sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Especial: Premier League – Inglaterra (1ª parte)

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Por Gabriel Seixas

O Esporte É Vida inaugura, aqui, uma série de especiais sobre os principais campeonatos em atividade. O primeiro a ganhar destaque é o Campeonato Inglês, que sem sombra de dúvida, é um dos principais – se não o maior – da Europa. Estamos até o momento na sétima rodada, de 38 no total. Confira as projeções dos 20 clubes participantes, como estão, e onde possivelmente chegarão até o final da temporada.

Pra variar, o super favorito Manchester United lidera a Premier. E não é pra menos: o atual bicampeão inglês sofreu com a janela de transferências, principalmente após as saídas de Cristiano Ronaldo e Tévez. Mas parece estar se virando com o que tem, e, diga-se de passagem, não é pouca coisa. Quem carrega o status de ser o principal jogador do time é Wayne Rooney, artilheiro isolado dos Red Devils na temporada com seis gols. Mas o atacante da seleção inglesa ainda sente a falta do atacante ideal para jogar no ataque ao seu lado. Poderia ser Berbatov, contratado a peso de ouro (e que ouro) na temporada passada, mas o búlgaro ainda não justificou os milhões gastos pela sua contratação, e ainda não vingou. Poderia ser Michael Owen, contratado nesta temporada. Mas o inglês, também por enquanto, não se adaptou a função de centroavante, e parece voltar a enfrentar problemas de lesões, constantes em sua carreira. Tão importante quanto Rooney é o experiente Ryan Giggs, que carrega o meio de campo do United. O galês, já com seus 35 anos, é o ponto de equilíbrio do time, e vêm decidindo vários jogos. Sir. Alex Ferguson ainda conta com vários jogadores de potencial para a meiuca, como Carrick, Hargreaves, Fletcher, Valencia e Nani. A defesa continua a mesma, cada vez mais sólida. Com a contusão do goleiro van der Sar, o jovem Bem Foster assumiu a titularidade, e não parece sentir o peso da camisa. É o time a ser batido na Inglaterra.

Com os mesmos 18 pontos do Manchester United, aparece o Chelsea, que vive uma situação curiosa na temporada. Dos nove jogos que disputou oficialmente, venceu oito. Mas apesar dos resultados positivos, ainda não é o time que empolga o torcedor. Sofre com vários problemas ofensivos: Didier Drogba parece ser o único nome confiável, e constantemente tem a companhia de Anelka na frente, e apesar das críticas, o francês vem jogando bem e fazendo gols importantes. Quem não empolga é o reserva imediato, Salomon Kalou. Mas ele tem total confiança do técnico dos Blues, Carlo Ancelotti. No meio-campo, Lampard e Ballack continuam em ótima forma, destoando várias vezes do resto do time. Essien é outro bom nome, um dos jogadores mais importantes taticamente falando da equipe. Nas laterais, apenas Ashley Cole continua firme na esquerda. Bosingwa não faz boa temporada jogando na ala direita, e seu reserva, Belletti, já começa a ser aproveitado no meio-campo. Paulo Ferreira está encostado, e também não é utilizado. De resto, é o mesmo time. O elenco é muito bom, e tem bola para jogar muito mais. Os resultados estão aparecendo, e os erros estão sendo acobertados. O time precisa ficar atento no restante das partidas, porque os adversários que vêm atrás não costumam desperdiçar pontos.

Uma fileira de times aparece com 15 pontos. Quem lidera a fila, por enquanto, é o Liverpool, outro que constantemente aparece na parte de cima da tabela. E não é pra menos. Steven Gerrard e Fernando Torres são jogadores fora de série, e não importa o jogo, sempre estão em boa forma. Fazendo companhia à Torres no ataque, aparece o holandês Kuyt, outra peça fundamental no esquema do técnico Rafa Benítez. Na lateral-direita, uma das principais contratações do time, Glen Johnson, vem correspondendo. Aliás, na opinião da pessoa que vos fala, só não é o melhor lateral-direito da atualidade porque Maicon e Daniel Alves são insuperáveis no momento. Na zaga e no meio-campo, alguns problemas. O primeiro se dá por conta da contusão de Daniel Agger, que é o companheiro habitual de Carragher na zaga. E, pra piorar, o xerifão inglês vive má fase, prejudicando o Liverpool em vários momentos. No meio-campo, a ausência de Xabi Alonso parece mais preocupante do que o esperado. O meio-campo formado por Lucas, Mascherano, Gerrard e Benayoun ainda não vingou porque o primeiro e o último não conseguem uma sequência de bons jogos. Aquilani, contratado para jogar na posição, ainda não teve oportunidades. Mas é um time que tem tudo pra crescer dentro da competição.

