmo, SETENTA E SETE passes errados em QUARENTA E CINCO minutos. Só de lembrar que há três dias vimos duas seleções com indiscutível qualidade no passe (Espanha e Holanda), bate um desespero. Nada mais justo do que um 0 a 0 na etapa inicial, que poderia ser 1 a 0 para o Botafogo, se Caio não tivesse perdido um gol feito no minuto final. Não tão feito quanto aquele da final do Campeonato Carioca contra o mesmo Fla, mas digno de revolta da torcida alvinegra.

- Na volta para o segundo tempo, Joel Santana assumiu o risco: trocou o volante Sandro Silva por Edno, alternando esquemas táticos como 3-5-2 e 3-4-3. Assim como no primeiro tempo, nos primeiros minutos deu certo, e num chute de fora da área de Herrera, Marcelo Lomba fez grande defesa. Rogério Lourenço percebeu a apatia de seu time e trocou Diego Mauricio, mais uma grande promessa da base que parece estar naufragando junto com o time, por Paulo Sérgio – que passou por essa mesma fase. Do outro lado, Joel promoveu a reestreia de Jobson, substituindo Caio.

- E no duelo dos técnicos, Lourenço foi mais feliz. Com maestria, Petkovic deu um lindo passe em profundidade para Vinicius Pacheco na esquerda, que emendou um cruzamento rasteiro e Paulo Sergio, livre, completou pras redes. Depois do gol, o Botafogo não criou um lance que mereça registro para uma possível reação, nem mesmo com a entrada de Renato Cajá (não que seja grande coisa, é claro).

- A tendência é que as equipes do Brasileirão comecem a evoluir apenas a partir do próximo mês, consequentemente aumentando o nível técnico do nosso campeonato nacional. Enquanto isso, só nos resta lamentar, até mesmo aqueles que ousavam a pedir a volta da Série A. Para um clássico do tamanho de Fla e Bota, foi muito pouco. Por que não estou surpreso?

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