terça-feira, 15 de junho de 2010

Venceu, mas não convenceu

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Por Gabriel Seixas


- Pelo que foi a partida, ficou de bom tamanho. Tendo em vista o futebol pragmático de nossa seleção, soa como inocência uma expectativa de algo maior do que vimos no Ellis Park, em Joanesburgo, na vitória por 2 a 1 sobre a Coreia do Norte. Individualmente, nossa seleção ficou devendo, absolutamente contida pelo ótimo posicionamento defensivo dos norte-coreanos (sempre com, no mínimo, oito jogadores naquela faixa do campo), principalmente no primeiro tempo. A disparidade técnica entre os times é gritante, mas acabou não refletindo no placar.

- Em muitos momentos da partida, a ansiedade afetou diretamente a nossa seleção. O único jogador que foi capaz de chamar a responsabilidade para si foi Robinho, na minha opinião, o melhor em campo. Maicon teve ótima participação, sobretudo por ter marcado o primeiro gol (que soltou de vez a seleção), mas falhou no gol norte-coreano. Juan e Felipe Melo também tiveram boas apresentações, mas fica difícil esboçar alguma comemoração, sobretudo quando se analisa o adversário.

- A Coreia do Norte foi a campo num autêntico 5-4-1, sobretudo porque os laterais Cha Jong-Hyok e Ji Yun-Nam pouco se arriscaram na frente. O primeiro, que é o ala direita, tentou duas finalizações, ambas sem direção. O segundo foi mais efetivo, marcando o gol de honra da seleção aos 44 do segundo tempo. Jong Tae-Se, o Rooney Asiático, batalhou sozinho na frente e talvez tenha sido o grande destaque da partida até o intervalo.

- No primeiro tempo, muita posse de bola, poucas finalizações. Quando tocava a bola, o Brasil penetrava com facilidade a defesa adversária, mas ainda assim fazia uso dos chutões em alguns momentos. Os chutes de fora da área também eram ótimas alternativas, como observaram (e fizeram uso de tal) Elano, Robinho, Maicon e Michel Bastos.

- Surpreendentemente, a Coreia do Norte também se soltou na partida em alguns momentos. Jong Tae-Se caiu nas costas de Maicon e criava jogadas insinuantes, mas ainda assim, Julio César pouco trabalhou na etapa inicial, a não ser na hora de cobrar tiros de meta.

- Se o Brasil voltou para a etapa final sem alterações, ao menos a postura do time foi diferente, buscando o jogo pelas laterais, principalmente pela direita, com Maicon. Taticamente, Kaká foi importante, apesar de estar visivelmente sem ritmo. Na primeira jogada trabalhada da seleção canarinho, gol aos 10 minutos. Com maestria, Felipe Melo (quem diria!) lançou Elano, que passou em profundidade para Maicon. Do flanco direito, sem ângulo, o lateral enganou o goleiro norte-coreano e bateu direto, pro fundo das redes.

- Era o que precisava pro Brasil se soltar de vez na partida. Robinho arriscou um chute perigosíssimo de longa distância, mas o camisa 11 decidiu mesmo com uma primorosa assistência, aos 26 minutos. Técnica e visão de jogo foram os elementos que envolveram o passe perfeito que deixou Elano na cara do gol, que chutou cruzado e ampliou o placar.

- Com Daniel Alves, Nilmar e Ramires em campo, a seleção diminuiu o ritmo. As alterações foram corretas, porém não surtiram efeito. Resultado: nossa seleção freou o ritmo, e a Coreia do Norte, na única vez em que ameaçou Julio Cesar em todo o segundo tempo, descontou aos 44 minutos. Ji Yun-Nam entrou livre nas costas de Maicon e Lúcio, e cara a cara com Julio César, tocou na saída do goleiro brasileiro.

- Atuação burocrática, jogo de baixo nível técnico e resultado magro. Não há como não se perguntar de que serviram os excessivos treinos secretos. Entretanto, nossa seleção tem total capacidade de se recuperar durante o Mundial, principalmente se Kaká recuperar a velha forma, e Luis Fabiano voltar a marcar gols (são seis partidas consecutivas “em branco”). Sendo assim, as expectativas para o jogo contra a Costa do Marfim, no domingo, limitam-se ao que foi conquistado hoje: a vitória.

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