quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Reds batem os merengues no primeiro duelo da UCL

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Por Fernando Murilo


Em partida de bastante marcação, com ambos os esquemas defensivos mostrando todo seu leque de qualidades, o Liverpool bate o Real Madrid em pleno Bernabéu na tarde de hoje, em jogo a contar pela mão de ida das oitavas de finais da UCL. Estava em campo 14 títulos da Liga Européia de clubes. Um confronto clássico!

Antes do jogo, como já é de costume, daremos uma olhadinha no esquema tático das equipes. Começando pelo mandante do campo, o técnico Juande Ramos tentou dar uma mobilidade que ele vinha tentando durante o campeonato espanhol para tornar o seu time um pouco mais ofensivo: colocando Marcelo no meio e atuando com Heinze pela lateral-esquerda, o técnico da equipe merengue tentava impor um ritmo de mais velocidade no seu meio campo, enquanto que o ataque, comandado pelo experiente Raúl e pelo jovem Higuaín, tentariam finalizar as jogadas criadas. Destaque para o meia Arjen Robben que atuaria como um ponta direita, invertendo o lado que o consagrou como destaque no Chelsea e na seleção holandesa.

Já o time comandado pelo Rafa Benítez, o “rei dos matas-matas” como diz a imprensa européia, atuou sem a sua estrela maior. O meia-capitão e organizador da equipe Steven Gerrard, que vinha se recuperando de uma lesão, estava no banco de reservas, sendo nitidamente poupado pelo treinador espanhol. Desta forma, o Liverpool atuou com Mascherano e Xabi Alonso na meia cancha, Benayoun e Riera abero nas pontas e Kuyt com El Niño Fernando Torres no ataque. Um 4-4-2 clássico.

Com a bola rolando, o que se viu era um Real Madrid ditando o ritmo da partida, já que seus meias estavam muito mais “dentro do jogo” que os do time da terra dos Beattles. Arjen Robben, sempre perigoso, criara as jogadas perigosas da equipe madrilenha. Entretanto, um problema que vem ocorrendo com a equipe espanhola ao longo da temporada: a falta de gols. Vem sendo incrível como o ataque da equipe merengue não transforma seu domínio em finalizações e gols. De registro importante na primeira etapa, podemos citar um chute perigoso de Marcelo, a média distância e uma finalização de Raúl após passe de Robben, ambas sem exigir muita dificuldade ao goleiro Reina. O que se viu na equipe merengue foi um time que jogava sempre por um lado: Robben sem sombra de dúvidas foi o personagem mais acionado ao longo da primeira etapa, deixando claramente em alguns lances Marcelo no mano a mano com Arbeloa, porém a bola não chegava nele.

De chances registradas pelo time do Liverpool, podemos citar o futebol cerebral da equipe, que se impõe em campo com uma tática paciente, que não cansa de marcar e tomar a bola e quando a tem nos pés, esperar a melhor chance para definir a partida. Um único lance no primeiro tempo pode demonstrar isso: Xabi Alonso lançou, o volante Diarra cortou mal e a bola espirrou e sobrou livre para Fernando Torres. O jovem matador espanhol avançou livre enquanto os zagueiros do Real reclamavam impedimento, e obrigando Iker Casillas a fazer uma grande defesa. Outro lance, este mostrando um pouco de genialidade do meio campo inglês, Xabi Alonso viu o goleiro espanhol adiantado e chutou do meio-campo, obrigando o arqueiro merengue a fazer uma defesa difícil.

Com o final da primeira etapa, parte do “projeto Madrid” do técnico Rafa Benítez estava concluído. Porém , ele não sabia que algo de melhor ainda estava por vir.

Ao começo da segunda etapa, o treinador merengue decide mudar seu esquema tático. Guti entra no lugar de Marcelo no meio campo, fazendo com que o time passasse a ter 3 atacantes fixos: Robben, Raúl e Higuaín, e com o Guti para a criação das jogadas. Entretanto, o que se viu foi um tiro pela culatra nessa alteração: os atacantes pouco se entendiam, mostrando falta de entrosamente e definição de quem seria o homem de referência, e muitas vezes a inversão dos pontas Higuaín e Robben confundiam não só a marcação do Liverpool, mas também o próprio setor de criação do time merengue.

A falta de combatividade de Guti começou a abrir espaços pelo setor esquerdo do Real, onde começou a brilhar o futebol de toques precisos e overlaps, comandados por um Benayoun que estava livre e sem muita preocupação defensiva com a saída do Marcelo. Em várias jogadas, o jogador israelita vinha se deslocando em diagonal, abrindo espaços para finalizações de Xabi Alonso e Riera, respectivamente. Foi aí que começou a brilhar o esquema defensivo do Real. Pepe e Cannavaro, zagueiros de qualidade indiscutível, mostraram q ainda estão em forma, parando grande parte das investidas inglesas. Iker Casillas realizando suas já famosas “paradas del pontero” , como são conhecidas as defesas de grau de dificuldade elevado em seu país.

O ataque madrilenho pouco produzia, e os esforçados Higuaín e Robben aionda tentavam algumas jogadas verticais, visando o gol. Mas a falta de um centro-avante mais eficiente, sem também desmerecer a forte marcação do time inglês, fazia com que as jogadas fossem pouco eficientes. De registro, temos apenas um chute de fora do pona holandês, que cortou pra esquerda e bateu A bola tomou um efeito muito rápido, obrigando Reina a mostrar reflexo no lance. Só. A falta de fôlego de Guto comprometeu decisivamente para a falta de criatividade do ataque merengue.

O time do Liverpool aos poucos foi impondo o seu ritmo e dominando as ações no meio-campo. Uma alteração espantosa porém, aconteceu: a saída do El Niño Torres para a entrada de Ryan Babbel. O jovem centro-avante holandês vinha sempre atuando como ponta sob o comando do treinador espanhol, mas desta vez ficou em sua posição de origem. Com a saída do Torres, contundido, o time inglês passou a ganhar mais força física no ataque, criando as jogadas e com um poder de marcação mais forte, impedindo as investidas madrilenhas. O Real pouco criava, e seu desespero foi demonstrado por um chute totalmente bizarro do Sergio Ramos, próximo a linha de fundo, já que seus avantes estavam muito bem marcados pelo time inglês.

O time inglês passou a dominar o time madrilenho, e numa falta na linha de fundo pela esquerda, Fábio Aurélio alçou de pé trocado na área, e Benayoum cabeceou livre pra marcar. Foi um dos únicos erros do sistema defensivo do Real na partida, já que sobraram na marcação Higuaín, Sérgio Ramos e Gago.

Sim, Gago estava em campo! Mas pouco criou, não conseguiu corresponder a fama de “novo Redondo” que a imprensa intitulou. O time não mostrava sua força ofensiva, e ficou muito abatido com o gol, sem demonstrar vontade nenhuma de reverter o placar.

O time inglês ainda se deu ao luxo de por o meia Gerrard em campo para pegar ritmo para o confronto da Premier League no final de semana.

Estava selado o placar. 1 a 0 Para o time inglês, e sem uma perspectiva muito boa para o treinador Juande Ramos reverter a situação adversa. Para Rafa Benítez, mais uma prova de que ele é um treinador realmente ‘‘copeiro” e , ao que tudo indica, levando os Reds para mais uma quartas-de-final na carreira.

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