quarta-feira, 16 de junho de 2010

Uruguai cala as Vuvuzelas

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Por Gabriel Seixas

- Nada mais incômodo (e contraditório) para uma seleção bicampeã mundial do que não vencer uma partida em Copas do Mundo há 20 anos. Faltava algo mais para o Uruguai recuperar o brilho que um dia o credenciou como uma das maiores potências futebolísticas, e hoje, ao menos o espírito de luta e bravura da Celeste foi devidamente resgatado. Sem dar chances para a África do Sul, os uruguaios venceram por 3 a 0, e estão praticamente classificados.

- Além da mudança tática, a postura do Uruguai também foi muito diferente do jogo morno de estreia, contra a França. Com três atacantes, os principais jogadores do time, Luis Suarez e Forlán, subiram consideravelmente de produção. O primeiro talvez tenha sido o melhor em campo, com uma assistência, um pênalti sofrido e uma ótima movimentação. O segundo fez aquilo que se espera dele: gols. Os dois que marcou no jogo de hoje o colocam na artilharia isolada da Copa, consequentemente consagrando-se o primeiro jogador a marcar mais de um tento neste Mundial.

- Virtualmente eliminados, os donos da casa veem as expectativas de uma classificação cada vez mais longe. Foram 14 jogos sem derrota, mas a perda da invencibilidade foi mais dolorosa do que se imaginava. As vuvuzelas se “calaram” em Pretória. Os torcedores saíram mais cedo. Dentre outros recordes negativos, os Bafana Bafana sagram-se como a primeira seleção sede a não vencer os dois primeiros jogos de um Mundial. Nos quesitos saldo de gols e gols marcados, esta derrota é a maior que uma anfitriã já sofreu na história das Copas.

- Infelizmente, Parreira não conseguiu dar um padrão tático ao time. O 4-1-4-1 mais uma fez ficou aquém das expectativas, principalmente quando se trata do armador Pienaar, craque do time, que mais uma vez se omitiu do jogo. Parreira continua com vitórias em Copas apenas à frente do Brasil, mesmo treinando outras quatro seleções. Já os sul-africanos só podem se orgulhar de uma vitória em Mundiais, ainda em 2002, contra a Eslovênia.

- Mais sólido e insinuante, o Uruguai foi melhor no primeiro tempo. Forlán participou ativamente do jogo, e consequentemente a Celeste surpreendeu positivamente no quesito criatividade, mesmo sem um armador de oficio. Maxi Pereira e Álvaro Pereira desciam muito bem pelas alas, e o gol aos 24 minutos fez justiça ao que era a partida. Forlán recebeu na intermediária, avançou com a bola, e de longe, arriscou pro gol. A bola desviou em Mokoena e enganou o goleiro Khune, que só olhou a bola estufar as redes.

- As mais de 42 mil pessoas no estádio Loftus Versfeld tentaram acordar os Bafana Bafana, mas o time chegava com pouca frequência ao ataque. Na melhor chance, aos 42 minutos, Mphela completou cruzamento da direita, mas a bola foi pra fora. Enquanto isso, a defesa mais uma vez mostrou sinais de desorganização e inocência. Na etapa final, os uruguaios reclamaram de um pênalti em Suarez aos cinco minutos.

- No momento em que os sul-africanos cresciam na partida, o Uruguai matou o jogo de vez, aos 30 minutos. Suarez aproveitou chute lascado da intermediária, e dentro da área, dominou a bola e driblou o goleiro Khune, mas foi calçado. Pênalti claro, expulsão justa do goleiro sul-africano. O reserva Josephs, que substituiu Pienaar, acertou o canto, mas não evitou mais um gol do artilheiro Forlán – o melhor em campo através da votação popular da FIFA.

- Ainda sobrou tempo para que, nos acréscimos, o Uruguai fechasse o caixão. Inversão de jogo, Luis Suarez recebeu no flanco direito e cruzou. Josephs não achou nada, e Álvaro Pereira, livre, cabeceou pra marcar o terceiro gol. França e México completam a segunda rodada do grupo amanhã, mas duas coisas já parecem bem encaminhadas: Uruguai classificado, e os carismáticos sul-africanos precocemente eliminados na primeira Copa realizada no continente.

Próximos jogos

17/06 (Quinta-feira)

Grupo B

08:30 Argentina x Coreia do Sul (Soccer City)
11:00 Nigéria x Grécia (Bloemfontein)

Grupo A

15:30 França x México (Polokwane)

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