Por Gabriel Seixas
- Uma classificação ao estilo Flamengo: suada, sofrida, batalhada, do jeito que a torcida está acostumada. O rubro-negro até foi derrotado pelo Corinthians por 2 a 1, mas o único gol do Fla no jogo, feito por Vagner Love, garantiu a classificação pelo critério do gol marcado fora de casa. O Mengo quase pagou caro por não saber priorizar seu estilo de jogo no sistema defensivo, mas no fim, terminou fazendo festa.
- Esse já é um problema antigo, e que hoje voltou à tona com a apática atuação nos 45 minutos iniciais, fazendo a equipe ir para o intervalo perdendo por 2 a 0. Depois de ouvir uma boa bronca, o time voltou com outra postura para a etapa final, diminuindo o placar, e administrando a classificação até o final. Com sufoco, claro.
- Sem Michael no meio-campo, o técnico Rogério Lourenço (efetivado no comando após a classificação) escalou Vinicius Pacheco em seu lugar. Com apenas um armador no time, o Fla só conseguiu finalizar uma vez em todo o primeiro tempo, e sem o menor perigo. O time estava absolutamente desordenado em campo: os laterais ficaram presos, o meio-campo errava muitos passes, e os atacantes (ou Império do Amor, como queiram), isolados. O Corinthians teve seus méritos em aproveitar a apatia do adversário, mas não soube matar o jogo ainda na etapa inicial.
- Empurrado pela torcida, o Timão começou o jogo irretocavelmente. Com três atacantes, o time teve por várias vezes oportunidades de abrir o placar. Jorge Henrique completou um cruzamento de Dentinho pra fora, e Ronaldo cabeceou em cima do goleiro Bruno.
- O Corinthians tinha ampla vantagem no meio-campo, sem dificuldades até mesmo espaços para arriscar de fora da área. Pelos flancos, as jogadas mais insinuantes saíam pelo lado esquerdo de ataque, e foi por lá que o Timão começou a jogada do primeiro gol. Aos 27 minutos, Danilo cruzou pra área, e antes que Ronaldo desviasse para o gol, o zagueiro David tentou afastar a bola, mas errou o chute e mandou contra o próprio gol.
- Consideravelmente melhor em campo, o Corinthians marcou o segundo antes do intervalo. Novamente em jogada pela esquerda, cruzamento de Dentinho, e cabeçada certeira de Ronaldo, no contrapé de Bruno. O Fenômeno, ao mesmo tempo em que calava os críticos, fazia a Fiel explodir no Pacaembu. E o Flamengo via a vantagem construída no jogo de ida (vitória por 1 a 0) ir por água abaixo.
- Na volta para o segundo tempo, Rogério Lourenço promoveu uma alteração que mudaria o jogo: colocou Kleberson no lugar do apagado Vinicius Pacheco. E foi com o pentacampeão mundial que o Flamengo conseguiu um equilíbrio tático, tocando melhor a bola, e se movimentando mais. A nova postura permitiu ao time diminuir o placar ainda com cinco minutos da etapa final. Da entrada da área, Kleberson lançou Vagner Love, que tocou a bola na saída do goleiro Felipe.
- Novamente precisando de um gol, o Corinthians não conseguiu repetir o ímpeto do primeiro tempo. Até assustou em uma cobrança de falta de Chicão, aos 13 minutos, mas parou por aí. Mano Menezes percebeu a apatia de sua equipe e colocou Iarley e Jucilei em campo, nos lugares de Jorge Henrique, e inexplicavelmente de Elias, um dos melhores do time em campo àquela altura.
- Quem se aproveitou do erro foi o Flamengo, que por várias vezes teve a chance de matar o jogo. Conforme o tempo passava, os contragolpes eram cada vez mais constantes. Aos 25 minutos, Kleberson recebeu de Adriano e bateu mal, pra fora. Seis minutos depois, foi a vez de Vagner Love perder uma grande oportunidade, aos 31 minutos.
- Com Fierro no lugar de Love, o Fla adotou relativamente a postura defensiva do primeiro tempo, mas desta vez sem os erros individuais, conduzindo bem o jogo, apesar de ter tomado alguns (grandes) sustos. Aos 37, uma cabeçada de Ronaldo acertou esquisitamente o travessão, mas foi aos 46 que a Fiel não acreditou no que viu.
- Chicão cobrou falta de intermediária, no canto direito do Bruno, que já se direcionava pro esquerdo. Apesar da falha na hora de escolher o canto, o goleiro rubro-negro se redimiu em questão de milésimos, alcançando a bola espetacularmente com a pontinha dos dedos, mandando-a para escanteio. O milagre do goleiro do Fla valeu como um gol, pois evitou mais uma eliminação precoce do time em oitavas-de-final da Libertadores.
- No último minuto, o goleiro Felipe se mandou pra área, tentando ajudar o Corinthians a conseguir o terceiro gol. E o arqueiro só não matou o Timão de vez porque Kleberson, no contra-ataque, além de não ter arriscado da intermediária quando tinha a possibilidade, invadiu a área pelo flanco direito, e com o campo livre, ao invés de bater pro gol, tentou tocar pra trás e errou o passe. A torcida se irritou, mas foi só por alguns segundos. Após o apito final, a massa rubro-negra, antes de soltar o gogó, precisou respirar fundo. Foi sofrido, à lá Flamengo. O que há duas semanas parecia improvável, hoje é realidade: a possibilidade do bicampeonato da Libertadores.
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