sábado, 10 de outubro de 2009

No sufoco, Brasil elimina Alemanha na prorrogação e avança no Sub-20

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Por Gabriel Seixas

O Brasil está na semifinal do Mundial Sub-20. A caça ao pentacampeonato ganhou mais um capítulo importante, na cidade de Cairo, onde a nossa seleção suou, mas venceu a Alemanha por 2 a 1 na prorrogação. Nossa seleção levou um susto com um gol de Holtby, aos 28 minutos para os alemães. Maicon, atacante do Fluminense, que havia entrado no segundo tempo, empatou a dois minutos do fim do tempo regulamentar. E antes do primeiro minuto da prorrogação, ele marcou o gol da classificação brasileira, que agora enfrenta a Costa Rica na semi, mesmo adversário que a seleção bateu, na estreia, por 5 a 0.

Nossa seleção tinha três desfalques importantes. O volante Maylson, do Grêmio, estava gripado e não pôde atuar hoje. Renan foi o substituto, e sobretudo da metade do segundo tempo até a prorrogação, cumpriu seu papel muitíssimo bem. O zagueiro Rafael Tolói, do Goiás, e o volante Souza, do Vasco, estavam suspensos. Então, Rogério Lourenço promoveu as entradas do zagueiro flamenguista Fabrício na zaga, e do meia corintiano Boquita, jogando como um segundo volante, fugindo um pouco das duas características.

O jogo demonstrava uma pitada de equilíbrio desde o início. As duas seleções jogavam com esquemas muito semelhantes, o 4-2-3-1. A Alemanha era mais envolvente, com Holtby, Aydilek e Vrancic na armação, e o participativo Sukuta-Pasu na frente – este que era acionado a todo momento pelos três armadores. Então, o time começou surpreendendo, quando Aydilek entrou pela ponta esquerda e bateu pro gol. Rafael fez grande defesa.

Jogando nos contra-ataques, o time alemão tinha muita facilidade em sair pro jogo, principalmente nos passes em profundidade. Em outra boa jogada, aos 29 minutos, Sven Bender pegou na entrada da área e bateu com perigo ao gol de Rafael. A seleção canarinho respondeu no minuto seguinte: Giuliano lançou Alan Kardec, que saiu na cara do goleiro Zieler, mas bateu pra fora. Foi uma das poucas oportunidades claras do Brasil no primeiro tempo.

O último lance de perigo da primeira etapa aconteceu aos 44 minutos, numa jogada clássica do time alemão. Holtby, do Schalke 04 e principal pensador do time, encontrou Sukuta-Pasu livre, que na marca do pênalti, chutou, mas parou no goleiro Rafael, talvez a única figura positiva do Brasil na primeira etapa.

Na volta para o segundo tempo, Rogério Lourenço mexeu na equipe brasileira: tirou o lateral Douglas, que dava muitos espaços à suas costas para o time alemão jogar, e colocou Wellington Júnior, volante de origem, que foi outro que não soube compor bem o papel na ala direita.

O jogo continuava muito aberto, com as duas equipes podendo marcar um gol a qualquer momento. O Brasil assustou primeiro, numa jogada de dois atletas que, até então, chamavam pouco o jogo para si. Paulo Henrique Ganso tocou curto para Alex Teixeira, que entrou em boas condições, mas bateu por cima do gol de Zieler. Aos 8, a Alemanha respondeu em outra jogada que o Brasil demonstrava deficiência: a bola aérea. Kopplin, lateral-esquerdo que foi decisivo para a classificação alemã na fase anterior, levantou para Sukuta-Pasu na área. O atacante do Bayer Leverkusen cabeceou firme, obrigando Rafael a fazer outra defesa sensacional.

Sukuta-Pasu era mesmo o nome do time alemão. Com uma zaga desentrosada e uma ala direita fragilizada, o atacante encontrava espaços para jogar. Aos 15 minutos, ele recebeu ótimo passe de Aydilek, chegou na cara do gol, e antes que ele chutasse, Rafael saiu do gol para salvar.