O intruso na parte de cima da tabela é o Tottenham, que apesar de ser um time tradicional na Inglaterra, deste não se esperava tanto nesse início de temporada. A base foi mantida, e reforços modestos, mas importantes, acabaram chegando. Já é característica do Spurs ter desfalques em vários setores da defesa, sobretudo com a dupla de zaga Woodgate e King, fisicamente muito frágil. Pra suprir esse problema, chegou o versátil Bassong, um dos poucos que se destacou na ridícula campanha do Newcastle na temporada passada. No meio-campo, o croata Kranjcar também reforçou o time, e será muito importante nos próximos jogos, pois é o nome cotado para substituir Modric, o principal jogador do time, que está contundido. No ataque, o grandalhão Peter Crouch está de volta ao clube que o revelou, mas não vai ter vida fácil para conseguir espaço no time titular. Jermain Defoe é o cara do ataque, o artilheiro do Spurs na temporada. Robbie Keane foi criticado durante o início da Premier, e quando parecia ter que amargar o banco de reservas, marcou quatro gols contra o Burnley. No meio-campo, Wilson Palacios e Aaron Lennon são os queridinhos do técnico Harry Redknapp. Taticamente, são os principais jogadores da equipe. E tecnicamente também tem bola para levar o Tottenham, no mínimo, a Liga Europa. O início alucinante de campeonato permite ao time sonhar com algo mais.

Com um jogo a menos, o milionário Manchester City também soma 15 pontos. Para apagar a frustrante temporada passada, onde o time foi apontado como candidato ao título e não chegou nem a Liga Europa, várias contratações de peso. Para o gol, chegou Shay Given, goleiro de qualidade inquestionável. Na defesa, apenas um remanescente manteve a titularidade: Micah Richards, da seleção inglesa. O novo capitão do time, Kolo Touré, foi contratado junto ao rival Arsenal. E os não menos importantes Bridge e Lescott também chegaram, completando a defesa, que ainda tem Sylvinho e Zabaleta como opções na reserva. No meio-campo, Gareth Barry chegou e já assumiu a titularidade absoluta, ofuscando até Nigel de Jong, que em alguns jogos, teve de se contentar com a reserva. Wright-Phillips e Ireland continuam firmes e fortes, convivendo com a sombra de Martin Petrov, winger esquerdo que finalmente voltou a jogar bem. No ataque, pelo menos cinco boas opções para apenas duas vagas: Tévez e Adebayor roubam a cena neste início de temporada. Péssimo para Robinho, que ainda não vingou nesta temporada, e está fortemente cotado para ser negociado com outro clube na próxima janela de transferências. Bellamy, que já estava no elenco, aparecia como o 5º nome para o ataque, mas ganhou confiança e aparece até mesmo entre os titulares. Mark Hughes ainda tem a opção de Santa Cruz, que a princípio pareceu uma contratação desnecessária nesta temporada, afinal, outros jogadores foram trazidos para essa mesma posição. Com esse elenco, dá pra brigar pelo título. Mas 2008/2009 mostrou que é necessário muito mais do que um bom plantel.

Com 12 pontos, mais três times. Dentre eles, o Arsenal, que mesmo com um jogo a menos, já dá indícios de que novamente não vai brigar pelo caneco. Uma pena, pois se trata de um time jovem e com um potencial absurdo, sobretudo do meio pra frente. Não se trata de uma novidade o time ser carregado pelo espanhol Cesc Fabregas, um dos melhores jogadores do mundo na atualidade. Mesmo com a saída de Adebayor, o setor ofensivo continua com opções variadas, e de boa qualidade: Eduardo da Silva, o brazuca naturalizado croata, é o queridinho da galera. Não menos importante é o russo Andrey Arshavin, que chegou na temporada passada, jogou muito e está mantendo o nível neste início de Premier. Como não se esquecer de Robin van Persie, o artilheiro do time. Ou até mesmo dos reservas Bendtner, este que começa a jogar bem no time profissional e não apenas na seleção dinamarquesa, e Theo Walcott, principal revelação do futebol inglês nos últimos anos. O meio-campo sofre com problemas: Diaby, titular em diversas partidas, não agrada. Song também sofre com a inexperiência. Pelo menos o time conta agora com o retorno de Rosicky, que de fato, voltou em grande estilo. Na defesa, Vermaelen foi contratado e já faz a figura de Kolo Touré não ser tão lembrada assim pelo lado dos Gunners. Mas Sagna e Clichy, jogadores de alto nível, são as maiores frustrações nas alas direita e esquerda, respectivamente, comprometendo em vários momentos o setor defensivo. Pra piorar, o goleiro titular, Almunia, e o reserva, Fabianski, estão contundidos. Mannone assumiu provisoriamente o gol, e por enquanto, não vem tendo problemas. Infelizmente, os Gunners permanecem sendo aquele time que joga bonito, unânime, mas que não briga por títulos. Arsene Wénger merecia sorte melhor.

