domingo, 8 de agosto de 2010

Galo em crise

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Por Gabriel Seixas

Botafogo 3x0 Atlético-MG. Eu poderia dedicar o texto a grande atuação coletiva dos comandados de Joel Santana, que não param de ganhar posições na tabela a cada rodada. Poderia dedicar a Maicosuel, o Mago alvinegro, que no seu retorno ao Engenhão, presenteou a torcida com um gol. Falando nela, esta crônica também poderia ser dedicada a massa botafoguense, que colocou mais de 27 mil pessoas no Engenhão. Para um estádio popularmente conhecido como “Vazião”, seguramente um feito inédito.

Entretanto, o que me deixa intrigado é o fato do time atleticano, novamente derrotado, ainda não ter se acertado à essa altura do campeonato. Eu já havia destacado aqui o quão impressionado estava com a qualidade da montagem do elenco atleticano, que assim como qualquer time, sofre com carências em algumas posições. Somado ao fato do Galo possuir um técnico vitorioso (e infelizmente desmotivado), Vanderlei Luxemburgo, concluí que era apenas questão de tempo a equipe espantar a má fase. Bola fora.

Até aqui, de nada adianta ter sido o time brasileiro que melhor se reforçou na intertemporada. Sem padrão tático, os jogadores mineiros parecem mais um bando em campo. Aqui caberiam várias definições, menos 'time'. Luxemburgo, acostumado a dirigir equipes vitoriosas, não dá sinais de que tem condições de reerguer o Galo. Sozinho realmente não haveria como ser possível, mas ao contrário do que dizem, pelo elenco que possui, poderia fazer MUITO mais.


Infelizmente, quando a fase não é boa, nada (nada mesmo) dá certo. Diego Tardelli, um dos melhores atacantes do futebol brasileiro e que está convocado para a seleção, parou de fazer gols. Obina, iluminado no início da temporada, já voltou a ser o que todos conhecem, e causando ainda mais indignação, ostentando a camisa 10. Aliás, a própria numeração do Galo já retrata a bagunça que é o time: Diego Souza, armador e principal contratação do clube para 2010, veste a camisa...1. É mole?

As atuações pífias de Diego devem mesmo ser culpa da camisa 1. Quem a vestiu antes em 2010, não tem boas recordações: Carini, Aranha, Marcelo e Fábio Costa, este o goleiro titular da atual equipe. É impressionante a quantidade de atletas que não conseguem (ou não conseguiram) se firmar na meta atleticana.

A zaga, outro problema crônico do Atlético, dispõe de jogadores como Réver (outro convocado por Mano Menezes), Lima, Cáceres, Werley e Campos. Os dois primeiros são ótimos, o terceiro e o quarto são de razoáveis pra bons e o último é limitado, porém experiente e tem Libertadores no currículo. Qualidade existe, mas falta entrosamento e um melhor encaixe, que deveria partir das ideias do vitorioso Luxa.Ainda há tempo, e talvez o Atlético possa resgatar uma fórmula que deu certo em 2006, na campanha do acesso a Série A, por exemplo: recorrer aos pratas-da-casa. No plantel atual, apenas o zagueiro reserva Werley atende a esse status. Estrutura de base os mineiros tem. Aliás, falando em estrutura, o Galo é praticamente imbatível nesse quesito no futebol brasileiro, a analisar principalmente pela qualidade da Cidade do Galo, o centro de treinamento do clube.

Pra não monopolizar o texto: grande partida do Botafogo! Goleada merecida e convincente. No reencontro com a torcida, Maicosuel deixou sua marca. Jobson não fez gol, mas com outra ótima atuação, já mostra que tem condições de ser titular. Herrera, retornando de contusão, marcou o seu de pênalti. Até Alessandro, que conseguiu a proeza de ser vaiado com um minuto de jogo, teve boa participação.Ao contrário do rival mineiro, tudo dá certo para o Botafogo. O oitavo lugar ilustra bem a ascensão dos comandados de Joel, que outrora flertavam com a zona de rebaixamento. Para tal, não foi preciso mexer no comando, por exemplo. Bastou encaixar os reforços aos poucos e padronizar o time taticamente. É justamente o que falta ao Atlético. O recado está dado. Ainda há possibilidades, mas confiar no próprio taco pode ser insuficiente na reta final.

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