Rogério Lourenço se viu obrigado a mexer mais uma vez. E essa alteração foi importantíssima para a mudança de postura do time brasileiro no jogo. O apagado Paulo Henrique Ganso deu lugar a Douglas Costa, que entrou com todo gás, incomodando com seus dribles e chutes da intermediária, e seguramente, foi um dos melhores em campo. Ele apareceu pela primeira vez aos 24 minutos, quando recebeu na ponta direita, puxou pra perna esquerda e bateu forte da intermediária. Zieler fez uma defesa inusitada, praticamente de ombro, e evitou o gol.

Mas a entrada de Douglas Costa, obviamente, não foi o suficiente para corrigir os erros de marcação brasileiros. Com isso, a Alemanha continuava encontrando espaços pra contra-atacar. Aos 26 minutos, sempre ele, Sukuta-Pasu, arriscou da entrada da área, e novamente Rafael fez grande defesa. Mas o goleiro brasileiro não pôde evitar aos 28 minutos. Aydilek fez boa trama pela esquerda, e enquanto Dalton e Fabrício batiam cabeça na área, Holtby apareceu sozinho para cabecear no contrapé de Rafael e abrir o placar.

Sem alternativa, Rogério Lourenço teve de queimar a última substituição, partindo pro tudo ou nada. Tirou Boquita, que jogou sacrificado na marcação e não jogou bem, para colocar o atacante Maicon. A alteração se viu coerente, afinal, a Alemanha passou a se fechar ainda mais na sua defesa. Mas quando partia para o contra-ataque, continuava incomodando. Vrancic, aos 33 minutos, chutou da intermediária e Rafael defendeu no susto.

Douglas Costa e Maicon colocaram fogo no jogo. O meio-campo gremista cobrou falta para o atacante do Fluminense, que livre, cabeceou fraco, mas Zieler teve trabalho para encaixar a bola. O time brasileiro já fazia por merecer o empate, quando aos 43, o gol finalmente saiu. Alex Teixeira tramou boa jogada com Giuliano no meio-campo, e deu belo passe em profundidade para Maicon. Na área, ele chutou forte e venceu Zieler, empatando a partida, que se encaminhava para a prorrogação.

E o jogo só não terminou no tempo regulamentar por um detalhe. Faltando um minuto para o fim dos acréscimos, Douglas Costa arriscou de muito longe, e acertou o travessão de Zieler, que já estava vendido no lance.

Na prorrogação, não deu tempo nem para respirar. Aos 48 segundos, Diogo fez um lançamento longo antes do meio-campo, do lado esquerdo. A bola passou por todo mundo e chegou até Maicon, dentro da área, na ponta direita. O atacante, com categoria, encobriu Zieler e virou o jogo.

Nada mais justo, afinal, o Brasil foi muito mais envolvente da metade do segundo tempo até o fim do jogo. No início da segunda etapa da prorrogação, o Brasil poderia ter matado o jogo, quando Alex Teixeira recebeu no flanco esquerdo, cortou pra dentro, e na hora de bater, lhe faltaram pernas. Acabou batendo fraco para defesa tranquila de Zieler.

Cansada, a seleção brasileira sofreu, mas manteve o placar. A Alemanha tentou ir pro tudo ou nada, terminando o jogo com três atacantes, mas não deu. Um dos jogos mais emocionantes desta edição do Mundial terminou com vitória brasileira, que chega com muita moral nas semifinais.

Falando em semifinal, a outra será disputada por Gana, que eliminou a Coréia do Sul nas quartas vencendo por 3 a 2, e Hungria, que eliminou a copeira Itália pelo mesmo placar, mas na prorrogação. Gana e Hungria jogam na terça-feira, e na quarta, o Brasil entra em campo para duelar contra a Costa Rica, que hoje venceu os Emirados Árabes, também na prorrogação, por 2 a 1.

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