Ao lado do Arsenal, aparece o Aston Villa, que é uma figura curiosa no Campeonato Inglês: sempre apresenta um elenco modesto, parecendo que não vai chegar muito longe, mas sempre dificulta para os grandes e chega em alguma competição internacional. Este ano tem tudo para ser o mesmo: venceu o Liverpool com autoridade, fora de casa por 3 a 1, e só perdeu duas partidas em seis jogos disputados. O time tem qualidade: os atacantes, Carew e Agbonlahor, já jogaram por suas seleções, e o time ainda conta com o experiente Heskey no banco. No meio-campo, a principal contratação do time, Downing, ainda não vingou. Mas ele não é o único a decepcionar: o zagueiro Dunne mal chegou e já é contestado pela torcida. Na contramão aparecem os meias Ashley Young e Milner, que entra ano, sai ano, continuam jogando bem. É um time modesto, e que deve surpreender.

Por fim, outro time que soma 12 pontos é o Sunderland. Não é um time tradicional, mas desfruta de uma boa quantia de dinheiro, e apesar de não ter contratado tanto quanto era esperado, vem correspondendo. O ataque dos Black Cats impressiona qualquer adversário: Jones, de Trinidad & Tobago, certamente teria vaga em clubes maiores. O seu companheiro de ataque, Darren Bent, apesar de ter sido o artilheiro do Tottenham na temporada passada, foi desprezado e colocado a venda. Azar dos Spurs, até porque ele está jogando muito no Sunderland e já é peça fundamental no time. No meio-campo, Lorik Çana, contratado junto ao Marseille, é outro que conquistou seu espaço e parece não sair mais do onze inicial. Outros jogadores, como o zagueiro Anton Ferdinand e o meia Steven Malbranque, não convivem com holofotes, mas até aqui tem sido importantes na boa campanha do time. Não deve ultrapassar a metade da tabela. Que se dêem satisfeitos por um oitavo lugar.

Na nona posição, com nove pontos aparece o Everton, que na opinião deste que vos fala, é um time que certamente crescerá na Premier League e vai figurar na parte de cima da tabela. Os Toffees tem um elenco invejável, que melhorou muito da temporada passada pra cá. Não que o de 08/09 fosse ruim, pelo contrário. Mas agora David Moyes conta com outros jogadores de nível invejável, como por exemplo, John Heitinga. O lateral-direito foi trazido a “preço de banana”, e já tomou conta da posição. O zagueiro Distin, do Portsmouth, e um dos jogadores que disputou todas as partidas da EPL na temporada passada, também chegou. E com a contusão séria de Jagielka, já virou titular. No meio-campo, o russo Bilyaletdinov é outro que está mostrando serviço. O russo se caracteriza por ser o dono das bolas paradas do time, e já deu diversas assistências a partir desse recurso. Como Arteta está contundido, ele está sendo aproveitado ainda mais. Porém, ainda é reserva, pois o quarteto Fellaini, Osman, Cahill e Pienaar é praticamente intocável. No ataque, três ótimas opções para duas vagas: Louis Saha é unanimidade entre os adeptos. Yakubu ainda não convenceu na atual temporada, e aos trancos e barrancos, vêm mantendo a posição. Que ele fique de olho, pois o brasileiro Jô, quando é acionado, corresponde. É um time que promete bastante. Se for bem dirigido, dará vôos altos na Premier League.

Em décimo lugar, aparece o Wigan, com os mesmos nove pontos do Everton. Não é o time dos sonhos, mas já provou que vai dificultar para os times grandes. Que diga o Chelsea, que perdeu a sua invencibilidade na última rodada, perdendo para o próprio Wigan. Alguns bons valores individuais devem deixar o time longe da zona do rebaixamento nesta temporada, como por exemplo, o artilheiro Hugo Rodallega. Foi muita competência da parte dos dirigentes trazer este bom atacante colombiano na temporada passada. O versátil Paul Scharner, zagueiro ou volante da seleção austríaca, é outro nome de destaque. Fiquem de olho também no lateral hondurenho Maynor Figueroa, que desfruta de algum potencial. Outro time que será importante no contexto do campeonato apenas para tirar ponto dos grandes.

Quem está chamando a atenção no início dessa temporada é o Burnley, time que fecha esta primeira parte do especial sobre a Premier League. Apesar da vitória histórica sobre o Manchester United, nesta temporada por 1 a 0, não se iludam: vai brigar pra não cair. Os Clarets tem como principal esperança o atacante David Nugent, emprestado pelo Portsmouth até o final da temporada. É um atacante limitado, que marca alguns gols e perde outros inacreditáveis. Ou seja: estes 9 pontos conquistados pelo time em 7 partidas são, de fato, ilusórios. Vai ficar na parte de baixo da tabela.

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