domingo, 13 de junho de 2010

Alemanha dá Show e Copa tem primeira goleada

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Por Gabriel Seixas


- Muitos diriam “nem parece a Alemanha”, mas essa é a tônica de uma seleção que vive uma fase de renovação intensa. Aquela história de “jogam com o peso da camisa” é definitivamente coisa do passado. Os medalhões deram lugar a base campeã sub-21 da Europa, que conta com Özil, Podolski, Khedira, Muller e outros. Além de jovem, a seleção alemã também é altamente globalizada. Na vitória de hoje por 4 a 0 sobre a Austrália, a maior dentre todas as seleções nesta edição do Mundial, só um alemão de nascimento marcou: Muller. Os poloneses Klose e Podolski e o brasileiro Cacau marcaram os outros tentos do massacre.

- A globalização não se limita apenas a esses jogadores. O elenco ainda conta com o tunisiano Khedira, o ganês Boateng, o polonês Trochowski, o espanhol Mario Gomez e o bósnio Marko Marin. Mas isso não significa que os alemães não tenham destaque na seleção. Lahm e Schweinsteiger, por exemplo, são peças imprescindíveis a esta equipe. O primeiro, na minha opinião, foi o grande craque do jogo, infernizando o lado esquerdo defensivo da Austrália (leia-se Chipperfield), incansável. O segundo tem uma importantíssima função tática, além de ser um líder em campo, mesmo com pouca idade.

- Por outro lado, a Austrália parece muito mais frágil do que em 2006, quando chegaram às oitavas-de-final da Copa. O técnico Pim Verbeek encheu a equipe de jogadores defensivos na escalação inicial, e nem isso foi suficiente para segurar o ímpeto alemão. É mais uma prova de que, nesse caso, é o fator numérico que menos importa: é preciso saber marcar.

- A Alemanha foi muito melhor do início ao fim. No primeiro tempo, conduziu a partida com muita maestria, sempre sob a batuta de Özil, o “substituto moral” de Ballack. No primeiro gol, aos 8 minutos, a coroação de uma ótima jogada trabalhada. Da entrada da área, Özil lançou Muller, que da ponta direita, cruzou rasteiro para Podolski. O polonês acertou uma bomba de pé esquerdo, sem chances para Schwarzer, que ainda tocou na bola, mas não evitou o gol.

- Momento curiosidade: Podolski chegou a 39 gols pela seleção alemã, curiosamente o mesmo número de gols que o mesmo já fez na história da Bundesliga. Na última temporada, pelo Colônia, um desempenho decepcionante, marcando menos de cinco gols. Mas não era só Podolski que estava atrás de quebra de recordes. Aos 26 minutos, Klose aproveitou ótimo cruzamento de Lahm pela direita, e antes do goleiro Schwarzer chegar na bola, tocou de cabeça pras redes.

- Klose chegou a 11 gols na história das Copas do Mundo, sendo sete de cabeça. Na comemoração, ele fez o numero 3 com as mãos, representando o número de Mundiais em que ele já marcou pelo menos um gol. Mais do que isso, Klose está a quatro gols de se igualar a Ronaldo na artilharia de todas as Copas da história.

- O panorama ficou ainda melhor para os alemães no segundo tempo, quando Cahill acertou um carrinho violento em Podolski e acabou expulso, deixando a Austrália com dez em campo. Nos três jogos da Copa no domingo, média de um cartão vermelho por jogo. Nos oito jogos disputados até aqui, quatro expulsões. Pior para os Soccerros, que já estava perdida em campo, e acabou vendo seu único centroavante em campo ir para o chuveiro mais cedo – com ele, as esperanças de um empate também. Verbeek colocou o centroavante Rukavytsya em campo, mas este pouco fez.

- Melhor para a Alemanha, que os 23 minutos, ampliou com um golaço. Podolski cortou a defesa pelo meio e tocou curto para Muller. Dentro da área, o atacante do Bayern de Munique deu um corte seco no adversário e emendou uma finalização perfeita, rasteira, no canto de Schwarzer. Com o jogo ganho, Joachim Low aproveitou para lançar Cacau no lugar de Klose, e coube ao brasileiro completar o “chocolate” alemão (nenhum nome mais apropriado para fazer este serviço).

- Özil, que teve uma atuação de encher os olhos dos torcedores em Durban, avançou pela esquerda e cruzou rasteiro. Oportunista, Cacau só precisou dar um leve toque para marcar o último gol da partida. Sem dúvida, foi o melhor jogo e a melhor atuação de uma seleção neste Mundial. O peso da estreia parece ter representado pouco para a Alemanha, que deixa a desconfiança de lado e agora se concretiza como uma das favoritas ao titulo. A tradição é a mesma. O futebol não. E a Alemanha tem muito a ganhar com isso.

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